Consumo de carbapenêmicos e o perfil de resistência de bactérias Gram-negativas em um hospital de ensino

Abstract

RESUMO: A taxa crescente de resistência bacteriana e o lento desenvolvimento de novas drogas são motivos de preocupação na área hospitalar. O presente estudo avaliou a correlação do consumo de carbapenêmicos e a freqüência de bactérias Gram-negativas (BGN) isoladas de infecções hospitalares. Entre 2007 a 2010, foi analisado o consumo de carbapenêmicos na UTI adulto do hospital universitário de Maringá e para o mesmo período foram coletados dados de exames microbiológicos das principais BGNs isoladas em quadro de infecções hospitalares. Para análise dos dados foi utilizado o coeficiente de Pearson. O consumo de carbapenêmicos foi expresso em dose diária definida por 1000 pacientes-dia. Encontramos correlações positivas (0,9<r<1) entre o consumo de carbapenêmicos e a presença de Acinetobacter spp. e Pseudomonas aeruginosa tanto sensíveis como resistentes aos carbapenêmicos e também para Klebsiella spp. e Enterobacter spp. resistentes às cefalosporinas de amplo espectro. Correlação negativa (-0,8<r<-0,5) foi verificada entre o consumo de carbapenêmicos e o isolamento de Klebsiella spp. e Enterobacter spp. sensíveis às cefalosporinas de amplo espectro. O aumento no consumo de carbapenêmicos levou a um crescimento no isolamento de Acinetobacter spp. e P.aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos no semestre seguinte (0,9<r<1). Concluímos que a utilização dos carbapenêmicos nesta instituição para Acinetobacter spp. e P.aeruginosa, ocorre independente do perfil de resistência, no entanto, para Klebsiella spp. e Enterobacter spp., a utilização deste grupo foi criteriosa. O consumo de carbapenêmicos correlacionou positivamente com aumento da resistência em Acinetobacter spp. e P.aeruginosa no período subseqüente, alertando para a prática destes estudos, como objeto de vigilância e controle. Indicamos ainda que mais de um grupo microbiano seja avaliado, pois são vários microrganismos que podem influenciar no consumo de um mesmo grupo terapêutico

ABSTRACT: Increasing rates of bacterial resistance and the slow development of new drugs are of concern in the hospital area. This study evaluated the correlation between consumption of carbapenems and the frequency of Gram-negative bacteria (BGN) isolated from hospital infections. Between 2007 to 2010, analyzed the consumption of carbapenems in the adult ICU of the University Hospital of Maringá and for the same period, data were collected for microbiological examination of the main frame BGNs isolated in hospital infections. For data analysis we used the Pearson correlation coefficient. The consumption of carbapenems was expressed in defined daily dose per 1000 patient-days. We found positive correlations (0,9<r<1) between the consumption of carbapenems and the presence of Acinetobacter spp. and Pseudomonas aeruginosa sensitive and resistant to both carbapenems and also for Klebsiella spp. and Enterobacter spp. resistant to broad-spectrum cephalosporins. Negative correlation (-0,8 <r<-0,5) was found between the consumption of carbapenems and isolation of Klebsiella spp. and Enterobacter spp. sensitive to broad-spectrum cephalosporins. The increased consumption of carbapenems has led to an increase in the isolation of Acinetobacter spp. P. aeruginosa resistant to carbapenems and the following six months (0,9<r<1). We conclude that the use of carbapenems in this institution for Acinetobacter spp. and P. aeruginosa, occurs regardless of the resistance profile, however, for Klebsiella spp. and Enterobacter spp. the use of this group was careful. The carbapenem consumption correlated positively with increased resistance in Acinetobacter spp. P. aeruginosa and in the subsequent period, drawing attention to the practice of these studies, as the object of surveillance and control. Indicated that more than one microbial group is evaluated, as are several micro-organisms that can influence the consumption of the same therapeutic group