Estrutura floral e natureza do Ovário Ínfero em espécies de Myrteae (Myrtaceae)

Abstract

Discussões taxonômicas e filogenéticas a respeito dos representantes de Myrteae são registradas na literatura desde muito tempo, e continuam crescendo, uma vez que os recursos usados para elucidar questões relacionadas à tribo são cada vez mais amplos e consistentes. Características anatômicas, principalmente dos órgãos reprodutivos, têm sido utilizadas na análise evolutiva e na delimitação da família como um todo, mostrando-se promissoras para o auxílio das determinações sobre as circunscrições dos grupos. Assim, o trabalho aqui apresentado teve como objetivo descrever a anatomia floral e a origem do gineceu em espécies da tribo, pertencentes a diferentes grupos, avaliando e apontando caracteres relevantes que possam contribuir com as discussões taxonômicas e filogenéticas. Botões e flores foram obtidos de coletas próprias ou dos herbários do Museu Botânico Municipal de Curitiba e da Universidade Estadual de Maringá e submetidos ao processo de reversão de herborização, para então serem analisados em microscópio ótico de luz. Os resultados observados e discutidos com os dados da literatura evidenciam algumas características promissoras para estudos filogenéticos: locais de inserção dos óvulos, número de carpelos, presença de compitum ininterrupto, tipo de arranjo dos feixes calibrosos do ovário e vascularização do perianto, assim como para estudos sistemáticos: estrutura das bractéolas, estrutura do mesofilo e quantidade de feixes calibrosos no ovário, tipo de tecido de transmissão e quantidade de feixes no estilete e ausência de cavidade secretora na antera. Os dados obtidos, quando comparados com aqueles da literatura, quanto à distribuição dos feixes calibrosos apresentaram divergências, devido à ausência de padronização durante a análise e a presença dos feixes invertidos, independente das espécies, aponta que o ovário ínfero é de origem receptacular

Taxonomic and phylogenetic discussions regarding Myrteae representatives have been recorded in the literature for a long time, and continue to grow, since that the resources used to elucidate tribe-related issues are increasingly broad and consistent. Anatomical characteristics, especially of the reproductive organs, have been used in the evolutionary analysis and delimitation of the family as a whole, showing promising for the determination of the group's circumscriptions. Thus, the present work aimed to describe the floral anatomy and the origin of gynoecium in species of the tribe belonging to different groups, evaluating and pointing out relevant characters that may contribute to the taxonomic and phylogenetic discussions. Buds and flowers were obtained from their own collections or from the herbariums of the Municipal Botanical Museum of Curitiba and Universidade Estadual de Maringá and submitted to the herborization reversion process, to be analyzed under optical light microscopy. The results observed and discussed with the data described in the literature show some promising characteristics for phylogenetic studies: ovule insertion sites, number of carpels, presence of uninterrupted compitum, type of arrangement of the ovary caliber bundles and perianth's vascularization, as well as in systematic studies: structure of the bracts, mesophyll structure and number of calibrous bundles in the ovary, type of transmission tissue and number of bundles in the style and absence of secretory cavity in the anther. The data obtained, when compared with those of the literature, regarding the distribution of the calibrated bundles presented divergences, due to the absence of standardization during the analysis and the presence of inverted bundles, independent of the species, indicates that the inferior ovary has a receptacular origin