Sob sol e chuva : práticas cotidianas e processos de territorialização dos trabalhadores dos semáforos da cidade de Maringá

Abstract

RESUMO: Nesta dissertação, busquei compreender como ocorrem as práticas cotidianas no processo de territorialização dos trabalhadores dos semáforos da cidade de Maringá - PR. Me alicercei teoricamente em Certeau (2014), Certeau, Giard e Mayol (2013) e Raffestin (1993), tendo em vista que considero que é a partir das práticas cotidianas que o sujeito ressignifica determinados espaços e, assim, os territorializa. Em outras palavras, o cotidiano não se trata apenas de uma rotina ou dos simples acontecimentos diários, mas ele acontece por meio dos movimentos realizados pelo homem ordinário a partir de suas práticas. A territorialização, por sua vez, é entendida como um processo pelo qual os sujeitos agem em um sistema territorial envolto por relações de poder. Para tanto, por meio de uma pesquisa de natureza qualitativa, realizei observação participante e entrevistas de história oral temática com os trabalhadores dos semáforos, entre os meses de maio e setembro de 2018. Para interpretar os dados coletados, utilizei a análise de narrativas. A análise permitiu verificar práticas de apropriação, práticas de sobrevivência, práticas de resistência, bricolagens e pequenas artimanhas no sentido de (sobre)viverem nos semáforos. Ressalto que os aspectos tempo, idade e hierarquização são fundamentais para que o trabalhador tenha poder sobre os demais e territorialize. Assim, observo que em meio às incertezas e ao preconceito que lidam diariamente, os trabalhadores resistem e fazem um uso diferente daquilo que consomem, ou seja, eles utilizam o espaço à sua maneira, por meio de táticas, estratégias, conveniências, delimitação de espaço e criação de redes, e assim constroem suas territorializações com a prática do trabalho informal nos semáforos

ABSTRACT: In this dissertation, I sought to understand how the daily practices in the process of territorialization of traffic lights workers in the city of Maringá - PR. I founded theoretically on Certeau (2014), Certeau, Giard and Mayol (2013) and Raffestin (1993), bearing in mind that I consider that it is from the daily practices that the subject resignify certain spaces and thus territorializes them. In other words, the everyday is not just a routine or simply the events of everyday life, but it happens through the movements performed by the ordinary man from their practices. Territorialization, in turn, is understood as a process by which the subjects act in a territorial system enveloped by power relations. Thus, through qualitative research, I performed participant observation and oral history interviews with the workers, between the months of May and September 2018. In order to interpret the data collected, I used narrative analysis. The analysis allowed to verify appropriation practices, survival practices, resistance practices, bricolage and small tricks in the sense of (about) living at traffic lights. I emphasize that time, age and hierarchy are fundamental for the worker to have power over the others and territorialize. Thus, I observed that in the midst of the uncertainties and prejudices they deal with daily, workers resist and make a different use of what they consume, that is, they use space in their own way, through tactics, strategies, conveniences, space delimitation and networking, and thus build their territorializations with the practice of informal work at traffic lights