Use este identificador para citar ou linkar para este item:
http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/8272
Autor(es): | Zukoski, Ana Maria Soares |
Orientador: | Feldman, Alba Krishna Topan |
Título: | Lathiratura : da opressão à resistência – incursões pela literatura feminina indiana contemporânea de língua inglesa |
Banca: | Ferreira, Geniane Diamante Ferreira |
Banca: | Santos, Célia Regina dos |
Banca: | Coqueiro, Wilma dos Santos |
Banca: | Festino, Cielo Griselda |
Palavras-chave: | Literatura indiana contemporânea - Autoria feminina;Resistência feminina;Subjetivação feminina;Lathiratura |
Data do documento: | 2023 |
Editor: | Universidade Estadual de Maringá |
Citação: | ZUKOSKI, Ana Maria Soares. Lathiratura: da opressão à resistência – incursões pela literatura feminina indiana contemporânea de língua inglesa. 2023. 280 f. Tese (doutorado em Letras) - Universidade Estadual de Maringá, 2023, Maringá, PR. |
Abstract: | A presente tese tem por objetivo cunhar o conceito de Lathiratura como uma forma de resistência literária feminina, presente na literatura de autoria feminina contemporânea indiana. O neologismo apresenta a junção de duas palavras: Lathi + Literatura. A primeira se refere a uma vara tradicional indiana, apropriada pelo grupo feminino Gulabi Gang, que a ressignificou ao utilizá-la para fazer justiça com as próprias mãos. A união representa a resistência feminina indiana por meio da arte literária. A criação desse conceito é alicerçada na ideia de que, mesmo inseridas em um contexto marcadamente patriarcal e opressor, as identidades femininas desenvolvem mecanismos de resistências e, por meio do processo de subjetivação feminina, de que fala Touraine (2010), elas não se permitem sucumbir. Tencionando estabelecer um panorama com heterogêneas personagens inseridas em diferentes contextos sócio, históricos, geográficos e ideológicos, além de múltiplas feminilidades, selecionamos como corpus três romances de autoria feminina indiana contemporânea, a saber: Raj (1989), de Gita Mehta; Cabine para mulheres (2001), de Anita Nair e O ministério da felicidade absoluta (2017), de Arundathi Roy. Para compreender a situação da mulher indiana, mergulhamos na história, na política, nos aspectos culturais, literários e religiosos, buscando rastrear o feminino desde suas origens, passando pelo período colonial até a contemporaneidade. Seguindo os passos das indianas, nos dedicamos a pesquisar acerca da condição das mulheres em sociedades de Terceiro Mundo e os mecanismos de resistência, aprofundando-nos na literatura pós-colonial feminina e na emergência dos feminismos plurais. A análise dos romances que compõem a corpora, com foco nas personagens femininas iluminou a existência de múltiplas formas de resistência. Em Raj, as personagens Maarâni e Jaya lidam com a violência de cunho patriarcal e colonial de modos diferentes, enquanto a primeira entrega-se à luta pela independência da Índia e torna-se Sati Mata, a segunda candidata-se às eleições. Em ambos os casos, é nítido um amadurecimento ao longo de suas trajetórias, que as encaminham para o centro de suas próprias existências. Cabine para mulheres, por sua vez, apresenta seis personagens femininas: Sheela Vasudevan, Janaki Prabhakar, Prabha Devi, Margaret Paulraj, Marikolanthu e Akhilandeswari, que compartilham uma cabine feminina de trem. O deslocamento físico motiva a troca de experiências e a sororidade, além do fortalecimento feminino coletivo. Com diferentes níveis de resistência, cada uma das personagens do romance de Nair consegue estabelecer-se como núcleo de sua própria existência. Prabha e Margaret buscam na natação e no ato de cozinhar, respectivamente, os mecanismos de subjetivação. Já Sheela e Janaki demonstram um amadurecimento mental significativo. Marikolanthu, por sua vez, consegue superar as sequelas de abuso sexual, e encontra na maternidade uma oportunidade de viver aquilo que lhe fora negado. Akhila conquista sua liberdade ao enfrentar sua família abusiva e traça um novo destino para sua vida. Cada uma à sua forma cumpre o processo de subjetivação feminina, passando de uma situação inicial opressora, para a construção de novas identidades. Com O ministério da felicidade absoluta, trazemos à baila outro tipo de representação feminina: a hijra. A análise da protagonista lança luzes nessa categoria de mulheres, na luta contra os preconceitos e suas formas de resistências. A trajetória de Anjum levanta discussões a respeito da pluralidade feminina, desnudando a necessidade de desvinculação do sexo biológico/gênero das identidades. É na dedicação para com o outro, que a protagonista (re)constrói-se e afirma-se como uma mulher-sujeito. Nesse sentido, a construção das personagens femininas analisadas alinha-se à Lathiratura, pois faz da literatura de autoria feminina indiana um espaço de resistência linguística, psicológica e representacional. Por esse trabalho estar inserido na linha pesquisa 'Literatura e Construção de Identidades', a análise do corpus está embasada no pensamento crítico feminista, nos estudos pós-coloniais nos estudos sobre a cultura e identidades, com pesquisadores/as como Bonnici (2007; 2009; 2011; 2012), Ciocca e Srivastava (2017), Festino (2007; 2013a; 2013b), Gulati (2014), Nanda (1999), Pande (2018), Raman (2009), Spivak (2010), Tharu e Lalita (1991; 1993), Touraine (2010) entre outros. Esperamos, com essa pesquisa, contribuir para os estudos sobre a tematização da subjetivação feminina como forma de resistência, assim como para os estudos sobre literatura de autoria feminina indiana contemporânea. This thesis thesis aims to coin the concept of Lathiratura as a form of female literary resistance, present in contemporary Indian female literature. The neologism presents the junction of two words: Lathi + Literature. The first refers to a traditional Indian stick, appropriated by the female group Gulabi Gang, who resignified it by using it to take justice into their own hands. The union represents Indian female resistance through literary art. The creation of this concept is based on the idea that, even inserted in a markedly patriarchal and oppressive context, female identities develop mechanisms of resistance and, through the process of female subjectivation, mentioned by Touraine (2010), they do not allow themselves succumb. Intending to establish a panorama with heterogeneous characters inserted in different socio, historical, geographical and ideological contexts, in addition to multiple femininities, we selected as corpus three novels by contemporary Indian women, namely: Raj (1989), by Gita Mehta; Ladies Coupé (2001), by Anita Nair and The ministry of utmost happiness (2017), by Arundathi Roy. To understand the situation of Indian women, we delve into history, politics, cultural, literary and religious aspects, seeking to trace the feminine from its origins, through the colonial period to contemporary times. Following in the footsteps of the Indian women, we dedicated ourselves to researching the condition of women in Third World societies and the mechanisms of resistance, delving into post-colonial female literature and the emergence of plural feminisms. The analysis of the novels that make up the corpora, focusing on the female characters, highlighted the existence of multiple forms of resistance. In Raj, the characters Maarâni and Jaya deal with patriarchal and colonial violence in different ways, while the former surrenders to the struggle for India's independence and becomes Sati Mata, the latter a candidate for the elections. In both cases, there is a clear maturation along their trajectories, which lead them to the center of their own existences. Ladies Coupé, meanwhile, features six female characters: Sheela Vasudevan, Janaki Prabhakar, Prabha Devi, Margaret Paulraj, Marikolanthu and Akhilandeswari, who share a female train cabin. Physical displacement motivates the exchange of experiences and sisterhood, in addition to the collective feminine empowerment. With different levels of resistance, each of the characters in Nair's novel manages to establish themselves as the core of their own existence. Prabha and Margaret seek in swimming and cooking, respectively, the mechanisms of subjectivation. On the other hand, Sheela and Janaki demonstrate significant mental maturity. Marikolanthu, in turn, manages to overcome the consequences of sexual abuse, and finds in motherhood an opportunity to live what she was denied. Akhila gains her freedom by facing her abusive family and charts a new destiny for her life. Each one in her form fulfills the process of female subjectivation, moving from an oppressive initial situation to the construction of new identities. With The ministry of utmost happiness, we bring up another type of female representation: the hijra. The analysis of the protagonist sheds light on this category of women, in the fight against prejudice and their forms of resistance. Anjum's trajectory raises discussions about female plurality, laying bare the need to detach biological sex/gender from identities. It is in the dedication to the other that the protagonist (re)constructs herself and asserts herself as a subject woman. In this sense, the construction of the female characters analyzed is in line with Lathiratura, as it makes Indian female literature a space of linguistic, psychological and representational resistance. Because this work is part of the research line 'Literature and Construction of Identities', the analysis of the corpus is based on feminist critical thinking, on post-colonial studies on studies on culture and identities, with researchers such as Bonnici (2007; 2009; 2011; 2012), Ciocca e Srivastava (2017), Festino (2007; 2013a; 2013b), Gulati (2014), Nanda (1999), Pande (2018), Raman (2009), Spivak (2010), Tharu e Lalita (1991; 1993), Touraine (2010) among others. We hope, with this research, to contribute to studies on the thematization of female subjectivation as a form of resistance, as well as to studies on contemporary Indian female literature. |
Descrição: | Orientador: Prof. Dr. Alba Krishna Topan Feldman . Tese (doutorado em Letras) - Universidade Estadual de Maringá, 2023 |
URI: | http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/8272 |
Aparece nas coleções: | 3.6 Tese - Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) |
Arquivos associados a este item:
Arquivo | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|
Ana Maria Soares Zukoski_2023.pdf | 5,56 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.