Relação entre os sintomas de depressão e atividade física da população brasileira : uma abordagem de redes

Abstract

RESUMO: A depressão é um transtorno de humor que afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo e é prevalente pessoas de todas as faixas etárias. Estudos têm demonstrado a eficácia da atividade física como terapia coadjuvante na redução dos sintomas depressivos. Esta dissertação objetivou analisar a dinâmica de sintomas de depressão e sua associação com padrões de atividade física na população brasileira adulta ?18 anos. Para tanto, foi realizada uma análise secundária dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, com informações de 49.025 indivíduos com idade de 18 a 59 anos. Foi utilizado um questionário específico desenvolvido para a pesquisa para identificar os dados sociodemográficos e os níveis de atividade física semanal nos domínios de lazer, transporte, trabalho e doméstico e o Patient Health Questionnaire – 9 (PHQ-9). Para o primeiro artigo, para análise de dados utilizou-se frequências absolutas e relativas e correlações parciais com regularização LASSO para estimar a conectividade das redes. Também foi utilizado o Network Comparison Test (NCT) para comparar a força global, estrutura da rede e para a comparação dos pares de arestas entre as redes. Os resultados evidenciaram que para as redes de pessoas que praticam atividade física o nodo de humor deprimido se destacou, ao passo que para a rede de indivíduos que não realizam atividade física o nodo com destaque foi a anedonia. Foi observada diferença na força global das redes, com maiores valores sendo apresentados para a rede de indivíduos que não praticam atividade física. Já a topologia foi maior para a rede de não praticantes de atividade física comparado aos muito ativos. Ainda, foi identificado um padrão comum entre as quatro redes, na qual os sintomas de fadiga e problemas com sono apresentaram relação mais forte para as pessoas não praticantes de atividade física. O segundo artigo objetivou identificar grupos dos participantes da PNS- 2013 de acordo com a prática de atividade física semanal em diferentes domínios e analisar as redes de conexões entre os sintomas de depressão de cada grupo. Para a análise de dados utilizou-se a análise de classe latente (LCA) para identificar os grupos, correlações parciais com regularização LASSO para estimar a conectividade das redes e o Network Comparison Test (NCT) para comparar a força global, estrutura da rede e comparar os pares de arestas entre as redes. A LCA emergiu em quatro classes que foram classificadas como: deslocamento ativo, atividade física instrumental, atividade física de lazer e pouco ativos fisicamente. Após a estimativa da rede de sintomas para cada grupo, observou-se que força global foi menor para a rede da classe ativos no lazer comparado com as classes deslocamento ativo e atividade física instrumental. Além disso, a comparação dos pares de arestas revelou a relação entre sono e anedonia é mais forte para os indivíduos que realizam atividade física de lazer. Concluiu-se que a atividade física age como um fator de proteção para a saúde mental, no qual diminui a associação global dos sintomas de depressão, ou seja, diminui a probabilidade de que um sintoma presente ative mais sintomas e gere uma rede estável

ABSTRACT: Depression is a mood disorder that affects more than 300 million people worldwide and is prevalent in people of all age groups. Studies have shown the effectiveness of physical activity as an adjunctive therapy in reducing depressive symptoms. This dissertation aimed to analyze the dynamics of depression symptoms and their association with physical activity patterns in the adult Brazilian population ?18 years old. To this end, a secondary analysis was conducted of data from the 2013 National Health Survey (PNS), with information from 49,025 individuals aged 18 to 59 years. A specific questionnaire developed for the research was used to identify sociodemographic data and weekly physical activity levels in the domains of leisure, transportation, work, and home and the Patient Health Questionnaire - 9 (PHQ-9). For the first article, absolute and relative frequencies and partial correlations with LASSO regularization were used for data analysis to estimate network connectivity. The Network Comparison Test (NCT) was also used to compare overall strength, network structure, and for the comparison of edge pairs between networks. The results showed that for the networks of people who practice physical activity the depressed mood node stood out, while for the network of individuals who do not practice physical activity the node with emphasis was anhedonia. A difference was observed in the global strength of the networks, with higher values being presented for the network of individuals who do not practice physical activity. On the other hand, the topology was higher for the network of those who don't practice physical activity compared to those who are very active. Still, a common pattern was identified among the four networks, in which the symptoms of fatigue and sleep problems presented a stronger relation for people who do not practice physical activity. The second article aimed to identify groups of PNS- 2013 participants according to the practice of weekly physical activity in different domains and analyze the networks of connections between the symptoms of depression in each group. For data analysis, latent class analysis (LCA) was used to identify the groups, partial correlations with LASSO regularization to estimate the connectivity of the networks, and the Network Comparison Test (NCT) to compare the overall strength, network structure, and compare the pairs of edges between the networks. The ACL emerged into four classes that were classified as: active commuting, instrumental physical activity, leisure-time physical activity, and not very physically active. After estimating the symptom network for each group, it was observed that overall strength was lower for the network of the leisurely active class compared to the active commuting and instrumental physical activity classes. In addition, comparison of pairs of edges revealed the relationship between sleep and anhedonia is stronger for individuals performing leisure-time physical activity. It is concluded that physical activity, age as a protective factor for mental health, does not qualify the global association of symptoms of depression, that is, the probability of a symptomatology presenting the most symptoms and becoming a stable network