Ondas e ressacas do feminismo de Estado no Brasil : ativistas institucionais em contexto de mudança

Abstract

RESUMO: O ativismo institucional, repertório de ação política caracterizado pela atuação de militantes de movimentos sociais na burocracia estatal, foi adotado por diversos movimentos sociais no Brasil, principalmente a partir da redemocratização do país, como forma de concretização de demandas. Entre estes, parcelas de movimentos feministas também passaram a buscar vias de luta por direitos para além das instâncias tradicionais de representação e dos repertórios característicos da ação direta. Nesse trabalho, destacamos resultados e momentos importantes do processo de institucionalização das demandas feministas no Brasil e utilizamos empiricamente da análise de distintas trajetórias de mulheres que atuaram enquanto ativistas institucionais para um estudo exploratório sobre como elas estão lendo e experimentando as mudanças políticas recentes que apontam para o desmonte das conquistas e para o fechamento do Estado à interlocução com movimentos sociais. Embora a origem dessas mudanças remonte a um período anterior, consideramos que a partir do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT), em 2015, elas começam a incidir mais diretamente sobre as conquistas feministas. Nesse sentido, recuperamos as teóricas feministas, principalmente aquelas que teorizaram sobre o "Feminismo de Estado", e os estudos sobre movimentos sociais, para captar o impacto do contexto atual na atuação de femocratas e nas conquistas institucionais do feminismo nesse momento em que Estado e Movimentos progressistas se distanciam mediante o avanço da agenda conservadora

ABSTRACT: Institutional activism, a repertoire of political action characterized by the performance of militants of social movements in the state bureaucracy, was adopted by several social movements in Brazil mainly due to the redemocratization of the country, as a way of fulfilling demands. Among these, portions of feminist movements also began to seek ways of fighting for rights beyond the traditional instances of representation and the characteristic repertoires of direct action. In this work, we highlight results and important moments in the process of institutionalization of feminist demands in Brazil and empirically use the analysis of different paths of women who have acted as institutional activists for an exploratory study on how they are reading and experiencing the recent political changes that point to the dismantling of conquests and to the stop of the dialogue between State and social movements. Although the origin of these changes goes back to an earlier period, we consider that from the second term of Dilma Rousseff (PT), in 2015, they begin to focus more directly on feminist conquests. In this sense, we recover feminist theorists, especially those who theorized about "State Feminism", as well as studies on social movements, to capture the impact of the current context on the performance of femocrats and on the institutional conquests of feminism at this time when the State and Movements become distant due to the advance of a conservative agenda