Perfil farmacoterapêutico de pacientes com Diabetes mellitus tipo 2 atendidos por serviço de cuidado farmacêutico

Abstract

RESUMO: Introdução: Diabetes é uma síndrome em que ocorre a falta de insulina e/ou a incapacidade de a insulina exercer seus efeitos, causando hiperglicemia. Estima-se que no Brasil mais de 15 milhões de pessoas sejam portadoras de diabetes, número que aumenta quanto mais evidencia-se o envelhecimento populacional. Suas complicações (micro ou macrovasculares), constituem as principais causas de morbimortalidade na maioria dos países. Por isso, o cuidado farmacêutico, sendo uma ação integrada do farmacêutico com a equipe de saúde, tem sido uma importante estratégia para melhorar os resultados em saúde e a qualidade de vida desses pacientes, atuando para aumentar a adesão do paciente ao tratamento e na prevenção e controle dos Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM's). Objetivo: Analisar o perfil farmacoterapêutico dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 atendidos pelo serviço de cuidado farmacêutico no Sistema Único de Saúde. Materiais e métodos: O presente estudo foi quantitativo, transversal e foram avaliadas informações obtidas durante consultas farmacêuticas realizadas em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2, atendidos em unidades de atenção primária de três municípios do estado do Paraná. As variáveis consideradas no estudo foram: sexo (masculino; feminino), idade (contínua), comorbidades, medicamentos utilizados (nome e número de medicamentos), tratamento para diabetes prescrito (insulina; antibiabético oral), classe de medicamentos para tratamento da diabetes, presença de potencial interação medicamentosa (identificação da interação, risco e consequência mesma), sendo esta última analisada com auxílio dos aplicativo Micromedex® e da plataforma Lexicomp®. Resultados: Foram avaliados 40 pacientes, com idade média de 62 anos, as comorbidades mais prevalentes foram dislipidemia, hipertensão e ansiedade/depressão. Em média, os pacientes utilizavam 6,5±3,0 medicamentos, sendo que sua prescrição conforme os problemas de saúde apresentados apontam um maior número de medicamentos para diabetes, seguido da hipertensão e dislipidemia. Para tratamento do diabetes, mais da metade dos pacientes associavam insulina e antidiabéticos orais, sendo os mais prescritos a metformina e glibenclamida. Entre os medicamentos para tratamento das comorbidades a hidroclorotiazida, losartana e sinvastatina foram os mais frequentes. As principais interações medicamentosas potenciais identificadas foram a associação entre antidiabéticos e diuréticos tiazídicos ou betabloqueadores ou IECA, e a associação entre sinvastatina e ciprofibrato. Conclusão: O perfil farmacoterapêutico identificado nesse estudo foi semelhante ao de outros estudos com pacientes portadores de diabetes no Sistema Único de saúde e o tratamento está alinhado com as diretrizes de tratamento de diabetes e hipertensão, o que não impediu a alta frequência de interações medicamentosas potenciais e mal controle glicêmico. Além disso, os PRM's mais comuns estão relacionados a casos de interação medicamentosa. Por isso, é essencial o acompanhamento multiprofissional desses pacientes, com a presença do farmacêutico na equipe, incluindo um plano de cuidado farmacêutico responsável e de qualidade, o que auxiliará na adesão do paciente ao tratamento, prevenção e controle dos PRM's, bem como o uso racional dos medicamentos

ABSTRACT: Introduction: Diabetes is a syndrome in which there is a lack of insulin and/or the inability of insulin to exert its effects, causing hyperglycemia. In Brazil, it is estimated that over 15 million people have diabetes, a number that increases as the population ages. Its complications (microvascular or macrovascular) are the leading causes of morbidity and mortality in most countries. Therefore, pharmaceutical care, as an integrated action involving pharmacists and the healthcare team, has been an important strategy to enhance health outcomes and improve the quality of life for these patients. It works to increase patient adherence to treatment and prevent and control of Drug-Related Problems (DRPs). Objective: Analyze the pharmacotherapeutic profile of patients with type 2 diabetes mellitus treated through pharmaceutical care service within the Unified Health System. Materials and methods: The present study was quantitative and cross-sectional study. It involved the evaluation of information collected during pharmaceutical consultations with patients diagnosed with type 2 diabetes mellitus, who were receiving care at primary healthcare units in three municipalities in the state of Paraná. The variables considered in the study included: gender (male; female), age (continuous), comorbidities, medications used (name and number of medications), prescribed diabetes treatment (insulin; oral antidiabetic), drug class for diabetes treatment, the presence of potential drug interactions (identification of the interaction, risk and consequences thereof), with the latter being analyzed using the Micromedex® application and the Lexicomp® platform. Results: A total of 40 patients were evaluated, with an average age of 62 years old. The most prevalent comorbidities were dyslipidemia, hypertension and anxiety/depression. On average, patients used 6.5±3.0 medications, and their prescription according to the health problems presented indicated a higher number of medications prescribed for diabetes, followed by hypertension and dyslipidemia. For diabetes treatment, over half of patients were on a combination of insulin and oral antidiabetics agents, with metformin and glyburide the most prescribed. Among the drugs used to treat comorbidities, hydrochlorothiazide, losartan and simvastatin were the most frequent. The main potential drug interactions identified were the combination of antidiabetic agents and thiazide diuretics, beta-blockers or ACE inhibitors, and the combination of simvastatin and ciprofibrate. Conclusion: The pharmacotherapeutic profile identified in this study was similar to that of other studies involving patients with diabetes in the Unified Health System, and the treatment aligns with diabetes and hypertension treatment guidelines. However, this did not prevent the high frequency of potential drug interactions and poor glycemic control. Additionally, the most common DRPs are related to cases of drug interactions. Therefore, the multidisciplinary monitoring of these patients is essential, with the presence of a pharmacist in the team, including a responsible and high-quality pharmaceutical care plan. This will aid in patient adherence to treatment, prevention and control of DRPs, as well as the rational use of medications