Briófitas em um fragmento de Floresta Atlântica na cidade de Maringá, Paraná, Brasil

Abstract

A Mata Atlântica é considerada um dos 34 hotspots mundiais, devido à grande diversidade de espécies e, ao mesmo tempo, alto nível de degradação, causado por desflorestamentos e exploração antrópica, restando apenas 12,5% de sua formação original. As briófitas, em geral, são plantas de porte pequeno, com ausência de lignina, criptogâmicas, avasculares, com a geração gametofítica predominante em relação à esporofítica, estando dividida em três Divisões: Marchantiophyta, Bryophyta e Anthocerothophyta. Para o Brasil estão citadas 1.524 espécies de briófitas, das quais 1.337 são encontradas na Mata Atlântica, que é considerado o Domínio Fitogeográfico brasileiro mais rico em briófitas. No Paraná estão citadas 541 espécies de briófitas, mas pouco se conhece da brioflora da região Norte paranaense, com raros registros em herbários. Maringá, cidade situada nesta região, encontra-se nos Domínios da Mata Atlântica, com o tipo de vegetação Floresta Estacional Semidecidual Submontana na forma de vários fragmentos florestais no seu perímetro urbano, com destaque para o Parque do Ingá, local sob grande pressão antrópica, mas também com áreas de floresta relativamente bem preservadas. Com o objetivo de realizar o levantamento da brioflora do Parque do Ingá, as amostras foram coletadas em diversos tipos de substratos e microambientes do Parque, seguindo-se os métodos indicados para briófitas e posteriormente, acervadas no Herbário HUEM. Foram encontradas 95 espécies, reunidas em 52 gêneros e 31 famílias. Destas, 66 espécies pertencem a Bryophyta, agrupadas em 37 gêneros e 20 famílias; 28 a Marchantiophyta, reunidas em 52 gêneros e 11 famílias. As famílias com maior riqueza florística foram Fissidentaceae, Lejeuneaceae e Hypnaceae. O gênero de Bryophyta com maior riqueza foi Fissidens Hedw., e de Marchantyophyta foi Lejeunea Lib. As espécies com maior frequência, nas amostras, foram Lejeunea laetevirens Nees & Mont., seguida de Isopterygium tenerum (Sw.) Mitt., Helicodontium capillare (Hedw.) A. Jaeger e Isopterygium tenerifolium Mitt. Quanto ao Índice de Similaridade, em relação a outros trabalhos em fragmentos urbanos, os que se mostraram mais similares foram de Caxias do Sul (RS) (0,1814) e Juiz de Fora (MG) (0,1783), relativamente equidistantes de Maringá. Nove espécies de briófitas foram consideradas como novas ocorrências para o estado do Paraná, sendo elas: Brachymenium consimile (Mitt.) A. Jaeger, Calymperes erosum Müll. Hal., Entodontopsis leucostega (Brid.) W.R. Buck & R.R. Ireland, Fissidens gardneri Mitt., Lophocolea mandonii Steph., Neckeropsis foveolata (Mitt.) Broth., Pinnatella minuta (Mitt.) Broth., Platygyriella densa (Hook.) W.R. Buck, Plagiochila tenuis Lindenb. A brioflora do Parque do Ingá mostrou-se rica, quando comparada a outras de ambientes similares. A riqueza de espécies encontrada, em sua maioria com frequência rara (presente apenas entre 1-3 amostras), mostrou-se como reflexo da diversidade de microambientes locais, caracterizando o Parque do Ingá como de grande importância para a conservação da biodiversidade paranaense

The Atlantic Forest is one of the 34 hotspot in the world due to its great diversity of species and high level of environmental degradation. This degradation is caused by deforestation and human exploitation, remaining only 12.5% of the original forest. In general, bryophytes are small plants without lignin, cryptogamic, avascular, with gamethophytic generation predominant in relation to sporophyte, and they are divided into three groups: Marchantiophyta, Bryophyta and Anthocerothophyta. In Brazil, 1.524 species of bryophyte are registered, of which 1.337 inhabit the Atlantic Forest. In this way, this phytogeographic domain is considered the richest in bryophites in Brazil. The state of Paraná presents 541 species of bryophyte, however few studies is about bryoflora in the northern region of Paraná, and there are rare herbarium records The city of Maringá is located in this region, in the Atlantic Forest domain, specifically under the influence of the phytoecological formation of the Seasonal Semideciduous submontane Forest. Maringá presents several fragments in its urban perimeter, with emphasis on one Park: Parque do Ingá. This park is under great anthropic pressure, however, with well-preserved areas inside. The goals was to developing an inventory of bryoflora from the Parque do Ingá, following the methods indicated for bryophytes, 178 samples were collected on different types of substrates and microenvironments of the park, and deposited at HUEM Herbarium. 95 species were identified in 52 genera and 31 families. Of these 66 of them belong to Bryophyta, grouped in 37 genera and 20 families. The other 28 species are Marchantiophyta, gathered in 52 genera and 11 families. The richest families were Fissidentaceae, Lejeuneaceae and Hypnaceae. The genus of Bryophyta with greatest riches was Fissidens Hedw., And of Marchantyophyta was Lejeunea Lib. The most frequent species in the samples were Lejeunea laetevirens Nees & Mont., followed by Isopterygium tenerum (Sw.) Mitt., Helicodontium capillare (Hedw.) A. Jaeger and Isopterygium tenerifolium Mitt. Similarity Index, in relation to other works in urban fragments, the most similar ones were Caxias do Sul (RS) (0.1814) and Juiz de Fora (MG) (0.1783), relatively equidistant from Maringá, although considered relatively low. The nine species considered as a new occurrence for Paraná were: Brachymenium consimile (Mitt.) A. Jaeger, Calymperes erosum Müll. Hal., Entodontopsis leucostega (Brid.) W.R. Buck & R. R. Ireland, Fissidens gardneri Mitt., Lophocolea mandonii Stephani, Neckeropsis foveolata (Mitt.) Broth., Pinnatella minuta (Mitt.) Broth., Platygyriella densa (Hook.) W.R. Buck, Plagiochila tenuis Lindenb. The bryoflora of the Parque do Ingá was representative when compared to other places in similar environments. The diversity of microenvironments was directly related to the number of species recorded, mostly with rare frequency, characterizing the Parque do Ingá as of great importance for the conservation of the Paraná biodiversity