Morte, deslocamento e memória : uma vendedora de fósforos e um corpo estranho

Abstract

Esta dissertação tem como corpus de análise os romances A vendedora de fósforos (2011) e Corpo estranho (2006), de Adriana Lunardi. Pretendemos analisar a trajetória da (re)construção identitária das protagonistas, permeada por conflitos como deslocamento, morte, crise identitária de personagens inseridas em espaços de trânsito e mobilidade, além de relações afetivas fragilizadas e desgastadas. Tudo isso é perpassado pela memória, utilizada como recurso para a (re)construção das identidades das personagens. As questões existenciais, as temáticas da solidão e a busca pelo sentido da vida estão presentes nos romances, que, narrados de maneira fragmentada, revelam os traumas, a dor e o luto por sucessivas perdas ao longo de suas caminhadas, o que se relaciona diretamente ao modo pelo qual elas encaram suas vidas e lidam com os problemas. Os textos apresentam também as diferentes perspectivas das protagonistas, que se emaranham através do tempo, ora presente ora passado, alternando em um profundo desarranjo que dá origem ao caos de seus próprios pensamentos. Para tanto, nosso trabalho terá como base teórica os estudos sobre literatura de autoria feminina, identidade e memória e deslocamento, como os de Zolin (2009), Telles (2004), Perrot (2007), Hall (2011), Halbwachs (1990), Candau (2011) e Marc Augé (1994), entre outros.

This dissertation has as its corpus of analysis the novels A vendedora de fósforos (2011) and Corpo estranho (2006), by Adriana Lunardi. We intend to analyze the trajectory of the protagonists' identity (re)construction, permeated by conflicts such as displacement, death, identity crisis of characters inserted in spaces of transit and mobility, in addition to weakened and worn-out affective relationships. All of this is permeated by memory, used as a resource for the (re)construction of the characters' identities. Existential questions, themes of loneliness and the search for the meaning of life are present in the novels, which, narrated in a fragmented way, reveal the traumas, pain and mourning for successive losses throughout their journeys, which is directly related to the way they view their lives and deal with problems. The texts also present the different perspectives of the protagonists, who are entangled through time, now present and now past, alternating in a profound disarray that gives rise to the chaos of their own thoughts. To this end, our work will have as its theoretical basis studies on literature written by women, identity and memory and displacement, such as those by Zolin (2009), Telles (2004), Perrot (2007), Hall (2011), Halbwachs (1990), Candau (2011) and Marc Augé (1994), among others.