Os discursos biológicos na educação para os gêneros - as sexualidades- e as diferenças : aproximações e distanciamentos

Abstract

RESUMO: O presente estudo, em caráter ensaístico, problematiza a constituição da Educação para os gêneros - as sexualidades - e as diferenças no Brasil. Imbuído de teorizações foucaultianas e das epistemologias feministas, entende as sexualidades como dispositivos históricos que sustentaram regimes de verdade, os gêneros como constructos socioculturais e as diferenças como efeitos das discursividades que, muitas vezes, produzem a normatização e a segregação das pessoas LGBTTQIA e alteras. Apresenta-se um caminho arqueogenealógico (a presentificação - via análise discursiva - dos entendimentos políticos na invenção dos discursos, das posições que ocupamos no mundo e de quem somos), cujo objetivo é interpelar como a biologia e os discursos biológicos, em seus códigos de linguagem, valores e práticas, sustentam biopoderes e biopolíticas para controlar os corpos e as populações e, concomitantemente, têm se hibridizado a diversos outros saberes para produzir os discursos sobre a Educação para os gêneros - as sexualidades - e as diferenças que adensam nos territórios escolares brasileiros. Discutem-se, não como categoriazações e nem como a resultados definitivos, mas como um indagar discursivo, alguns momentos históricos e sua relação com os discursos biológicos, a saber: a) a medicalização e sina biológica das sexualidades, assentadas nos Séculos XIX e XX, que significou a conformação de um projeto de nação subsidiado por práticas higiênicas, de limpeza étnica e de eugenia; b) a desconstrução da sina biológica para as sexualidades, os gêneros e as diferenças - amparada pelas epistemologias feministas, pelas disputas por direitos sociais e humanos para mulheres e outras minorias sociais, que culminou em novas discursividade e desdobramentos para as políticas públicas destinadas às pessoas LGBTTQIA; c) as reformas e os contextos das políticas públicas dos últimos 20 anos, que refletem tensões no campo da Educação para os gêneros - as sexualidades - e as diferenças e a incidência de verdades e de normatizações que se apropriam do discurso biológico para sustentar violências, fobias e a minimização das políticas educacionais para gêneros e as sexualidades dissidentes. Sendo também um devir de produção de subjetividade docente, militante e de pesquisa, coloca a biologia sob rasura e pensa a Educação para os gêneros - as sexualidades - e as diferenças na acontecimentalização da atualidade e como a um exercício ético

ABSTRACT: This study, in an essayist way, discuss the constitution of education for genders - the sexualities - and the differences in Brazil. Imbued with Foucault theorization and feminist epistemology, it understands sexualities as historical dispositive that sustains regime of truth gender as sociocultural constructs and the differences as effects of discourses, which often produces normalization, and segregation of LGBTTQIA people and alterity. It shows - in an archeo-genealogical way (the presentification - by discursive analysis of political understandings in the invention of discourses of the positions we occupy in the world, and of who we are) whose aim is to question how biology and biological discourses, in their language codes, values and practices, sustains biopower and biopolitics for control the bodies and populations and, at the same time, have hybridized to several other knowledge to produce the discourses about Education for gender - the sexualities and the differences which are concentrated in Brazilian school territory. We discuss, not as the categorization and definitive results, but as discursive way of inquire some historical moments and it?s relation with the biological discourses of sexualities, for example: a) the medicalization and the biological reality of sexualities settled in the 19th and 20th centuries, which signified the conformation of a nation project subsided by hygienist practices, ethnic cleansing and eugenics; b) the deconstruction of the biological fate for sexualities, genders and differences - supported by feminist epistemologies, for the disputes for social and human rights for women and other social minorities, culminating in new discourses and developments for public policies aimed at LGBTTQIA people; c) the reforms and contexts of public policies of the last 20 years, which reflect tensions in the field of Education for genders - sexualities - and the differences and incidence of truths and norms that appropriate the biological discursivity to sustain violence, phobias and the minimization of educational policies for gender and dissident sexuality. Being also a becoming of production of teaching subjectivity, militant and research, inserts biology under erasure and considers Education for genders - sexualities - and the differences in eventualization and as an ethical exercise