Análise da resposta imune da mucosa intestinal e das alterações celulares e teciduais no jejuno durante o período inicial da infecção oral por Toxoplasma gondii

Abstract

RESUMO: Toxoplasma gondii é um parasito intracelular obrigatório que infecta células nucleadas em hospedeiros homeotérmicos. A infecção pelo parasito em hospedeiros suscetíveis pode levar a complicações como: inflamação intestinal grave, encefalite toxoplásmica e alterações oculares. Tendo em vista a importância das complicações clínicas e sua associação com a imunidade, avaliamos os eixos relacionados à severidade da infecção. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi analisar a imunidade da mucosa intestinal e os efeitos do início de uma infecção toxoplásmica sobre os tecidos intestinais incluindo o sistema nervoso entérico. Para isso, ratos receberam por via oral 5.000 oocistos (Cepa ME-49, Genótipo II) de T. gondii e foram mantidos infectados por 6, 12, 24 e 72 horas. No artigo I, a ativação da resposta imune ao T. gondii foi evidenciada pela produção de óxido nítrico e proliferação celular. A presença de infiltrado inflamatório e citocinas pró-inflamatórias no jejuno comprova esta ativação. Ao mesmo tempo que a resposta inflamatória é ativada, a anti-inflamatória está presente com produção de IL-10 por células das placas de Peyer. Apesar da microbiota poder participar da ativação da produção de IL-10, certa dependência da cascata inflamatória na ativação foi evidente. Dessa forma, mostramos como ocorre a resposta imune na mucosa, evidenciando que a resposta inflamatória ativa a regulação da resposta imune já nas primeiras horas de infecção. No artigo II, avaliamos alterações morfológicas no jejuno. Foi observada atrofia jejunal e hipertrofia de parede intestinal. Esta última, parece estar associada à presença de infiltrados inflamatórios, mas a hipertrofia foi convertida em atrofia durante os períodos analisados, evidenciando um papel das camadas do intestino na adaptação às mudanças mediadas pela infecção. O epitélio mostra características de regeneração tecidual, pela morfologia dos enterócitos que revela um perfil imaturo. Possivelmente, ocorre mudança na composição do muco, pois as células caliciformes produtoras de mucinas neutras e sialomucinas reduzem seu número ao longo da infecção. O plexo mientérico é atingido pela infecção, com redução no número de neurônios e células da Glia bem como atrofia neuronal. Portanto, nosso estudo contribui com os conhecimentos acerca da resposta imune da mucosa frente à infecção oral e dos efeitos da infecção intestinal no jejuno

ABSTRACT: Toxoplasma gondii is an obligate intracellular parasite that infects nucleated cells in homeothermic hosts. The parasite infection in susceptible individuals leads to complications such as: severe intestinal inflammation, toxoplasmic encephalitis and ocular changes. Considering the importance of clinical complications and their association with immunity, we evaluated the axes related to the severity of the infection. Thus, the aim of this study was to analyze the intestinal mucosal immunity and the effects of the onset of toxoplasmic infection on intestinal tissues including the enteric nervous system. For this, rats received orally 5,000 T. gondii oocysts (ME-49 strain, genotype II) and were kept infected for 6, 12, 24 and 72 hours. In the paper I, the activation of the immune response to T. gondii was evidenced by the production of nitric oxide and cell proliferation. The presence of inflammatory infiltrate and proinflammatory cytokines in the jejunum proves this activation. At the same time that the inflammatory response is activated, the anti-inflammatory is present with production of IL-10 by cells of Peyer's patches. Although the microbiota could participate in the activation of IL- 10 production, some dependence of the inflammatory cascade on activation was evident. In this way, we showed how the mucosal immune response occurs, evidencing that the inflammatory response activates the regulation of the immune response since the first hours of infection. In the paper II, we evaluated the morphological changes in the jejunum. A jejunal atrophy and intestinal wall hypertrophy were observed. This appears to be associated with the presence of inflammatory infiltrate, but the hypertrophy was converted into atrophy during the periods analyzed, evidencing a role of the bowel layers in adapting to the changes mediated by infection. The epithelium shows characteristics of tissue regeneration by the morphology of enterocytes that reveals an immature profile. Possibly, alteration in the mucus composition occurs because the goblet cells producing neutral mucins and sialomucins reduce their number throughout the infection. Myenteric plexus is affected by infection, with reduction of the number of neurons and Glial cells as well as neuronal atrophy. Therefore, our study contributes with knowledge about the mucosal immune response to oral infection and the effects of intestinal infection on the jejunum