Avaliação da severidade do Citrus tristeza virus (CTV) sob condições de estresse hídrico

Abstract

RESUMO: O Brasil é considerado um dos maiores produtores mundiais de plantas cítricas, sendo a variedade que mais se destaca, a laranja ‘Pêra’. Dentre os fatores que limitam a produtividade da cultura, estão aqueles de natureza abiótica, onde destaca-se o estresse hídrico, e biótica, envolvendo principalmente a presença de patógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do estresse hídrico sobre o Citrus tristeza virus em plantas de laranja Pêra Bianchi [Citrus sinensis (L.) Osbeck]. O experimento foi conduzido em blocos casualizados, com três repetições. Foram testados os isolados Forte Rolândia e Pêra IAC, enxertados sobre os porta-enxertos limão Cravo (Citrus limonia Osbeck) e citrumelo Swingle [Citrus paradisi Macf x Poncirus trifoliata (L.) Raf.], utilizando como indicadora o clone de laranja Pêra Bianchi (Citrus sinensis L. Osbeck) livre de vírus, e como testemunha foram utilizadas plantas livres de vírus. A irrigação das plantas foi mantida na capacidade de campo (plantas não estressadas) e a 50% da capacidade de campo (plantas estressadas), em condição controlada em câmara do tipo fitotron. Na análise dos descritores bioquímicos, os teores de proteínas totais e catalase não revelaram diferenças entre os tratamentos avaliados, enquanto a concentração de prolina mostrou diferenças significativas, com maior acumulo em plantas mantidas sob condição de estresse, enxertadas sob citrumelo Swingle. A realização do método de DAS-ELISA, onde empregou-se o antissoro policlonal e monoclonal 1006 e Ic0408, respectivamente, revelou que quando comparados os porta-enxertos, limão Cravo e citrumelo Swingle, tanto para plantas estressadas, quanto para plantas não estressadas, não houve diferenças na concentração do vírus. Em relação aos isolados avaliados, as plantas inoculadas com o isolado Forte Rolândia apresentaram maior concentração viral. Entretanto, as plantas inoculadas com o isolado Pêra IAC, mantidas em condição de estresse, também apresentaram alta concentração viral. De forma geral, as plantas estressadas apresentaram maior concentração viral. Pela análise que qRT-PCR, com amplificação do gene 3’UTR, os isolados Forte Rolândia e Pêra IAC inoculados em limão Cravo e mantidos em estresse hídrico apresentaram menores valores de amplificação da sequência gênica alvo (Cycle Threshold – Ct) do que os isolados inoculados em citrumelo Swingle. Já para a condição de não estresse, o isolado Forte Rolândia, inoculado em limão Cravo e citrumelo Swingle, apresentou menores valores de Ct do que o isolado Pêra IAC. A temperatura de dissociação (Tm) dos primers da sequência alvo não variaram entre isolado fraco e forte, mantendo-se em aproximadamente 80ºC. Para a análise de sintomas, coletou-se amostras do ramo para a avaliação de presença ou ausência de caneluras. As condições de irrigação estudadas neste trabalho não influenciaram na expressão inicial de caneluras, já que observou-se sintomas em plantas inoculadas com o isolado Forte Rolândia mantidas em capacidade de campo e em estresse hídrico. Nas plantas inoculadas com o isolado Pêra IAC, não houve expressão de sintomas.

ABSTRACT: Brazil is considered one of the world's largest producers of citrus plants, the most outstanding variety being the 'Pêra' orange. Among the factors that limit the productivity of the crop, there are those of abiotic nature, where water stress is highlighted, and biotic, mainly involving the presence of pathogens. The aim of this work was to evaluate the effect of water stress on Citrus tristeza virus in Pêra Bianchi orange plants [Citrus sinensis (L.) Osbeck]. The experiment was conducted in a randomized block with three replicates. Forte Rolândia and Pêra IAC isolates, grafted on the rootstock Rangpur lemon (Citrus limonia Osbeck) and Swingle citrumelo [Citrus paradisi Macf x Poncirus trifoliata (L.) Raf.] were tested, using as an indicator the orange clone Pêra Bianchi [Citrus sinensis (L.) Osbeck], virus-free plants were used as control. Plant irrigation was maintained at field capacity (non-stressed plants) and at 50% field capacity (stressed plants), under controlled conditions in a phytotron type chamber. In the biochemical descriptors analysis, the total protein and catalase contents showed no differences between the evaluated treatments, while the proline concentration showed significant differences, with greater accumulation in plants kept under stress condition, grafted under Swingle citrumelo. The DAS-ELISA method, where the polyclonal and monoclonal antiserum 1006 and Ic0408 were used, respectively, revealed that when the rootstock Rangpur lemon and Swingle citrumelo, both for stressed plants and for non-stressed plants, showed no difference in virus concentration. In relation to the evaluated isolates, the plants inoculated with the Forte Rolândia isolate had a higher viral concentration. However, the plants inoculated with Pêra IAC isolate, maintained under stress condition, also presented high viral concentration. In general, stressed plants showed higher viral concentration. In the qRT-PCR analysis, with amplification of the 3'UTR gene, Forte Rolândia and Pêra IAC isolates inoculated in Rangpur lemon and maintained in water stress had lower values of amplification of the target gene sequence (Cycle Threshold - Ct) than the isolates inoculated in Swingle citrumelo. As for the non-stress condition, Forte Rolândia isolate inoculated in Rangpur lemon and Swingle citrumelo showed lower Ct values than the Pêra IAC isolate. The dissociation temperature (Tm) of the primers of the target sequence did not vary between mild and severe isolate, remaining at about 80°C. For the analysis of symptoms, samples of the branch were collected for the evaluation of the presence or absence of stem pitting. The irrigation conditions studied in this work did not influence the initial expression of stem pitting, since symptoms were observed in plants inoculated with the Forte Rolândia isolate maintained in field capacity and in water stress. In the plants inoculated with the Pêra IAC isolate there was no expression of symptoms