É verdade ou fake news? : uma análise funcionalista das características linguísticas de textos que promovem a desinformação

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo geral realizar um estudo analítico e descritivo da organização textual de fake news e levantar os recursos e elementos linguísticos utilizados pelos seus autores, diferenciando as fake news de notícias verdadeiras com o intuito de investigar a estrutura de textos que promovem a desinformação. Como objetivos específicos, este trabalho investiga individualmente cem fake news catalogadas e organizadas na coletânea de fake news e notícias verdadeiras alinhadas intitulada "Fake.Br Corpus", criada por pesquisadores do NILC (Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional), propondo uma lista com os parâmetros de análise criados a partir da análise dos textos. Observando os recursos linguísticos utilizados nos textos que podem levar à persuasão dos leitores, comparamos os resultados do corpus de fake news com um corpus de controle de notícias verdadeiras, também disponibilizadas pela coletânea de Monteiro et al. (2018), constatando a relevância da identificação de parâmetros que podem auxiliar na detecção de fake news. Esta pesquisa toma como base teórica a perspectiva funcionalista da linguagem, mais especificadamente as contribuições de autores como Neves (2011), Halliday (1985), Dik (1997) e Bybee (1985). O funcionalismo observa a língua a partir de seu uso e da função de cada recurso linguístico, observando o funcionamento da língua em todas as suas etapas, levando em conta a interação social entre os falantes e seus participantes (NEVES, 2018). A partir da análise do corpus de fake news, identificamos quinze parâmetros que podem auxiliar na caracterização dos recursos linguísticos utilizados pelos seus autores, sendo eles a modalidade epistêmica e deôntica, a evidencialidade, a categorização, a polifonia, o uso da primeira pessoa, a polaridade de categorias gramaticais como os sintagmas verbais, os substantivos, os adjetivos e os advérbios, a utilização do mundo comentado, além da inadequação textual em relação às normas da língua escrita. Constatou-se que esses recursos linguísticos foram empregados pelos autores dos textos como estratégia de persuasão e manipulação do leitor, propagando a desinformação.

The general objective of this research is to perform an analytical and descriptive study of the textual organization of fake news and to survey the resources and linguistic elements used by its authors, differentiating fake news from real news in order to investigate the structure of texts that promote disinformation. As specific objectives, this work individually investigates one hundred fake news cataloged and organized in the collection of fake news and real news aligned entitled "Fake.Br Corpus", created by researchers from NILC (Interinstitutional Nucleus of Computational Linguistics). Observing the linguistic resources used in the texts that can lead to the persuasion of readers, we compared the results of the fake news corpus with a control corpus of real news, also made available by the collection by Monteiro at al. (2018), noting the relevance of identifying parameters that can help in the detection of fake news. This research takes as its theoretical basis the functionalist perspective of language, more specifically the contributions of authors such as Neves (2011), Halliday (1985), Dik (1997) and Bybee (1985). Functionalism observes language from its use and the function of each linguistic resource, observing the operations of the language in all its stages, taking into account the social interaction between the speakers and its participants (NEVES, 2018). From the analysis of the fake news corpus, we identified fifteen parameters that can help in the characterization of the linguistic resources used by their authors, which are the epistemic and deontic modality, evidentiality, categorization, polyphony, the use of the first person, polarity of grammatical categories such as verb phrases, nouns, adjectives and adverbs, the use of the commented world, in addition to the inadequacy of the writing language standards. It was verified that these linguistic resources were used by the authors of the texts as a strategy of persuasion and manipulation of the reader, propagating misinformation.