Moeda e poder no tratado monetário de Nicolás de Oresme (1320-1382)

Abstract

RESUMO: Esta pesquisa busca analisar o tratado monetário de Nicolás de Oresme, intitulado originalmente De origine, natura, jure et mutationibus monetarum ou simplesmente De Moneta em algumas edições, traduzido para o português como Pequeno Tratado da Primeira Invenção das Moedas e publicado em 2004 no Brasil. Seu autor ocupou um papel de grande importância no contexto do reinado de Carlos V de França, sendo um proeminente conselheiro do rei em assuntos estratégicos, bem como nas decisões relativas à moeda circulante, onde seu tratado monetário adquire importância. Como clérigo, Oresme ocupou diversos cargos na hierarquia da Igreja, traduzindo importantes obras do latim para o francês. Enquanto um dos intelectuais mais influentes de seu contexto, Oresme deixou em suas obras evidentes traços da influência do pensamento de Aristóteles e São Tomás de Aquino, bem como de seu preceptor na Universidade de Paris, Jean Buridan. Escrito entre 1355 e 1358, De Moneta revela as preocupações do autor em relação à questão monetária no reino de Carlos V, mergulhado no longo conflito entre a França e a Inglaterra, chamado pela historiografia de Guerra dos Cem Anos. A principal preocupação de Oresme referia-se aos frequentes episódios de desvalorizações monetárias levadas a cabo pelo monarca francês e o impacto que tais medidas podiam causar sobre a sociedade e o reino da França no contexto da crise do século XIV. O pensamento econômico de Nicolás de Oresme, expresso em seu tratado, possui considerável importância enquanto uma contribuição para o nascimento do pensamento econômico moderno e da economia enquanto ciência, sendo um exemplo suas contribuições para o que ficara conhecido como a Lei de Gresham. Sua obra também possui importância enquanto elemento histórico, pois contribui para a elucidação de um contexto onde as monarquias europeias, em processo de consolidação, buscam angariar poder através da regulação monetária, entendida enquanto uma importante ferramenta estratégica para a condução dos projetos políticos monárquicos

ABSTRACT: This research aims to analyze the monetary treatise of Nicole Oresme, originally entitled De origine, natura, jure et mutationibus monetarum or simply De Moneta in some editions, translate into Portuguese as Pequeno Tratado Monetário da Primeira Invenção das Moedas and published in 2004 at Brazil. It’s author occupied a role of great importance in the context of Charles V’s reign of France, being a proeminent advisor of the king on strategic issues and in decisions concerning the current money, where his monetary treatment becomes important. As clergyman, Oresme occupied several positions in the Church’s hierarchy, translating important works from latin into french. As one of the most influential intellectuals of the context, Oresme had left in his works evident traces of the thought of Aristotle and St. Thomas Aquinas, as well as her preceptor at the University of Paris, Jean Buridan. Written between 1355 and 1358, De Moneta reveals the concerns of the author regarding the monetary question in the reign of Charles V, submerged in the long conflict between France and England, called by the historiography The Hundred Years’ War. The main concern of Oresme refers to the frequently monetary debasements taken by the French monarch and the impact of those actions could cause on the society and the reign of France in the context of the XIV century. The economic thought of Nicholas of Oresme, expressed in his treatise, has considerable importance as a contribution to the birth of the modern economic thought and economics as a science, being an example his contributions to the what had been know as Gresham’s Law. His work also has importance as a historical element, it contributes to the elucidation of a context where the european monarchies in the process of consolidation, seeks to raise power through the monetary regulation, understood as an important strategic tool for driving the monarchical political projects