A resistência feminina nas práticas discursivas do ciberfeminismo no canal Think Olga

Abstract

A pesquisa visa analisar enunciados que foram publicados no canal do Youtube do coletivo Think Olga sobre questões concernentes ao chamado empoderamento feminino, por meio de informações, considerando as relações de poder-saber implicadas. O fato é visto como acontecimento discursivo, na ótica de uma história geral e descontínua, por significar uma nova estratégia de resistência do sujeito feminino, com a insubmissão da ordem em um âmbito de práticas de poder disciplinar. O referencial teórico-metodológico é pautado pelos estudos discursivos foucaultianos, os quais apresentam o eixo arqueogenealógico de análise. Com base nisso, realizamos a descrição de sequências enunciativas, levando em conta os elementos da função enunciativa, com destaque para a posição sujeito e para a formação discursiva, procurando evidenciar a formação das modalidades enunciativas. O eixo genealógico guia a pesquisa para diálogos sobre as relações de poder e resistência que se desdobram em práticas de desobediência, fundamentadas em Gros (2018). A investigação das sequências enunciativas e das práticas de subjetivação e de objetivação também dão visibilidade a um movimento de contraconduta nos vídeos informativos do canal. Assim sendo, a mídia é vista como dispositivo, constante em relações de poder, com função estratégica e regras de funcionamento específicas. O recorte temporal da análise compreende os anos 2017 e 2018, além do gráfico produzido pela autora; o delineamento do material é feito com base nos vídeos mais assistidos do canal. Isto posto, as sequências enunciativas são retiradas de quatro vídeos do canal do Youtube do Think Olga. A pesquisa concluiu que os enunciados produzidos pelo dispositivo midiático demonstraram atos de desobediência e marcaram um movimento de contraconduta, de modo que o sujeito feminino se desprende da chamada racionalidade neoliberal, a partir do feminismo, lugar a partir do qual se procura constituir uma nova forma de conduzir os corpos e os construir os sujeitos. Em termos de análise, também foi possível verificar modos de produção de subjetivação do sujeito feminino, uma vez que as práticas discursivas foram desenvolvidas estrategicamente para construir um sujeito feminino com traços subjetivos do discurso do empoderamento.

This study's aim is to analyze the statements that were published on Think Olga Youtube channel toward what is called 'female empowerment'. This analysis concerns information considering the relation of power and knowledge implicated. This fact is understood as a discursive event. It is seen from a general and discontinuous perspective once it means a new strategy of the female subject's resistance along with the order independence in a disciplinary power practice sphere. The theoretical-methodological framework is based on the foucauldian discurse studies, in which the archeological and genetic frame analysis are present. Based on this, we have done the description of the enunciative sequences, taking account of the enunciative elements 'role, focusing on subject's position and discursive formation. Hence we have highlighted the creation of the enunciative categories. The genetic frame guides this study toward dialogues concerning the power and resistance relation that are spread in disobedience practices founded in Gros (2018). The investigation of the enunciative sequences and of the subjectivation and objectification practices also provide visibility to a counter conduct movement in the informative videos of the channel. Therefore, media is seen as a continuous device in power relations. Its function is strategic and it has specific rules of operation. The temporal delimitation analysis dates from 2017 to 2018, in addition to the Graphic produced by the author. The material delineation is based on the most-viewed videos of the channel. Nevertheless, the enunciative sequences were obtained from four videos of 'Think Olga 'Youtube channel. This study concluded that the discurses produced by media device demonstrated disobedience acts. Also, they showed a counter conduct movement in which the female subject, through feminism, detaches herself from the neoliberal rationality, aiming to build a new way of conducting the bodies and being able to perform herself a subject. In the analysis, It was also possible to identify the ways of production of female subject subjectivation, once the discursive practices were strategically developed to build a female subject with subjective features of empowerment discurse.