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Autor(es): Coutinho, Fernanda Gabriela de Andrade
Orientador: Nascimento, Maurício Reinert do
Título: "Viver é uma entrega!" : construção de justificativas morais na estruturação do mercado
Banca: Silva, Izabela Domingues da
Banca: Robinson, Rodrigo
Banca: Bueno, Zuleika de Paula
Banca: Borges, William Antonio
Banca: Nogami, Vitor Koki da Costa
Banca: Souza, José Paulo de
Palavras-chave: Sociologia econômica;Economia compartilhada;Empreendorismo
Data do documento: 2023
Editor: Universidade Estadual de Maringá
Citação: COUTINHO, Fernanda Gabriela de Andrade. "Viver é uma entrega!" : construção de justificativas morais na estruturação do mercado. 2023. 157 f. Tese (doutorado em Administração) - Universidade Estadual de Maringá, 2023, Maringá, PR.
Abstract: Resumo: Os serviços de entrega de alimentos com base em aplicativos cresceram substancialmente no Brasil em 2020, destacando-se entre outros países da América Latina com uma participação de quase 50% deste mercado, o que pode ser explicado principalmente pela pandemia da Covid-19. Entre as empresas existentes, uma delas se destacou, seja pelo número expressivo de entregas mensais, seja pelas intensas campanhas de comunicação em diversos meios de comunicação, a saber, a Ifood. A Ifood foi criada no Brasil em 2011. Vale ressaltar que na última década, vários modelos de negócios foram estabelecidos dentro da chamada economia compartilhada, tais como plataformas de entrega de alimentos, que se comprometem a proporcionar conveniência para o consumidor e oportunidade de trabalho flexível para os entregadores, através do uso de tecnologias intermediando as transações entre os participantes deste processo. Mas este novo cenário também levantou algumas questões sobre como este sistema tem sido construído ao longo do tempo, fundamentado na narrativa do "bem comum" que tem servido para alimentar uma lógica por trás de sua operação, com escolhas baseadas na meritocracia que se sustentou dentro do discurso neoliberal. Iniciamos a discussão a partir da perspectiva da economia como um projeto moral. Os mercados estão inseridos na moralidade, onde os valores morais promovem, sustentam e limitam as práticas de mercado. A ordem do mercado é sustentada por convenções compartilhadas através de regras formais, estruturas culturais e a rede de atores. Como a economia não é neutra, não é possível separar mercado e moralidade. Neste contexto, a pergunta que orienta esta tese é: Como são construídas as narrativas morais que justificam o modelo de delivery de comida por aplicativos? Desenvolvemos três argumentos: (i) a narrativa da economia compartilhada, que resulta no bem comum e estabelece relações entre os diferentes atores; (ii) a narrativa dos benefícios da tecnologia, que permite o acesso e processos de troca mais eficientes; e (iii) a narrativa do empreendedorismo e da meritocracia, que traz mais opções para os atores participarem do sistema, e oferece trabalho flexível para os entregadores. Para respondermos a questão proposta realizamos uma pesquisa qualitativa, por meio de uma pesquisa documental, com dados secundários, utilizando documentos, reportagens, materiais informativos e publicitários, sites e redes sociais. Também realizamos treze entrevistas semi-estruturadas com entregadores, consumidores e restaurantes. A análise dos dados foi interpretativa, com a utilização os Atlas ti.23, por meio da análise de conteúdo. Os resultados mostram que as três narrativas se sustentam e possibilitam a operação de delivery por aplicativos. No entanto, são os benefícios da tecnologia e a flexibilidade que se estabelecem no discurso dos atores e reforçam nos entregadores a ideia do delivery por apps como algo opcional e que pode trazer benefícios financeiros. Mas os dados mostram a relação desigual que acaba sendo estabelecida, onde os entregadores, identificados como a parte mais frágil desse sistema de delivery, que não fazem parte de fato do "comum" acabam sendo os mais prejudicados. Deste modo, esse novo modelo implementado, apesar das facilidades proporcionadas que de certa forma melhoram o processo de entrega por meio da tecnologia, trouxe consequências socioeconômicas significativas, contribuindo para aumento da informalidade e precarização do trabalho dos entregadores
Abstract:App-based food delivery services grew substantially in Brazil in 2020, standing out among other Latin American countries with a share of almost 50% of this market, which can be explained mainly by the Covid-19 pandemic. Among the existing companies, one of them stood out, either for the expressive number of monthly deliveries or for the intense communication campaigns in various media, namely, Ifood. Ifood was created in Brazil in 2011. It is noteworthy that in the last decade, several business models were established within the so-called sharing economy, such as food delivery platforms, which are committed to providing convenience for the consumer and flexible work opportunities for food delivery workers, using technologies intermediating transactions between participants in this process. But this new scenario also raised some questions about how this system has been built over time, based on the narrative of the "common good" that has served to feed a logic behind its operation, with choices based on meritocracy that was sustained within neoliberal discourse. We started the discussion from the perspective of the economy as a moral project. Markets are embedded in morality, where moral values promote, sustain, and constrain market practices. The market order is underpinned by shared conventions through formal rules, cultural structures, and the network of actors. As the economy is not neutral, it is not possible to separate the market and morality. In this context, the question that guides this thesis is: How are the moral narratives that justify the model of food delivery by apps constructed? We develop three arguments: (i) the narrative of the sharing economy, which results in the common good and establishes relationships between different actors; (ii) the narrative of the benefits of technology, which allows for more efficient access and exchange processes; and (iii) the narrative of entrepreneurship and meritocracy, which brings more options for actors to participate in the system and offers flexible work for deliverers. To answer the proposed question, we carried out qualitative research, through documentary research, with secondary data, using documents, reports, informational and advertising materials, websites, and social networks. We also conducted thirteen semi-structured interviews with deliverers, consumers, and restaurants. Data analysis was interpretative, using Atlas ti.23, through content analysis. The results show that the three narratives support each other and enable the application delivery operation. However, it is the benefits of technology and flexibility that are established in the speech of the actors and reinforces the idea of delivery by apps as something optional that can bring financial benefits. But the data show the unequal relationship that ends up being established, where deliverers, identified as the most fragile part of this delivery system, who are not part of the "common" end up being the most harmed. In this way, this new model implemented, despite the facilities provided that somehow improve the delivery process through technology, brought significant socioeconomic consequences, contributing to an increase in informality and precariousness of the work of deliverers
Descrição: Orientador: Prof. Dr. Maurício Reinert do Nascimento
Tese (doutorado em Administração) - Universidade Estadual de Maringá, 2023
URI: http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/7878
Aparece nas coleções:3.7 Tese - Ciências Sociais Aplicadas (CSA)

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