A influência da posição na rede de relacionamentos nas respostas organizacionais em face à complexidade institucional das cooperativas de crédito

Abstract

As cooperativas de crédito são integrantes do Sistema Financeiro Nacional, prestam serviços financeiros aos seus associados. Elas se diferenciam de outras instituições financeiras acerca do lucro. O banco busca maximizar o lucro para seus acionistas, e a cooperativa de crédito procura aumentar os benefícios para seus associados. Além de que a cooperativa de crédito é norteada por princípios, e regulamentada por diversas leis, circulares e resoluções. As cooperativas de crédito operam num ambiente repleto por diversas lógicas institucionais, o que o torna complexo. As lógicas institucionais auxiliam as organizações a compreenderem seus papéis na sociedade, proporcionando sentido à suas atividades, porém em alguns casos as lógicas podem criar contradições. Essas contradições podem ser denominadas como complexidade institucional. No ambiente das cooperativas de crédito existem diversas lógicas, por exemplo, a Bancária e a Desenvolvimento, que em diversos casos entram em conflito. E para responder a complexidade institucional, existem diversas possibilidades de respostas organizacionais. Além disso, faz-se necessário compreender como o posicionamento na rede de relacionamentos das cooperativas (centralidade e periferia) afetam suas respostas organizacionais em face à complexidade, pois organizações periféricas podem responder à complexidade de forma diferente daquela que se encontra no centro da rede. Assim, este trabalho tem como objetivo compreender como a posição na rede de relacionamentos pertencentes à Sicredi Paranapanema PR/SP influenciou as respostas organizacionais daquelas cooperativas em face à complexidade institucional. Teoricamente esta pesquisa esta fundamentada em duas abordagens, a primeira é a teoria institucional e a segunda é a teoria de redes sociais, em que foram desenvolvidas proposições teóricas para discutir os resultados. No que tange aos procedimentos metodológicos se dividiu em duas etapas para atingir o objetivo desta pesquisa. A primeira etapa foi de cunho quantitativo, em que se realizou o mapeamento das 24 cooperativas pertencentes à Sicredi Paranapanema, obtendo-se assim, a centralidade e a periferia na rede de relacionamento das cooperativas. A segunda etapa foi cunho de qualitativo, em que realizou um estudo de caso comparativo em quatro cooperativas de crédito, duas cooperativas centrais e duas cooperativas periféricas. Realizou-se oito entrevistas, com gerentes das agências, gerentes de negócio de pessoa jurídica e o assessor de comunicação da Sicredi Paranapanema. A partir disso, realizou-se uma análise de conteúdo categórica, as categorias foram separadas em duas famílias e vários subgrupos. Os resultados evidenciaram que o ambiente das cooperativas de crédito são permeados por diversas lógicas institucionais: a estatal, a bancária, a de desenvolvimento, a social, a comunitária, a comercial e a agrícola. A partir da descrição da complexidade institucional, identificou-se as respostas organizacionais que foram: a aquiescência, compromisso, manipulação, sensibilização, mudança incremental, radical e a combinação de lógicas centrais e periféricas. Ademais, foi possível concluir que o posicionamento na rede de relacionamento influenciou nas respostas, pois as cooperativas centrais do nosso estudo apresentaram respostas mais incrementais. Enquanto as cooperativas periféricas respondem mais radicalmente, pois buscam melhorar seu posicionamento na rede de relacionamento. Em suma, as cooperativas periféricas provocam pressões institucionais por mudanças, porém essas mudanças são efetivadas e consolidadas pelo centro da rede de relacionamentos

Credit cooperative are members of the National Financial System, providing financial services to their members. They differ from other financial institutions in matter of profit. The bank seeks to maximize profits for their shareholders, and the credit cooperative looks to increase benefits for their members. In addition to that the credit cooperative is guided by principles, and regulated by many laws, circulars and resolutions. Credit cooperatives operate in an environment replete with various institutional logics, which makes it complex. Institutional logics help organizations to understand their roles in society, giving meaning to their activities, but in some cases the logics can create contradictions. These contradictions can be named institutional complexity. In the credit cooperative environment, there are several logics, for example Banking and Development, which in several cases conflict themselves. And to respond to institutional complexity, there are several possibilities for organizational responses. In addition, it is necessary to understand how the positioning in the social network of cooperative (centrality and periphery) affects their organizational responses to complexity, since peripheral organizations can respond to complexity differently from the one in the center of the network. Thus, this work aims to understand how the position in the social network belonging to Sicredi Paranapanema PR/SP influenced the organizational responses of those cooperatives in the face of institutional complexity. Theoretically this research is based on two approaches, the first is institutional theory and the second is the theory of social network, in which theoretical propositions were developed to discuss the results. Regarding the methodological procedures, it was divided in two steps to reach the objective of this research. The first stage was quantitative, in which the mapping of the 24 cooperatives belonging to Sicredi Paranapanema was carried out, thus obtaining the centrality and the periphery in the cooperative network. The second stage was qualitative; in which a comparative case study was carried out in four credit cooperatives, two central cooperatives and two peripheral cooperatives. Eight interviews were conducted with agency managers, corporate business managers and Sicredi Paranapanema's communications advisor. From this, a categorical content analysis was performed; the categories were separated into two families and several subgroups. The results showed that the credit cooperative environment is permeated by several institutional logics: state, banking, development, social, community, commercial and agricultural. From the description of the institutional complexity, we identified the organizational responses that were: acquiescence, commitment, manipulation, sensibility, incremental and radical change and the combination of central and peripheral logics. In addition, it was possible to conclude that the positioning in the social network influenced the responses, since the central cooperatives of our study presented more incremental responses. While the peripheral cooperatives respond more radically, as they look to improve their position in the network. In short, the peripheral cooperatives provoke institutional pressures for change, but these changes are effected and consolidated by the center of the network