No palco e na coxia : revelando a encenação teatral como metodologia para desenvolvimento da aprendizagem organizacional

Abstract

RESUMO: Lidar com as emoções no ambiente organizacional tem sido um desafio para os gestores. Direcionar as emoções como forma de controle sobre os funcionários tem sido estratégia de algumas organizações, porém há as que compreendem que lidar com as emoções e conduzi-las como incentivo à criatividade, aprendizado e inovação pode ser uma boa alternativa de formação dos trabalhadores. Nesse processo de aprendizado e inovação a abordagem de Bente Elkjaer para a Aprendizagem Organizacional (AO), foi utilizada como pano de fundo para esta pesquisa, pois considera que não só o indivíduo e sua estrutura física estão presentes na organização, mas também seus pensamentos, sentimentos e emoções. Na ausência de uma metodologia específica para a AO, esta pesquisa buscou contribuir com uma possibilidade metodológica, inserindo elementos e técnicas de encenação teatral no processo de aprendizado nas organizações, inspirando-se na obra "A preparação do ator" de Constantin Stanislavski, autor e dramaturgo russo, como forma de proporcionar um processo de experiência que trouxesse novo significado às atividades desempenhadas pelos indivíduos e ser um canalizador das emoções. Para testar as técnicas de encenação teatral de Stanislavski para a AO foram realizadas adaptações em duas metodologias intervencionistas, o Laboratório de Mudança (LM) e a Intervenção Trans/formativa (IT), resultando na Intervenção Cênica (IC) realizada em uma indústria de cosméticos artesanais, propondo um esquema que contempla as três primeiras fases do LM (Questionamento, Análise e Modelagem) com três capítulos do livro (Questionar, Experimentar e Imaginar). As metodologias intervencionistas estão amparadas na Teoria da Atividade Histórico-Cultural, haja vista o seu caráter participativo e formativo e, considerando que são nas atividades que os seres humanos desenvolvem suas habilidades, personalidades e consciências. A IC ocorreu em 2018 e foi composta por dois períodos: 1) Planejamento e 2) Implementação. Na fase de planejamento foi identificada a necessidade de tratar aspectos relacionados ao retrabalho e ao desperdício nas atividades desenvolvidas pelas trabalhadoras da empresa. Foi criado uma equipe de trabalho composta por pesquisadores do grupo de pesquisa Mediata que auxiliaram a intervencionista na implementação e execução da IC. As sujeitas participantes da pesquisa constituíram um grupo de quatorze trabalhadoras envolvidas nas atividades administrativas e de produção. A implementação da IC ocorreu em quatorze sessões realizadas de uma a duas vezes por semana, com duração de uma hora cada. Além da busca de construção de um modelo de trabalho especifico para a organização, nos propomos a analisar a implementação de uma nova forma de aprendizagem. Cada fase da IC foi denominada de Ato. O primeiro Ato foi marcado pelo processo de Questionamento / Perguntar, com utilização dos Dados-espelho (fotos, vídeos, imagens) como segundos estímulos. O segundo Ato foi marcado pela construção do Sistema de Atividade do passado e do presente. No terceiro Ato, ocorreu o processo de Modelagem da nova forma de trabalho, onde as sujeitas foram estimuladas a Imaginar e propor soluções para as atividades operacionais, para organização e condução do trabalho. O material produzido para fins dessa dissertação passou por uma análise interpretativa baseada em Gil Flores (1994) e Gil Flores, Jiménez e Gómez (1994). É possível considerar que a IC trouxe contribuições para o processo de aprendizagem nas organizações, tendo em vista o desenvolvimento de capacidades nas sujeitas, que se tornaram mais ativas, reflexivas, criativas, críticas, questionadoras e analíticas, mas também conseguiram direcionar o olhar para a outra, ao se colocarem em outro papel, puderam desenvolver a Empatia e estabelecer novas relações, o que afetou não só as sujeitas e a organização, mas também a equipe técnica envolvida na condução da IC, pois aprendizados foram adquiridos, reflexões e possibilidades de trabalho, como uma nova forma de compreender e operacionalizar a AO

ABSTRACT: Dealing with emotions in the organizational environment has been a challenge for managers. Directing emotions as a form of control over employees has been the strategy of some organizations, but there are those who understand that dealing with emotions and driving them as an incentive to creativity, learning and innovation can be a good alternative for training employees. In this process of learning and innovation Bente Elkjaer's approach to Organizational Learning (OL) was used as a background for this research, considering that not only the individual and his physical structure are present in the organization, but also his thoughts, feelings and emotions. In the absence of a specific methodology for OL, this research sought to contribute with a methodological possibility, inserting elements and techniques of theatrical staging in the learning process in organizations, drawing inspiration from the work "The preparation of the actor" by Constantin Stanislavski, author and a Russian playwright, as a way of providing a process of experience that would bring new meaning to the activities performed by individuals and be a plumber of emotions. In order to test Stanislavski's theatrical staging techniques for OL, adaptations were made in two interventionist methodologies, the Laboratory of Change (LC) and Trans / Formative Intervention (TI), resulting in Scenic Intervention (SI) performed in a cosmetics industry proposing a scheme that contemplates the first three phases of the LC (Questioning, Analysis and Modeling) with three chapters of the book (Questioning, Experimenting and Imagining). Interventional methodologies are supported by the Theory of Historical-Cultural Activity, given its participatory and formative character and considering that in the activities human beings develop their abilities, personalities and consciences. The SI occurred in 2018 and was composed of two periods: 1) Planning and 2) Implementation. In the planning phase, it was identified the need to treat aspects related to rework and waste in the activities developed by the company's workers. A working team was created composed of researchers from the Mediata research group who assisted the interventionist in the implementation and execution of the SI. The subjects that participated in the research constituted a group of fourteen workers involved in administrative and production activities. The SI implementation occurred in fourteen sessions, one to two times a week, lasting one hour each. Besides the search for construction of a specific work model for the organization, we propose to analyze the implementation of a new form of learning. Each phase of the SI was called the Act. The first Act was marked by the Question / Question process, using Mirror Data (photos, videos, images) as second stimuli. The second Act was marked by the construction of the System of Activity of the past and the present. In the third Act, the Modeling process of the new form of work occurred, where the subjects were stimulated to Imagine and propose solutions for the operational activities, for organization and conduction of the work. The material produced for the purpose of this dissertation underwent an interpretative analysis based on Gil Flores (1994) and Gil Flores, Jiménez and Gómez (1994). It is possible to consider that SI contributed to the learning process in the organizations, with a view to the development of capacities in the subjects that became more active, reflexive, creative, critical, questioning and analytical, but also managed to direct the another, in putting themselves in another role, could develop the empathy and establish new relationships, which affected not only the subjects and the organization, but also the technical team involved in the conduction of the SI, since learning was acquired, reflections and possibilities of work , as a new way to understand and operationalize OL