Práticas de leitura e escrita em uma perspectiva discursiva : a constituição da autoria em textualizações verbo-visuais sobre gentileza

Abstract

RESUMO: O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de práticas de leitura e escrita discursiva que busquem a efetivação de autoria pelo sujeito-aluno. A escola, enquanto espaço de construção do conhecimento, é lugar propício para que a autoria do aluno possa se produzir. No entanto, se fazem necessárias mudanças no trabalho com a leitura e produção de textos praticadas na sala de aula, de modo que seja necessário fornecer condições de o aluno se apropriar da língua em funcionamento, reconhecendo- se como autor, assumindo essa função enquanto produtor de linguagem, a qual pode ser praticada utilizando-se de outros tipos, que não apenas a verbal. Por meio de atividades diversificadas de leitura e escrita, a partir de diferentes materialidades, dentro da perspectiva da Análise de Discurso (AD), objetivamos mobilizar a subjetividade dos alunos em práticas que imbricam a linguagem verbal, visual, musical e digital por meio de propostas de oficinas com enfoque na temática da gentileza, visto que vivemos, um momento de extremo individualismo que, muitas vezes, prejudica a convivência social, tão importante para o desenvolvimento da cidadania de crianças e adolescentes. Dessa forma, pensamos em leituras que não fiquem apenas na superficialidade do texto, mas que se liguem ao contexto sócio-histórico do aluno e, portanto, sejam mais profundas e críticas. Elaborar e discutir propostas de leitura/escrita, nas quais trabalhamos com materialidades diversas nos exigiu problematizar em que medida o ensino de línguas pode estabelecer relações com as contribuições epistemológicas da AD, o que culmina em tomar a sala de aula como um "espaço de movimentos de sentidos". Como produto final das oficinas, é proposta a produção de um vídeo Draw my life, uma vez que este se trata de um gênero multimodal integrado ao contexto do aluno atual, o qual se encontra em constante contato com ferramentas tecnológicas e digitais. A AD, como plano de fundo para as atividades propostas, nos possibilita refletir sobre como a leitura pode ser repensada e redimensionada, compreendendo a escola, a sala de aula, a linguagem e os sujeitos não como lugares fixos e homogêneos, mas sim abertos a deslocamentos e ao movimento dos sentidos. A partir das práticas descritas tanto nas oficinas de leitura quanto na produção do Draw my life, o grande desafio é de incentivar os alunos a não reproduzir os discursos dos professores e os presentes na sociedade, mas sim assumir a autoria do seu dizer; mesmo que imaginariamente, fazendo com que esse dizer seja seu, responsabilizando-se pelo que foi dito e pelo que foi silenciado.

ABSTRACT: The aim of this study is to show a proposal about discursive practices of reading and writing targeting the authorship effectuation by the student. The school, as the space of knowledge building, is a good place to allow the construction of this authorship by the students. However, some changes in the reading and production of texts in classrooms are required in order to give conditions for the student to take ownership of the language in use, allowing him to recognize himself as the author of his discourse, taking the function as the language producer, which, by its turn, can be practiced by many ways besides the verbal one. By a variety of reading and writing activities in different materialities into Discourse Analysis (DA) context, we aim to mobilize the subjectivity of students in practices that imbricate both verbal, visual, musical, and digital language throughout workshops about kindness, once we have lived in a moment of extreme individualism, which often harms the social living, that is very important for the citizenship development of children and teenagers. In this way, we though in readings that go through the superficiality of the text, but that link to the social and historic context of the student and, thus, become deeper and more criticism. Elaborate and discuss reading and writing proposals in which we can work with different materialities demanded us problematize how the language teaching can establish relations with the epistemological contributions of DA, that ended up turning the classroom in a "space of meaning moving". As a final workshops product, we proposed the production of a Draw my life video, once it represents a multimodal genre linked to the context of current student, which is found in a constant contact with technological and digital tools. The DA, as the background for the proposed activities, allows us to think about how the reading can be rethought and resized, understanding the school, the classroom, the language and the subjects not as fixed and homogenous places but opened to displacements and moving of meanings. From the described practices both in the reading workshops and in the production of the Draw my life video, the major challenge is to encourage the students to not reproduce the discourses of teachers and society but to take the authorship of their speaking even that imaginarily, turning this speak like yours and assuming the responsibility by what was said and what was silenced.