Back to Haiti : discriminação e preconceito no acolhimento e integração de haitianos na cidade de Maringá –PR

Abstract

RESUMO: Quando caminhamos pela cidade de Maringá - PR, observamos a presença de um grande número de imigrantes haitianos que estão no país em busca de uma vida melhor. Contudo, ainda é pouco conhecida a origem desses imigrantes, suas necessidades, anseios e entendimento. Cabe, portanto, investigar como esses imigrantes estão sendo incorporados à sociedade Maringaense, refletindo as problemáticas que envolvem a estigmatizacão e preconceitos enfrentados por esses indivíduos. O presente estudo tem por objetivo refletir sobre as formas de discriminação e preconceitos raciais sofridos por haitianos e seus reflexos no processo de acolhimento e inserção na sociedade, com o principal propósito de analisar qual a percepção que os migrantes haitianos têm a respeito da discriminação racial existente no Brasil e como ela se reproduz também em Maringá. A partir da concepção de preconceito racial apresentada na fundamentação da pesquisa e da técnica de pesquisa qualitativa, foi possível realizar uma interpretação crítica e reflexiva das diversas particularidades resultantes das narrativas de trajetórias de sete haitianos que vivem na cidade e que participaram do estudo. Tal pesquisa utilizou-se para a coleta de dados, a observação participante,entrevistas semiestruturadas individuais, assim como informações vinculadas pela mídia através de matérias de jornais e revistas. Assim, verificamos que os estigmas que são associados aos haitianos também à cor da pele, servem como instrumentos dos dominantes para desqualificar, discriminar e até inferiorizar. Estigma que é pautado pelo racismo que existe enraizado e culturalmente praticado na sociedade brasileira e que em um primeiro momento tende a associar estes imigrantes com categorias raciais relacionadas aos brasileiros negros. A partir das observações realizadas, é possível identificar a presença do racismo recreativo e estrutural praticado com esses migrantes e que o perfil das desigualdades raciais que se apresenta é aquele que procura manter a organização hierárquica do período escravista, ao delimitar o lugar que cada grupo racial deve ocupar na estrutura socioeconômica da cidade

ABSTRACT: When we walk through the city of Maringá - Pr, we observe the presence of a large number of Haitian immigrants who are in the country in search of a better life. However, the origin of these immigrants, their needs, desires and wisdom is still little known. It is therefore necessary to investigate how these immigrants are being incorporated into Maringaense society, reflecting the problems surrounding the stigmatization and prejudices faced by the Haitian immigrant. The present study aims to reflect on the forms of discrimination and racial prejudice suffered by Haitians in the city of Maringá and its reflexes in the welcoming and insertion process in society, with the main purpose of analyzing what the perception that Haitian immigrants have about racial discrimination in Brazil and how it is also reproduced in the city of Maringá. From the conception of racial prejudice presented in the foundations of the research and the qualitative research technique, it was possible to carry out a critical and reflective interpretation of the various particularities resulting from the narratives of the trajectories of eight Haitians who live in the city of Maringá and who participated in the study. Such research was used for data collection, participant observation, individual semi-structured interviews, as well as information linked by the media through newspaper and magazine articles. Thus, we find that the stigmas that are associated with Haitian migrants also with their skin color, serve as instruments of the dominant to disqualify, discriminate and even lower, a stigma that is guided by the racism that exists rooted and culturally practiced in Brazilian society and that in a first, it ends up associating these immigrants with existing racial categories about black Brazilians. From the observations made so far, it is possible to perceive the presence of recreational and structural racism practiced with migrants and that the profile of racial inequalities that presents itself is one that seeks to maintain the hierarchical organization of the slavery period, by delimiting the place that each racial group should occupy in the socioeconomic structure of the city