Drummond, entre a pedra e a máquina : o percurso poético da verdade

Abstract

A presente dissertação realiza uma leitura da obra de Drummond perspectivando-a como um conjunto estrutural. Para isso vale-se da crítica literária que corrobora com essa visão, colhendo dela as correlações temáticas e a perenidade nos modos da produção poética. Destacando a figuração do eu-lírico como um caminhante e sua obra como um caminho, compõe uma estratégia para formatar a sua singular coesão de produção. Realiza-se uma leitura panorâmica da obra, destacando os pontos que inflectem de forma relevante as preocupações poéticas do autor, revelando um desenvolvimento em progresso para essas inquietações. Lateralmente há uma consideração da competência do dizer poético sob a luz do pensamento de Heidegger, mas especificamente da sua conferência "A origem da obra de arte", que propõe a arte, sobretudo, a poesia, como agente do desvelamento do ente. Considera-se também, uma comparação da obra drummondiana, com a Divina Comédia de Dante Alighieri, para ilustrar as fases de Drummond como etapas dos campos sobrenaturais que o poeta florentino criou, evidenciando a proposta de percurso encampada. Conjuntamente a isso, uma leitura do professor Alfredo Bosi da obra Scienza nuova de Giambattista Vico e seu esquema da historicidade da linguagem contribuem para a análise dos procedimentos do fazer poético drummondiano. O objeto central do estudo concentra-se na análise do poema "A Máquina do mundo" do livro "Claro Enigma" publicado em 1951. Esta análise tenta visualizar como as principais convicções estético-filosóficas do poeta emergem no poema em estudo e podem ser relacionadas aos outros momentos de produção do poeta.