Avaliação da adesão de biofilme em superfícies de resina acrílica revestidas por dióxido de silício : estudo in situ

Abstract

A presença de biofilme sobre próteses dentárias confeccionadas em resina acrílica, pode provocar em prazo, mau hálito e inflamação gengival. Uma superfície que dificulte a aderência microbiana pode ter um efeito benéfico. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do uso do dióxido de silício aplicado sobre a resina acrílica, na adesão de microorganismos . Foram confeccionados cento e vinte e seis blocos (5X5mm) de resina acrílica térmicamente ativada. Inicialmente, os blocos foram avaliados quanto a rugosidade superficial, por meio do perfilômetro. Todos os espécimes foram, então, aleatoriamente divididos em 2 grupos: GCT (controle) e GVL (experimental), impermeabilização com uma solução de dióxido de silício. Um espécime de cada grupo teve a superfície observada em microscopia eletrônica de varredura, e dois espécimes de cada grupo, aleatoriamente selecionados, tiveram análise do ângulo de contato para verificar a hidrofobicidade do material. Num segundo momento, foram confeccionados dispositivos palatinos de resina acrílica para 20 voluntários, contendo 6 amostras, 3 de cada grupo (N=60), para uso durante 2 dias. Após esse período foi quantificado o biofilme formado através de ensaios avaliando a atividade metabólica mitocondrial pela redução do sal tetrazólio (XTT), e biomassa total através de ensaio com cristal violeta (CV). Os resultados foram submetidos ao teste de normalidade de Barllet e modelo Gamma com efeito aleatório para a variável resposta. A atividade metabólica produzida pelos microrganismos no biofilme sobre os blocos tratados com o dióxido de silício foi significativamente menor que aquela produzida sobre os blocos controle (p=0,02). Com relação a quantidade de matriz extracelular produzida pelos microrganismos (pelo método do CV) não houve diferença entre o GCT e o GVL. Conclui-se que a aplicação de uma camada de revestimento a base de dióxido de silício sobre a resina acrílica termicamente ativada reduziu a atividade do biofilme polimicrobiano formado in situ. Este procedimento pode ser vantajoso em pacientes portadores de próteses totais convencionais ou protocolos sobre implantes confeccionados em resina acrílica e que apresentam dificuldade motora para realizar a higienização das mesmas.

The presence of biofilm on the acrylic resin dental prostheses may cause, over time, bad breath and gingival inflammation. A surface that hinders microbial adherence can have a beneficial effect. The objective of this study was to evaluate the influence of the silicon dioxide applied on the acrylic resin in the adhesion of microorganisms. One hundred and twenty blocks (5X5mm) of thermally activated acrylic resin were made. Initially, the blocks were evaluated for surface roughness, using the profilometer. All specimens were then randomly divided into 2 groups: GCT (control) and GVL (experimental), waterproofing with silicon dioxide (LiquidGlass Shield, TOPTEK Equip. Ltda). One specimen from each group had the surface observed in scanning electron microscopy, and two specimens from each group, randomly selected, had contact angle analysis to verify the hydrophobicity of the material. Secondly, acrylic resin palatine devices containing 6 samples, 3 of each group (N = 60) were made and 20 volunteers used them for 2 days. After this period, the biofilm formed by assaying the metabolic activity with reduction of phenylamino and XTT, and total biomass through the crystal violet (CV) assay, were quantified. The results were submitted to the Barllet normality test and Gamma model with random effect for the response variable. The metabolic activity produced by the microorganisms (XTT) in the biofilm on the blocks treated with the bioglass was significantly lower than that produced on the control blocks (p = 0.02). Regarding the amount of extracellular matrix produced by the microorganisms (by the CV method) there was no difference between the GCT and the GVL, since the "p" value was at the border of the level of significance (p = 0.05). It was concluded that the application of a coating layer based on silicon dioxide on the thermally activated acrylic resin reduced the activity of the polymicrobial biofilm formed in situ. This procedure may be advantageous in patients with conventional full dentures or protocols on implants made of acrylic resin and which present motor difficulties to carry out the hygiene of the prosthesis.