As influências das construções identitárias das branquitudes na definição da temática racial como tema de pesquisa : Um estudo com pesquisadoras brancas e pesquisadores brancos na área de Administração

Abstract

Resumo: O objetivo deste estudo foi compreender como os elementos identitários presentes no processo de constituição racial branca (branquitude) das pesquisadoras e pesquisadores influenciam na escolha dos seus respectivos objetos de pesquisa dentro da temática de relações raciais na área de administração. Nesta pesquisa discutimos as influências das branquitudes nas relações sociais brasileiras, observando o processo de construção de suas identidades raciais na academia brasileira de Administração. A escolha de tal temática decorreu da lacuna teórica e empírica de pesquisas existente na área de Administração em relação a temática proposta nesse trabalho. Os estudos sobre raça no campo da administração por muito tempo foram considerados incipientes, principalmente se comparado a outras áreas no âmbito das ciências sociais e humanas, como História ou Antropologia. Entretanto, ao longo do tempo, pesquisadoras e pesquisadores da área estão apresentando interesse sobre o tema. Contudo, estes estudos, em sua maioria se atentam a discussões em que o negro e a negritude são o foco, deixando o branco e a branquitude como tópicos de análises secundárias. Isto significa que o termo branquitude, como foco de análise, ainda é pouco discutido nas pesquisas desenvolvidas em Administração no País. Em termos teóricos, discutiremos aspectos da constituição das relações raciais no Brasil enfatizando o pensamento eugenista, a ideologia do branqueamento, destacando como o mito da democracia racial brasileira pautou a tentativa de universalização do ideal branco no país. Também discutiremos o conceito de branquitude e seus impactos nas análises organizacionais. A natureza da pesquisa é qualitativa. Foram convidadas e convidados a participarem de nosso estudo como sujeitos de pesquisa, pesquisadoras brancas e pesquisadores brancos da área de administração que já publicaram trabalhos dentro da temática de relações raciais. A pesquisa de campo foi realizada em duas etapas. Primeiramente, com o aporte metodológico de uma bibliometria identificamos e caracterizamos as publicações sobre a temática racial na área de Administração a partir de estudos publicados no Brasil, considerando os periódicos eletrônicos indexados na base e os anais de eventos realizados pela ANPAD. Para as análises dos resultados dessa primeira fase do estudo, utilizamos a estatística descritiva, onde foi possível tanto a identificação de participantes para o estudo, quanto a caracterização bibliométrica do tema de pesquisa. Após a escolha e identificação destes sujeitos, destacamos que, para a coleta do material empírico, utilizamos entrevistas em profundidade. Nessa segunda fase da pesquisa, quatro pessoas aceitaram participação no estudo. O conjunto de narrativas foi analisado de forma interpretativa, através da utilização do método hermenêutico dialético proposto por Minayo (2004). Sendo assim, nesse estudo, a contribuição teórica foi trazer ao centro do debate sobre relações raciais os privilégios advindos da branquitude, o que possibilitará preencher uma lacuna existente nos estudos que por muito tempo naturalizaram o lugar de norma racial dado ao branco, por este não ser visto e nem se enxergar como um grupo social racializado.

Abstract: The research objective in this work will be to understand the white indemnity constitution process (whiteness) of the researchers on the theme of race relations in the administration area. In this research we will discuss the influence of whiteness in Brazilian social relations, observing the construction of their racial privileges. The choice of such theme resulted from the theoretical and empirical research gap in the area of Administration in relation to the theme proposed in this work. Studies on race in the field of administration for a long time were considered incipient, especially when compared to other areas in the social and human sciences, such as history or anthropology. However, over time, researchers and researchers in the area are showing interest on the subject. However, most of these studies focus on discussions in which blackness is the focus, not whiteness. This means that the term whiteness is still little explored in research conducted in administration in the country. Therefore, in this study, the theoretical contribution will be to unveil the silencing effects of the term whiteness in the context of race relations. We will also address how eugenicist thinking was constituted in Brazil from the ideology of whitening, highlighting how the myth of Brazilian racial democracy guided the attempt to universalize the white ideal in the country and investigations on whiteness. The nature of the research will be qualitative. They will be invited to participate in our study as research subjects, researchers and white researchers in the field of administration who have already published works within the theme of race relations. At this stage, we will divide our methodological procedures into two stages. First, we will focus on the choice of research subjects. In this step, we will use bibliometrics as a methodological contribution in order to identify these subjects in the electronic journals SPELL and ANPAD. After choosing and identifying these subjects, we highlight that, for the collection of empirical material, we will use the in-depth interview. To achieve the objectives of this study, the exploratory character will be adopted as a methodological contribution of the investigation. The set of narratives and field notes will be analyzed in an interpretative way, it will also be used for qualitative analysis, studies that have an empirical basis, aiming at understanding conceptual categories that make it possible to identify whether the research subjects see themselves as racialized beings. The object of research will be the privilege, observed in the whiteness. The interviews sought to collect the perceptions of each interviewee about race, whiteness and privileges. These interviews, added to the experiences and perceptions of the researcher in the field and their records will compose the empirical part of the study.