Viver, lutar, comer : um estudo sobre a resistência de Margarida Maria Alves e a organização das lutas pelo direito à alimentação no Brasil

Abstract

Resumo: O Brasil, anos após sair do mapa da fome, agora retorna com índices de insegurança alimentar que foram encontrados em 2008-2010. Através de dados do IBGE, observo que existe uma parcela da população que sofre em maior proporção o dia a dia da fome; e em regiões rurais o problema se agrava. Esse perfil é formado majoritariamente por mulheres, que acabam recebendo menores salários e ocupam mais trabalhos informais. O legado de Margarida Maria Alves ajuda a entender como a violência se expressa como caminho, o qual as relações de poder são estabelecidas. Desse modo, a sua história de vida, se apresenta como inspiração de luta para várias organizações brasileiras, que lutam contra a violência no meio rural, violência de gênero, insegurança alimentar, direitos e garantias das trabalhadoras rurais, por mais qualidade de vida e outras lutas. Assim, para acessar essa realidade, foi necessário buscar por uma perspectiva interseccional, onde foi possível refletir sobre o fenômeno de maneira que abarcasse todo a complexidade e cruzamentos que ele apresenta. Nesse sentido tive por objetivo neste trabalho compreender como gênero influenciou a organização de luta de Margaria Alves para a efetivação do Direito à Alimentação no Brasil. A partir disso, o estudo se apresenta como uma pesquisa de caráter qualitativa, descritiva e como método de pesquisa para acessar o campo utilizei o método biográfico. O trabalho contribui com o campo dos estudos organizacionais ao destacar a necessidade de incorporação da categoria fundiária às análises organizacionais, trazendo os debates sobre o contexto rural, sobretudo a luta pela terra. Também contribui com a área ao evidenciar a necessidade da incorporação de reflexões sobre a organização de mulheres no contexto rural, além do desenvolvimento de estudos que abarquem a questão da fome e a insegurança alimentar no Brasil. Por fim, uma reflexão metodológica sobre como as pesquisas podem utilizar o método biográfico para produzir outras histórias, não só os estudos organizacionais descritos por homens de forma hegemônica. Mulheres escrevendo sobre mulheres e para mulheres

Abstract: Years after leaving the hunger map, Brazil returns now to food insecurity rates found in 2008-2010. Based upon the data obtained from the Brazilian National Institute of Geography and Statistics (IBGE), I noticed there is a part of the population that suffers in greater proportion the day to day of hunger; and in rural regions the problem is worsened. This profile is formed mostly by women, who end up receiving lower salaries and occupying more informal jobs. Therefore, the legacy of Margarida Maria Alves helps to understand how violence is expressed as a way of establishing power relations. In this way, her life story presents itself as an inspiration for the struggle for several Brazilian organizations, which fight against violence in rural areas, gender violence, food insecurity, rights and guarantees of rural workers, for better quality of life and others fights. Thus, to access this reality, it was necessary to look for an intersectional perspective, from which it was possible to reflect on the phenomenon in a way that encompassed all the complexity and intersections that it presents. In this context, my objective in this work was to understand how gender influenced the organization of struggle of Margarida Alves to ensure Right to Food in Brazil. Based on that, the study presents itself as a qualitative, descriptive research and as a research method to access the field I used the biographical method. The work contributes to the field of organizational studies by emphasizing the need to incorporate the land category into organizational analyses, bringing up debates on the rural context, especially the fight for land. It also contributes to the area by highlighting the need to incorporate reflections on the organization of women in the rural context, in addition to the development of studies that cover the issue of hunger and food insecurity in Brazil. Finally, a methodological reflection on how research can use the biographical method to produce other stories, not just organizational studies described by men in a hegemonic way. Women writing about women and for women