Prevalência e preditores associados ao Papillomavirus humano em pacientes atendidos no Centro Especializado em Doenças Infecto Parasitárias, Cascavel – Paraná

Abstract

RESUMO: As infecções sexualmente transmissíveis (IST) constituem uma das principais causas de busca ao sistema de saúde, apresentando uma carga socioeconômica crescente, pelo alto número de pessoas infectadas e pelas consequências na saúde sexual, reprodutiva e materno-fetal. A infecção pelo Papillomavírus humano (HPV) é a mais comum IST e apresenta-se como um desafio para a saúde pública em todo o mundo. Na primeira etapa foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise com artigos que relataram a prevalência de HPV em cânceres genitais não cervicais no Brasil, em três bases de dados e seguindo a metodologia PRISMA, entre 2006 e 2016. A segunda etapa deste trabalho foi constituída por um estudo de corte transversal com prontuários de pacientes atendidos em um centro de Saúde Pública situado em Cascavel, Paraná, entre 2012 e 2017. A revisão sistemática permitiu a inclusão de 18 estudos, com uma amostra de 1552 pacientes. A prevalência global do HPV foi de 43% (IC 95%: 36-51%; p<0,001). A prevalência agrupada de HPV no câncer de pênis foi de 42% (IC 95%: 32-55%; p<0,001), no câncer colorretal de 67% (IC 95%: 64-70%; p<0,001) e no câncer vulvar de 43% (IC 95%: 34-55%; p<0,001). O HPV 16 foi o mais prevalente em todos os locais avaliados, com prevalência estimada em 54% (IC 95%: 44-66%; p<0,001), seguido dos genótipos 33 (21%; IC 95% 17-28%; p<0,001) e 6 (15%; IC 95% 8–26%; p<0,001), respectivamente. A prevalência combinada de infecção por genótipo único foi de 82% e a infecção por múltiplos genótipos de HPV foi de 22%. A prevalência geral de condiloma acuminado foi de 33,1%. Coinfecção de condiloma com outras IST foi observada em 23,7% dos casos. Observou-se associação significativa entre sexo masculino-múltiplos parceiros e entre sexo masculino-uso irregular de preservativo (p<0,001). Os preditores associados à infecção pelo HPV foram faixa etária de até 29 anos (OR 2.0; IC 95% 1,3-3,7; p=0,013) e homossexual/bissexual (OR 0,2; IC 95% 0,12-0,66; p=0,003). Na revisão sistemática e meta- análise as evidências foram para alta prevalência de HPV em cânceres genitais não cervicais no Brasil, com predomínio do genótipo 16, destacando a necessidade de medidas preventivas e de controle para evitar danos futuros à população. Já os achados do estudo transversal mostraram evidências para alta prevalência de condiloma acuminado com ênfase na faixa etária abaixo da terceira década de vida e preditores do comportamento sexual

ABSTRACT: Sexually transmitted infections (STI) are one of the main causes for seeking the health system, with a growing socioeconomic load due to the high numbers of infected people and the sexual, reproductive and maternal-fetal health consequences. Human papillomavirus (HPV) infection is the most common IST and presents itself as a challenge to public health around the world. The first stage of this study a systematic review and meta-analysis were carried out with articles that reported the prevalence of HPV in non-cervical genital cancers in Brazil in three databases and following the PRISMA methodology between 2006 and 2016. In the second stage a cross-sectional study with medical records of patients treated at a public health center located in Cascavel, Paraná, between 2012 and 2017. The systematic review allowed the inclusion of 18 studies, with a sample of 1,552 patients. The overall prevalence of HPV was 43% (95% CI: 36- 51%; p<0.001). The pooled prevalence of HPV in penile cancer was 42% (95% CI: 32-55%; p<0.001), colorectal cancer 67% (95% CI: 64-70%, p<0.001) and cancer vulva of 43% (95% CI: 34-55%, p<0.001). HPV 16 was the most prevalent in all the evaluated places, with an estimated prevalence of 54% (95% CI: 44-66%, p<0.001), followed by genotypes 33 (21%, 95% CI; 17-28%; p<0.001) and 6 (15%, 95% CI: 8-26%; p<0.001), respectively. The combined prevalence of single genotype infection was 82% and infection by multiple HPV genotypes was 22%. The overall prevalence of condylomata acuminata was 33.1%. Co-infection of condylomata with other STI was observed in 23.7% of the cases. There was a significant association between male-multiple partners and between male- irregular condom use (p<0.001). The predictors associated with HPV infection were age range up to 29 years (OR 2.0; 95% CI 1.3-3.7; p=0.013) and homosexual/bisexual (OR 0.2; 95% CI 0.12-0.66; p=0.003). In the systematic review and meta-analysis, the evidence was for high prevalence of HPV in non-cervical genital cancers in Brazil, with a predominance of genotype 16, highlighting the need for preventive and control measures to avoid future damage to the population. The cross-sectional study findings showed evidence for a high prevalence of condylomata acuminata with emphasis on the age group below the third decade of life and predictors of sexual behavior