Avaliação laboratorial de pacientes com doença de Chagas crônica dez anos após o tratamento etiológico

Abstract

RESUMO: O controle de pacientes com doença de Chagas crônica tratados etiologicamente é um desafio pela complexidade do curso da infecção, pelas limitações dos métodos laboratoriais disponíveis e pela necessidade de um longo período de acompanhamento. Neste trabalho foram avaliados 36 pacientes com doença de Chagas crônica tratados há pelo menos dez anos com benznidazol, utilizando os métodos de imunofluorescência indireta (IFI) enzimaimunoensaio (ELISA), hemocultura e reação em cadeia da polimerase (PCR). Títulos da IFI iguais ou inferiores a 160 foram observados em 15 (41,6%) pacientes antes e em 33 (91,7%) após o tratamento (p=0,0095). A ELISA permaneceu reagente para 34 (94,5%) pacientes após o tratamento e em dois (5,5%) houve discordância entre os conjuntos diagnósticos Wiener e Bioschile e também em relação aos resultados da IFI. A hemocultura foi negativa para 35 (97,2%) pacientes, sendo que dez foram positivos antes do tratamento. Resultados negativos na PCR ocorreram em 29 (80,5%) pacientes e em 14 (38,9%) também se observou queda de 2 a 4 títulos na IFI. A PCR foi positiva em sete pacientes, sendo que cinco mantiveram o título na IFI e um apresentou hemocultura positiva. Após o tratamento os títulos mais baixos em elevado número de pacientes, a queda de títulos em um percentual importante, juntamente com a negativação da PCR e da hemocultura, indicam tendência à cura e a relevância de utilizar diferentes métodos para o acompanhamento pós-terapêutico

ABSTRACT: The control of patients with chronic Chagas' disease treated etiologically is a challenge by the complexity of the course of infection, the limitations of laboratory methods available and the need of a long period of monitoring. In this study thirty-six patients with chronic Chagas' disease treated for at least ten years with benznidazole were evaluated using indirect immunofluorescence (IIF), enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA), hemoculture and polymerase chain reaction (PCR) methods. Titers of IIF equal to or lower than 160 were observed in 15 (41.6%) patients before and in 33 (91.7%) after treatment (p = 0.0095). ELISA remained reagent for 34 (94.5%) patients after treatment and in two of them (5.5%) there was disagreement between the Wiener and Bioschile diagnostic kits as well as the results of IIF. The hemoculture was negative for 35 (97.2%) patients, while ten were positive before treatment. Negative results in PCR occurred in 29 (80.5%) patients and in 14 (38.9%) there was also a fall from 2 to 4 titers in IIF. PCR was positive in seven patients, five of them kept the titers in IIF and one presented positive hemoculture. After treatment the lower titers in a great amount of patients, the fall in IIF titers in an expressive percentage, together with the negative results of PCR and hemoculture, indicate a tendency to the cure and relevance of using different methods for post-treatment monitoring