Ontogênese seminal de espécies do grupo Eugenia (Myrtaceae, Myrteae)

Abstract

A inclusão dos gêneros de Myrteae nas subtribos Eugeniinae, Myrciinae e Myrtinae O. Berg foi por muito tempo fundamentada, dentre outras características, no tipo de embrião. Entretanto, as filogenias moleculares combinadas a caracterísitcas morfológicas não sustentam esta circunscrição e sete grupos informais são propostos, sendo os gêneros de Eugeniinae incluídos nos grupos Eugenia (Eugenia, Calycorectes, Hexachlamys e Myrcianthes) e Plinia (Siphoneugena, Neomitranthes, Plinia e Myrciaria). A última proposta de circunscrição do grupo Eugenia inclui Myrcianthes no clado 1, o mais basal e as espécies de Eugenia nos clados 2 a 9, além de Hexachlamys e Calycorectes sinonimizados neste último gênero. O conhecimento da estrutura seminal pode revelar reversões ou paralelismos nos estados deste caráter de uso potencial e seguro nas filogenias. Assim, descreve-se a ontogênese seminal de espécies incluídas em seis dos nove clados do grupo Eugenia: Myrcianthes pungens (1), Eugenia pyriformis (4), E. longipedunculata, E. uniflora (5), E. subterminalis (7), E. paracatuana, E. repanda (8) e E. hiemalis (9). Botões, flores e frutos em diferentes estágios de desenvolvimento foram processados e analisados segundo técnicas usuais em anatomia vegetal. Os resultados observados e discutidos com os dados descritos na literatura evidenciam que as características promissoras a serem incluídas em estudos filogenéticos do grupo Eugenia são: a curvatura do óvulo, o número de tegumentos, a formação da micrópila, a presença de paquicalaza e pericalaza, o grau de fusão dos cotilédones, bem como a origem das estruturas secretoras no embrião. A gradativa esclereficação do tegumento é verificada em direção aos clados mais derivados, bem como o desaparecimento da mesotesta aerenquimática, configurando-se como bons caracteres a serem explorados em estudos futuros

The circunscription of the Myrteae genera in three subtribes sensu O. Berg (Eugeniinae, Myrciinae and Myrtinae) has been a long time based, among other characteristics, on the embryo type. However, the molecular phylogenies combined to morphological features do not support this construction and seven informal groups are proposed. The Eugeniinae genera have been included in Eugenia group (Eugenia, Calycorectes, Hexachlamys and Myrcianthes) and Plinia group (Siphoneugena, Neomitranthes, Plinia and Myrciaria). The last proposal in the Eugenia group circusncription includes Myrcianthes species in the clade 1, the most basal and the species in clades 2 to 9, with Hexachlamys and Calycorectes synonymised in Eugenia. The knowledge of the seed structure can reveal reversals or parallelism in this character state and make its use potential and safe in phylogenies. Thus, it has been described the seed ontogeny of species included in six of the nine clades of the Eugenia group: Myrcianthes pungens (clade 1), Eugenia pyriformis (clade 4), E. longipedunculata, E. uniflora (clade 5), E. subterminalis (clade 7), E. paracatuana, E. repanda (clade 8) and E. hiemalis (clade 9). Floral buds, flowers in anthesis and fruits in different development stages were processed and analyzed by usual techniques of plant anatomy. The observed and discussed results with data reported in the literature show that the promising features to be included in phylogenetic studies of Eugenia group are: the ovule curvature, the number of integuments, constitution of the micropyle, the presence of pachychalaza and perychalaza, the degree of the cotyledonous fusion, and the origin of the secretory cavities in the embryo. The gradual lignification of the integument and the disappearance of the aerenchymatic mesotesta is verified towards more derived clades, becoming this characters good to be explored in future studies