A demanda do Santo Graal : um estudo da representação de bruxas e feiticeiras da Idade Média

Abstract

A novela de cavalaria A demanda do Santo Graal, pertencente ao Ciclo Arturiano ou Bretão, é uma narrativa com forte influência religiosa cristã. A figura feminina, nessa obra, merece destaque tanto pela misoginia medieval a que foi submetida, nas situações em que a mulher buscava atender a seus anseios, quanto pelo traço mariano atribuído a algumas delas, que obedeciam aos preceitos cristãos. Estudamos a mulher medieval representada em A demanda do Santo Graal, como era vista e denominada, principalmente sob a óptica masculina, além de seu papel exercido na sociedade. As que portavam traços marianos, contribuíam com os objetivos da Igreja Católica, da cavalaria e da nobreza. Já as mulheres que não o faziam, eram comparadas à personagem bíblica Eva, pois tendiam a incitar os homens ao pecado. Logo, este trabalho é resultado de um estudo focado nas mulheres da novela, principalmente naquelas que apresentam características consideradas excêntricas para sua época e reprováveis pela sociedade e pela Igreja, podendo, assim, serem denominadas bruxas, feiticeiras e hereges, de acordo com os preceitos religiosos e morais. Por meio das pesquisas e buscas por conhecimentos em textos especializados no assunto em questão, buscamos compreender melhor os fatores históricos que contribuíram para a demonização da figura feminina e que levaram à construção da imagem da bruxa. Esta, considerada um ser maléfico e ao mesmo tempo misterioso, deveria então ser eliminado, pois poderia trazer grandes malefícios e contaminação à sociedade, principalmente aos homens, suas principais vítimas. O nosso apoio histórico e teórico está ancorado nos pressupostos de Franco Jr. (1986), Le Goff (1973), Lins (1970), Duby (1982), Duby; Perrot (1990), Zierer; Bragança Júnior (2017), entre outros.

The cavalry novel The Quest of the Holy Grail, belonging to the Arthurian or Breton Cycle, is a narrative with a strong christian religious influence. The female figure, in this work, deserves to be highlighted because of the medieval misogyny to which she was subjected, and situations in which women sought to meet their desires, as well as the Marian trait attributed to some of them, who obeyed Christian precepts. We intend to study, here, the medieval woman represented in The Quest for the Holy Grail, as she was seen and called, mainly from a male perspective, in addition to her role in society. Those who carried Marian traits contributed to the objectives of the Catholic Church, cavalry and nobility. Women who did not do so, were compared to the biblical character Eve, as they tended to incite men to sin. Therefore, this work is the result of a study focused on the women in this literary work of fiction, especially those who present characteristics considered eccentric for their era and, therefore, reprehensible by society and the Church. They could, therefore, be called witches, sorcerers and heretics, in accordance with the religious and moral precepts of the time. Through research and searches for knowledge in bibliographies, we seek to better understand the historical factors that contributed to the demonization of the figure of women and that led to the construction of the figure of the witch. This, considered an evil and mysterious being, should then be eliminated, as it could bring great harm and contamination to society, especially to men, its main victims. Our historical and theoretical support is anchored in the assumptions of Franco Jr. (1986), Le Goff (1973), Lins (1970), Duby (1982), Duby; Perrot (1990), Zierer; Bragança Júnior (2017), among others.