Uma análise empírica da duração das exportações brasileiras para Argentina, Chile e Estados Unidos

Abstract

RESUMO: O objetivo dessa pesquisa foi verificar os efeitos da composição e concentração da pauta de exportação brasileira por intensidade tecnológica na dinâmica temporal e na duração desse fluxo comercial com a Argentina, China e Estados Unidos entre 2000 e 2017. A hipótese inicial foi de que composição e concentração da pauta de comércio bilateral por intensidade tecnológica amplia a duração das exportações domésticas para Argentina, China e Estados Unidos entre 2000 e 2017. Foram utilizadas duas metodologias distintas de análise de sobrevivência: o joint model ou painel de sobrevivência e os modelos discretos probit, logit e clog-log. Nos modelos contínuos, utilizou-se as distribuições de Wibull e exponencial no joint model. Para os modelos discretos, considerou-se o probit, logit e clog-log em dados em painel de efeitos aleatórios. Foi usado também o estimador de Kapler-Meier para analisar os efeitos da composição da pauta de exportação brasileira por conteúdo tecnológico na dinâmica temporal e na duração desse fluxo comercial com três parceiros comerciais analisados. Em geral, o comércio brasileiro com a Argentina se caracterizou pela exportação de bens de maior valor agregado e a importação de produtos agrícolas e de baixo valor agregado. Por outro lado, as transações com a China e Estados Unidos se pautaram na venda de mercadorias agrícolas e de baixo valor agregado e na aquisição doméstica de bens de alto valor agregado. Os resultados sugerem que os modelos discretos apresentam melhores resultados nas estimativas, especialmente o clog-log. Além disso, a composição e concentração da pauta de exportação bilateral, taxa de câmbio real efetiva, produto interno bruto e a existência de uma experiência, a priori na concretização dos fluxos comerciais bilaterais por parte do Brasil intensificam e promovem a duração das exportações domésticas para cada parceiro comercial. No entanto, a quantidade corrente e o valor inicial exportados também contribuíram para o prolongamento das exportações domésticas para a Argentina, China e Estados Unidos de 2000 a 2017, embora de forma modesta por causa da magnitude dos parâmetros estimados. Já a variável de associação dos modelos no painel de exportação na duração, também demonstrou efeito positivo na prossecução das exportações domésticas com cada parceiro comercial. Essa variável também sugere que os modelos de dados em painel e de sobrevivência podem ser utilizados em conjunto. Os múltiplos spells e o tempo incrementam a continuidade das vendas de produtos domésticos na Argentina, China e Estados Unidos em cerca de 67,96% entre 2000 e 2017. O intercepto evidenciou o efeito de dependência negativa no comércio bilateral brasileiro com seus principais parceiros comerciais. Ademais, a hipótese inicial deste trabalho de que a composição da pauta de comércio bilateral por intensidade amplia a duração das exportações domésticas foi corroborada somente para o setor de média-alta tecnologia nos fluxos comerciais bilaterais com os três parceiros comerciais. O índice Herfindahl-Hirschman e a participação relativa também colaboraram de forma positiva com a duração das exportações nacionais para Argentina, China e Estados Unidos, indicando que a concentração desse fluxo comercial por intensidade tecnológica amplia o comércio bilateral com esses parceiros comerciais.