Mudanças socioambientais no município de Engenheiro Beltrão, Paraná com base na história de vida dos moradores e documentos de época

Abstract

RESUMO: O município de Engenheiro Beltrão se localiza na mesorregião Centro Ocidental do Paraná e foi colonizado pela Sociedade Técnica Colonizadora Engo Beltrão Ltda. O fluxo colonizador que atingiu o município, fez com que no espaço de tempo entre 1950-1960 o território estivesse quase que completamente desmatado. Objetivando compreender as mudanças socioambientais do município até a atualidade, fez se um levantamento de dados através de entrevista e documentos. O foco central do trabalho foi delimitado de acordo com o processo de compra das terras, as culturas agrícolas, o clima, a fauna, a vegetação e o uso de agrotóxicos. A história ambiental é uma reconstrução do passado, mas contada no presente e por ser uma área relativamente nova, são encontrados poucos trabalhos sobre essa ótica, todavia, muitos trabalhos acabam utilizando-se da sua ótica, uma vez que é impossível explicar fenômenos naturais sem atrelá-los ao ser humano. As pesquisas dessa área ainda são pontuais e propensa para maiores centros, uma vez que estes possuem muitos arquivos sobre suas memórias. Portanto utilizou-se da memória dos pioneiros para auxilia a remontar o esquema histórico, incutindo os atores das ações na história propagada. Para tal empreita, utilizou-se de técnicas da história oral, avaliação de fontes iconográficas e matérias de jornais criando-se um retrato histórico do município de 1930 a 2017. As informações foram posteriormente comparadas com outros dados para respaldar as informações obtidas. As entrevistas seguiram o método semi-diretivo, ou seja, o entrevistado respondeu sobre os temas livremente, com intervenções mínimas. Ao termino de cada entrevista o depoimento foi transcrito de forma literal. Os entrevistados assinaram uma Carta de Cessão de Direitos. As fotografias que compõem o acervo iconográfico foram descritas e avaliadas em seu contexto histórico. Foram efetuadas nove entrevistas com pioneiros que variam sua chegada entre 1935 e 1971, com a maioria na década de 1950. Os resultados permitiram traçar um esboço das mudanças socioambientais do município. O processo de compra, de um modo geral era a vista, excetuando-se um entrevistado que alegou a compra a prazo. Os terrenos adquiridos estavam recobertos de vegetação natural que foram derrubadas para dar lugar as lavouras. O café, a hortelã e o milho configurariam a paisagem rural no município até meados de 1960, quando a política governamental de mecanização e as intempéries climáticas fariam com que as commodities ganhassem espaço na lavoura comercial do munícipio. Nessa época viriam também os insumos agrícolas e o maquinário, que mudariam a relação de trabalho rural e diminuição na quantidade de estabelecimentos rurais pequenos, causando concentração fundiária. Faz se notar na pesquisa que, para o município, não seria a geada negra de 1975 a responsável pela diminuição do café. Na década de 1980 a cana-de-açúcar passaria a fazer parte da realidade beltrãoense, dividindo as áreas agriculturáveis com a soja e o milho. Tal relação perduraria até 2013, com a falência da indústria sucroalcoeeira que estava instalada no município. Com sua saída as áreas de cana-de-açúcar estão diminuindo, sendo reocupadas pelo soja e milho

ABSTRACT: The municipality of Engenheiro Beltrão is located in the western central mesoregion of Paraná and was colonized by the Engo Beltrão Ltda. The colonizing flow that reached the municipality, made that in the space of time between 1950-1960 the territory was almost completely deforested. In order to understand the socio-environmental changes of the municipality up to the present time, a survey of data was conducted through interviews and documents. The central focus of the work was delineated according to the process of land purchase, agricultural crops, climate, fauna, vegetation and the use of agrochemicals. Environmental history is a reconstruction of the past, but it is counted in the present and because it is a relatively new area, few works are found on this optics, however, many works end up using their optics, since it is impossible to explain natural phenomena without link them to the human being. Surveys in this area are still punctual and prone to larger centers, as they have many files about their memories. Therefore it was used of the memory of the pioneers to help to reassemble the historical scheme, instilling the actors of the actions in the propagated history. In order to do so, we used oral history techniques, evaluation of iconographic sources and newspaper articles, creating a historical portrait of the municipality from 1930 to 2017. The information was then compared with other data to support the information obtained. The interviews followed the semi-directive method, that is, the interviewee answered on the subjects freely, with minimal interventions. At the end of each interview the testimony was transcribed literally. Respondents signed a Letter of Assignment of Rights. The photographs that compose the iconographic collection were described and evaluated in their historical context. Nine interviews were carried out with pioneers who vary their arrival between 1935 and 1971, with most in the 1950s. The results allowed to outline the socio-environmental changes of the municipality. The buying process, in general, was the view, with the exception of a respondent who claimed the term purchase. The lands acquired were covered with natural vegetation that were felled to give way to the crops. Coffee, peppermint and corn would configure the rural landscape in the municipality until the middle of 1960, when the governmental policy of mechanization and the climatic intempéries would cause that the commodities gained space in the commercial agriculture of the municipality. At that time also came the agricultural inputs and the machinery, which would change the rural labor relation and decrease in the quantity of small rural establishments, causing land concentration. It is noted in the research that, for the municipality, it would not be the black frost of 1975 that was responsible for the decrease of coffee. In the 1980s sugarcane would become part of the Beltrão reality, dividing the agricultural areas with soy and corn. This relationship would last until 2013, with the bankruptcy of the sugar and alcohol industry that was installed in the municipality. With its exit the areas of sugar cane are diminishing, being occupied again by the soy and corn