Zaratustra e Renan, uma abordagem fisiopsicológica

Abstract

Esta dissertação pretende expor a avaliação nietzschiana das configurações impulsionais de indivíduos e culturas por meio de sua fisiopsicologia (nova psicologia), isto é, da morfologia e doutrina do desenvolvimento da vontade de potência. Assim, valorações que afirmem a vida como um movimento contínuo de autossuperação são consideradas sintomas de uma dinâmica saudável dos impulsos e, em contrapartida, são doentes os organismos que procuram estratégias de conservação e paralisação das mudanças, como, por exemplo, os dogmas da teologia e a metafísica. O sentido da fisiopsicologia de Nietzsche está alicerçado sobre o conceito de vontade de potência, que, por sua vez, relaciona-se à tipologia, à hierarquia e às configurações de impulsos. A vontade de potência é considerada uma interpretação e não uma descrição de mundo, e a sua principal característica seria afirmar a efetividade (Wirklichkeit) enquanto antagonismos de forças em luta por mais potência. Assim, os tipos não são entendidos enquanto fenômenos oriundos da essência de um ser, mas sim enquanto sintomas das relações entre forças que constituem determinadas configurações hierárquicas, os quais expressam modos de vida. Após explicarmos a fisiopsicologia nietzschiana, para evidenciar um caso de morbidez dos impulsos, faremos um enquadramento fisiopsicológico das críticas de Nietzsche às interpretações do historiador e filósofo da religião Ernest Renan. Seguindo o aspecto da disputa entre as forças e do antagonismo entre as interpretações, na parte final deste trabalho, estabeleceremos um confronto entre expressões de dois tipos distintos: Renan e Zaratustra, sendo o primeiro exemplo de uma configuração enfraquecida dos impulsos e o segundo o seu antagonista, isto é, exemplo de uma configuração altamente hierarquizada de impulsos potentes em crescimento.

This master's dissertation intends to expose the Nietzsche's assessment about the impulsive and cultural individual configuration through his physiopsychology (new psychogy), that is, the morphology and doctrine of the development of the will to power. This way, valuations that affirm life as a continuous movement of self-overcoming are considered symptoms of a healthy dynamic of impulses and, on the other hand, the organisms that seek strategies for conservation and stopping of the changes, such as, for example, the dogmas of theology and metaphysics are deseased. The meaning of Nietzsche's physiopsychology is based on the concept of will to power, which is related to the typology, to the hierarchy and to the configurations of impulses. The will of power is considered an interpretation and not a description of the world, and its main characteristic would be to affirm reality (Wirklichkeit) as the antagonisms of forces fighting for more power. This way, types are not understood as phenomena that comes from the essence of a being, but rather as symptoms of relationships between forces that constitute some hierarchical configurations, which express ways of life. After explaining Nietzsche's physiopsychology, to highlight a case of morbidity of the impulses, we will provide a physiopsychological framework of Nietzsche's criticisms of the interpretations of the historian and philosopher of religion Ernest Renan. Following the aspect of the dispute between forces and the antagonism between interpretations, in the final part of this work, we will establish a confrontation between expressions of two distinct types of definitions: Renan and Zarathustra, the first being an example of a weakened configuration of impulses and the second its antagonist, that is, an example of a highly hierarchical configuration of growing powerful impulses.