A conduta do posicionamento político da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil contra os direitos políticos, sociais e humanos, após a decretação do AI-5, durante o Governo Médici (1969-1974)

Abstract

RESUMO: Minha pesquisa tem como objetivo analisar – a partir do interior do CRCL, no Brasil e no Exterior – que tipo de conduta e de posicionamento político a IECLB teve, após a decretação do AI-5, durante o Governo Médici (1969-1974). No espaço social do Brasil, o País passava por fortes conflitos políticos e sociais, que vinham desde a Era Vargas. Em 1964, foi deposto do Executivo Nacional o Presidente eleito democraticamente João Goulart, 24.º presidente do Brasil. No quarto ano de seu Governo, em 1964, sofreu um Golpe de Estado. Este foi de caráter civil-militar. Seus líderes eram associados às elites dos campos empresarial, serviço público, judiciário, legislativo e militar. Os golpistas tiveram apoio de parte das lideranças da sociedade civil e religiosa, entre as quais eram dos campos da imprensa e, de maneira mais significativa, cristãos católicos e protestantes. No ano de 1968, estava no comando do Executivo Nacional, o então presidente Costa e Silva, que por meio do decreto-lei AI-5, imprimiu à DM um novo momento. Durante o Governo Médici, esse novo momento ficou conhecido como "os anos de chumbo", em que foi utilizado – sob a busca da legalidade e da legitimidade – o uso da força e da violência – para perseguir, ameaçar, torturar e matar – contra os seus adversários políticos e outros. Um verdadeiro "terror de Estado" se estabeleceu no país. O objetivo do AI-5 foi garantir a governabilidade como herdeiros da Revolução Democrática de 1964. Mas a alegação publicitária era uma questão de Segurança Nacional contra os comunistas, corruptos e destruidores dos valores tradicionais da família e do povo brasileiros. O CRCP se colocava ainda receptivo e em crescente apoio, enquanto o CRCC já fazia os seus primeiros gestos de enfrentamento contra as práticas de torturas pela DM. No CRCL, a IECLB, fora do eixo Rio- São Paulo-Minas, com sua sede no Rio Grande do Sul, como uma das igrejas protestantes provenientes da imigração alemã, também teve que se posicionar politicamente. Com o seguinte problema de pesquisa investigo esse posicionamento: que ordem de razões pode explicar a conduta do posicionamento político assumida pela IECLB, após a decretação do AI-5, durante o Governo Médici? Para orientar minha pesquisa tenho a seguinte hipótese: a IECLB apresentou condutas e posicionamentos políticos distintos, que foram forjados em franca disputa e luta, no interior do CCL, no Brasil e no Exterior, entre os ARs que foram identificados como verdadeiros defensores e promotores, ou da manutenção – ortodoxo-socializantes – ou da mudança – heterodoxo-socializantes – do status quo da doxa. Essas condutas, por sua vez, promoveram os respectivos posicionamentos políticos: "confiança-apoio", "respeito- conivência e "crítico-ruptura" referente ao papel sociopolítico da IECLB, no espaço social do Brasil e do Exterior. Por meio dos autores Marc Bloch e, em especial, a Teoria de Campo de Pierre Bourdieu, procedi – o que denomino – a análise compreensiva relacional sobre um conjunto de fontes: livros especializados, dissertações, teses, atas, boletins, revistas, jornais, sites, arquivos: Arquivo Histórico da IECLB, Arquivo Nacional "Memórias Reveladas", Arquivo Confidencial do "SNI" e Arquivo Pessoais de religiosos luteranos, que me proporcionaram descobertas e surpresas de fontes diretas, indiretas e de referências. A partir dessas fontes, como testemunhas vivas, procedi os meus levantamentos, questionamentos, seleções, análises e interpretações historiográficas para contemplar "A CONDUTA DO POSICIONAMENTO POLÍTICO DA IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL CONTRA OS DIREITOS POLÍTICOS, SOCIAIS E HUMANOS, APÓS A DECRETAÇÃO DO AI-5, DURANTE O GOVERNO MÉDICI (1969-1974)"

ABSTRACT: This research aims to analyze – from the perspective of the Lutheran Christian Religious Field, both in Brazil and abroad – the type of conduct and political stance adopted by the Evangelical Lutheran Church in Brazil - after the AI-5 decree during the Médici Government (1969-1974). In the social context of Brazil, the country was undergoing intense political and social conflicts that had originated from the Vargas era. In 1964, democratically elected President João Goulart, the 24th president of Brazil, was ousted from the National Executive through a coup d'état in the fourth year of his presidency. This coup was of a civil-military nature, with leaders associated with the elites of business, public service, judiciary, legislature, and the military. The coup had support from some sectors of civil and religious society, including the press and, significantly, Catholic and Protestant Christians. In 1968, President Costa e Silva, in charge of the National Executive, ushered in a new era with the AI-5 decree, shaping a different trajectory for the Military Dictatorship. During the Médici Government, this period was known as the "years of lead," marked by the use of force and violence, ostensibly in the pursuit of legality and legitimacy, to persecute, threaten, torture, and kill political opponents and others. A "State terror" was established in the country. The AI-5 aimed to ensure governance as the heirs of the Democratic Revolution of 1964, with the public justification being a matter of National Security against communists, corrupt individuals, and destroyers of traditional Brazilian family and societal values. The Protestant Christian Religious Field remained receptive and increasingly supportive, while the Catholic Christian Religious Field began its initial acts of confrontation against torture practices by the Military Dictatorship. In the Lutheran Christian Religious Field, the Evangelical Church of the Lutheran Confession in Brazil, situated outside the Rio-São Paulo-Minas axis with its headquarters in Rio Grande do Sul, as one of the Protestant churches stemming from German immigration, also had to take a political stance. Investigating this stance is the focus of my research question: What reasons can explain the political stance adopted by the Evangelical Church of the Lutheran Confession in Brazil after the promulgation of AI-5 during the Médici Government? To guide my research, I have the hypothesis that the Evangelical Church of the Lutheran Confession in Brazil exhibited distinct conduct and political stances forged in a contentious struggle within the Lutheran Christian Field, both in Brazil and abroad, among Religious Agents identified as true proponents and promoters of maintaining the orthodox-socializing or changing the status quo of doxa. These conducts, in turn, led to respective political stances: "trust-support," "respect-coexistence," and "critical- rupture" concerning the socio-political role of the Evangelical Church of the Lutheran Confession in Brazil in the social space of Brazil and abroad. Using authors such as Marc Bloch and, especially, Pierre Bourdieu's Field Theory, I conducted a comprehensive relational analysis of a set of sources, including specialized books, dissertations, theses, minutes, bulletins, magazines, newspapers, websites, and archives: the Historical Archive of the Evangelical Church of the Lutheran Confession in Brazil, the National Archive "Revealed Memories," the Confidential Archive of the "National Information Service," and Personal Archives of Lutheran religious figures. These sources, as living witnesses, guided my surveys, inquiries, selections, analyses, and historiographical interpretations to encompass "THE CONDUCT OF POLITICAL POSITIONING OF THE EVANGELICAL CHURCH OF LUTHERAN CONFESSION IN BRAZIL AGAINST POLITICAL, SOCIAL AND HUMAN RIGHTS, AFTER THE AI-5 DECREE, DURING THE MÉDICI GOVERNMENT (1969-1974)"