Violência : da violência sexual por parceiro íntimo ao assédio moral no ambiente de trabalho

Abstract

Resumo: Essa tese foi constituída por dois artigos. O primeiro artigo teve por objetivo avaliar as disparidades em um estado brasileiro, realizando uma análise para determinar se indicadores socioeconômicos estavam associados às taxas de notificação de violência sexual por parceiro íntimo contra mulheres. Foi realizado um estudo retrospectivo e ecológico, a partir de dados obtidos do Banco de Dados do Sistema de Informação sobre Doenças Notificáveis do Ministério da Saúde do Brasil. Foram analisados todos os casos de violência sexual por parceiro íntimo (n = 516), contra mulheres de 15 a 49 anos, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, entre 2009 e 2014. Os dados foram avaliados por meio da análise exploratória de dados espaciais. Foi evidenciada uma auto-correlação espacial positiva (I=0,7105, p<0,0001) em relação à taxa de notificação de violência sexual por parceiro íntimo. Foram identificados cinco aglomerados do tipo alto-alto, predominantemente nas mesorregiões Metropolitanas, Oeste, Centro-Sul, Sudoeste, Sudeste e Norte Central e apenas um na mesorregião Norte Pioneiro. Os achados também indicaram que as associações entre a taxa de violência sexual por parceiro íntimo e determinantes socioeconômicos (mulheres com ensino superior, registro civil de separações legais, mulheres economicamente ativas, densidade demográfica e renda feminina média) foram significativamente não-estacionárias espacialmente, indicando que em certas regiões do estado, os coeficientes de regressão relacionam determinadas variáveis no modelo com à taxa de violência sexual por parceiro íntimo. Em comparação com o modelo OLS, o modelo GWR melhorou a compreensão das associações entre os indicadores socioeconômicos e a taxa de notificação de violência sexual por parceiro íntimo, mostrando um melhor ajuste (modelo OLS vs. GWR: Adjusted R2: 0,95 vs 0,99; AICc: 4117,90 vs 3550,61; Moran's I: 0,0905 vs -0,0273). O segundo artigo teve como objetivo identificar fatores associados ao bullying e a intenção em rotatividade, entre enfermeiros. Estudo transversal, por meio de coleta de dados via web, analisados por meio de modelos de regressão logística e regressão logística multinomial. Possuir mais de um emprego (OR=2,9) e baixo estilo de liderança orientado para o relacionamento (OR=5,8) estiveram associados positivamente ao bullying pessoal e profissional, respectivamente. Às variáveis baixo estilo de liderança orientado para o relacionamento (OR=4,0), idade de 19-29 (OR=4,5), tempo de trabalho na instituição entre 5-10 anos (OR=4,9), apresentaram associação positiva com alta intenção em rotatividade. Já para média intenção em rotatividade estiveram associadas positivamente às variáveis: baixo estilo de liderança orientado para o relacionamento (OR=3,4), ser graduado (OR=2,0) e trabalhar em instituição filantrópica (OR=2,5). A variável trabalhar em instituição privada (OR=0,8) esteve associada negativamente. Concluímos que o baixo estilo de liderança orientado para o relacionamento e fatores socioprofissiográficos estiveram associados ao bullying e a intenção de rotatividade. Enfermeiros gerentes, além de habilidades técnicas, precisam desenvolver competências e habilidades para lidar com as relações humanas a fim de prevenir o bullying e a rotatividade entre enfermeiros

Abstract: Two articles constituted this thesis. The first article objective was to evaluate disparities in a Brazilian state, performing an analysis to determine whether socioeconomic indicators were associated with notification rates of intimate partner sexual violence against women. This was a retrospective and ecological study, from data retrieved from the database of the Information System on Notifiable Diseases of the Brazilian Ministry of Health. All cases of sexual violence by an intimate partner (n=516) were analyzed, against women from 15 to 49 years, reported in the database of the Information System on Notifiable Diseases of the Brazilian Ministry of Health, between 2009 and 2014. Data were evaluated by spatial data exploratory analysis. A self-spatial correlation was positive (I=0,7105, p<0,0001) in relation to the rate of notification of sexual violence by an intimate partner. Five clusters of high-high type were identified, predominantly in the mesoregions metropolitan, West, South, Southwest, Southeast and Central North, and only one in the mesoregion Norte Pioneiro. The findings also indicated that the associations between the rate of sexual violence by an intimate partner and socioeconomic predictors (women with higher education, civil registry of legal separations, economically active women, demographic density and women average income) were significantly non-stationary spatially, indicating that in certain regions of the state, the regression coefficients related to certain variables in the model with the rate of sexual violence by an intimate partner. In comparison with the OLS model, the GWR model improved the understanding of the associations between the socioeconomic indicators and the rate of notification of sexual violence by an intimate partner, showing a better adjustment (OLS vs. GWR: Adjusted R2: 0.95 vs 0.99; AICc: 4117.90 vs 3550.61; Moran's I: 0.0905 vs -0.0273). The second article's analyzed the impact of management behaviors (Relationship, Situation or Task) of situational leadership and socio-economic aspects about the perception of personal and professional descendant moral harassment, and their impact on the turnover intention among Brazilian nurses. A cross-sectional study, which collected data via internet, analyzed by logistic and multinomial regression models. The results showed that more than one job (OR=2.9) and low-relationship managerial behavior (OR=5.8) were predictors for personal and professional moral harassment, respectively. Low-relationship managerial behavior (OR=4.0), 19-29 years old (OR=4.5), institution working time between 5-10 years (OR=4.9) were predictors for high turnover intention. Low-relationship managerial behavior (OR=3.4), 40-49 years old