O cotidiano e a territorialização dos velhos em uma asilo da cidade de Maringá

Abstract

Esta dissertação trata da temática dos velhos que vivem nos asilos, a partir dos temas do cotidiano e da territorialização. O novo contexto de vida e de trabalho das famílias brasileiras exigiu novas alternativas para o cuidado e moradia dos velhos, e uma dessas alternativas são os asilos, tanto públicos quanto privados, que surgiram para suprir esta demanda. Entretanto, é necessário compreender mais a fundo como ocorre a adaptação destes velhos nas instituições de acolhimento, no sentido de contribuir com uma melhor qualidade de vida para essas pessoas. Assim, o objetivo principal deste estudo é o de compreender como acontece o processo de territorialização dos moradores de um asilo da cidade de Maringá a partir de suas práticas cotidianas. O cotidiano é mais do que simplesmente os acontecimentos do dia a dia, o cotidiano acontece pelas práticas dos sujeitos ordinários, pessoas comuns que constroem o seu lugar no espaço em que estão inseridas (CERTEAU, 2012). E a territorialização é compreendida nesse estudo como a maneira pela qual as pessoas atribuem significados aos espaços em que estão imersos (TUAN, 1983; HAESBAERT; PORTO-GONÇALVES, 2006; CLAVAL, 2007; HAESBART; LIMONAD 2007), uma vez que os velhos que vão para o asilo precisam territorializar um novo espaço. Foram utilizadas, para o alcance dos objetivos desta dissertação, as técnicas de observação participante e da história oral de vida. Os resultados mostram que, mesmo de forma quase invisível, os velhos moradores do asilo se utilizam de diversas práticas, tais como estratégias, táticas e conveniências para territorializar o espaço que habitam. As histórias de vida, por sua vez, mostram que as dificuldades ou não de se adaptarem ao asilo e o modo com que territorializam e simbolizam o espaço em que estão inseridos estão em um nível mais pessoal e íntimo de cada um do que com as atividades e práticas oferecidas pelo asilo. Por fim, concluo que não somente as práticas cotidianas atuais dos velhos estão relacionadas com as ações de territorialização, mas tudo o que já foi vivido por estes indivíduos no passado, seus costumes, suas tradições, e principalmente, o modo pelo qual lidaram anteriormente com suas perdas, suas mudanças e suas relações familiares, influenciam no processo de territorialização dos velhos no asilo

This dissertation deals with the theme of the old people who live in the asylums using the themes of daily life and territoriality. The new context of Brazilian family life and work demanded new alternatives for the care and housing of the elderly. One of these alternatives is the public and private asylums that have emerged to meet this demand. However, it is necessary to understand more deeply how the adaptation of these old people occurs in the host institutions, in order to contribute to a better quality of life for these people. Thus, the main objective of this study is to understand the territorialization of the old people living in an asylum in the city of Maringá from the study of the daily life of these people. The everyday is more than simply the events of everyday life, everyday life happens through the practices of ordinary subjects, ordinary people who build their place in the space in which they are inserted (CERTEAU, 2012). And, territoriality is understood in this study as the way in which people attribute meanings to the spaces in which they are immersed (TUAN, 1983; HAESBAERT, PORTO-GONÇALVES, (2007), since the old people who go to the asylum need to territorialize a new space. Participant observation techniques and oral history of life were used to understand these elements. The techniques of participant observation and oral life history were used to achieve the objectives of this dissertation. The results show that, even in an almost invisible way, the old residents of the asylum use a variety of practices, such as: strategies, tactics and conveniences to territorialize the space they inhabit. Life histories, on the other hand, show that the difficulties of adapting to asylum and the way they territorialize and symbolize the space in which they are inserted are at a more personal and intimate level of each one than with the activities and practices offered by asylum. Finally, I conclude that not only the present day-old practices of the old are related to the actions of territorialization, but everything that has been lived by these individuals in the past, including their customs, their traditions, and above all, the way in which they dealt with their losses, their changes and their family relations, influence the process of territorialization of the old in the asylum