Psicologia e educação especial no ensino superior : caminhos e contradições do acesso à educação

Abstract

RESUMO: A pesquisa desenvolvida (2019-2021) vinculou-se à pesquisa interinstitucional intitulada "Educação Especial e Inclusão na Educação Básica e Superior na América Latina: Contribuições da Psicologia e da Educação para a Recuperação de Aspectos Históricos e Mapeamento de Políticas Públicas Referentes da América Latina" (UEM, Processo 2196/2019-2021). Seu objeto foi a Psicologia no Ensino Superior (ES) junto à Educação Especial e suas possíveis práticas para promover acessibilidade neste contexto atual de acirramento da produção social da desigualdade. Justifica-se a sua proposição, pois, pela perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, é necessário compreender as múltiplas determinações que impactam na aprendizagem e no desenvolvimento do psiquismo dos sujeitos com e sem deficiências e no próprio trabalho do psicólogo. Elegeu-se como objetivo geral conhecer sobre a inserção de profissionais da Psicologia em instituições do Ensino Superior (ES) atuantes junto ao público alvo da Educação Especial, considerando o contexto de reprodução estrutural da desigualdade e o seu impacto para o trabalho educativo/formativo. Para seu desenvolvimento, atentou-se a esse aspecto estrutural às Políticas Públicas para se discutir a atuação de psicólogos no ES, no âmbito da educação especial inclusiva. Metodologicamente contou com investigação bibliográfica sobre a Psicologia no ES, a desigualdade e o desenvolvimento da pessoa com deficiência e as políticas de Inclusão no ES. Valeu-se de fontes primárias (documentos legais e publicações dos autores clássicos da psicologia soviética e da educação e de áreas afins) e secundárias (comentaristas das leis e publicações dos intérpretes e continuadores dos autores clássicos). Também contou com investigação de campo, envolvendo psicólogos que atuam no ES para conhecimento das necessidades que identificam e as proposições que fazem em suas atuações. Foi realizado um levantamento na internet sobre as instituições de Ensino Superior (IES) públicas que possuem políticas de apoio estudantil e programas de acessibilidade. Enviou-se convite, com esclarecimentos sobre os propósitos da pesquisa por e-mail, às instituições selecionadas por esses critérios a participar da pesquisa interinstitucional e autorizar a investigação de campo, também se divulgou por grupos de redes sociais de contatos para localização desses profissionais. Foram coletados sete formulários e duas entrevistas com profissionais. Como resultados, pode-se ter uma compreensão das origens e da reprodução social das desigualdades, bem como o conhecimento que os psicólogos têm a respeito das políticas de Inclusão no ensino e de como atuam em relação a elas, antes e após o início da citada pandemia. O trabalho desenvolvido pelas profissionais, conforme relataram, apontam para a necessidade de mais investimentos nestas pesquisas e na Educação de qualidade que possa levar ao Ensino Superior. Conclui-se que os resultados alcançados apontam para a necessidade de se investir na formação de psicólogos (as) com vistas à Inclusão, com conhecimentos técnicos sobre as deficiências e as condições específicas de desenvolvimento sobre as Políticas Públicas e a sociedade capitalista, geradora estrutural da desigualdade. As profissionais revelaram que buscam ter um empenho profissional na direção da Inclusão no ES, mas sem políticas próprias das IES que de fato coloquem todas as pessoas para compreenderem e lutarem por esse propósito, a Psicologia fica limitada. Contudo, fica evidente que entendem que o ES deva mirar o desenvolvimento integral dos sujeitos. Nesse sentido, a Psicologia Escolar/Educacional assume um papel ético-político ao ir além da aparência sobre o sucesso/fracasso escolar, que resulta numa prática de meritocracia cuja desigualdade somada e acirrada pela pandemia requer ainda mais a atenção à produção sócio-histórica do fracasso escolar.

ABSTRACT: The research developed (2019-2021) was linked to the inter-institutional research entitled "Special Education and Inclusion in Basic and Higher Education in Latin America: Contributions of Psychology and Education for the Recovery of Historical Aspects and Mapping of Public Policies Relating to Latin America" (UEM, Process 2196/2019-2021). Its object was Psychology in Higher Education (ES) together with Special Education and its possible practices to promote accessibility in this current context of intensifying the social production of inequality. Its proposition is justified because, from the perspective of Historical-Cultural Psychology, it is necessary to understand the multiple determinations that impact on the learning and development of the psyche of subjects with and without disabilities and on the psychologist's own work. It was chosen as a general objective to know about the insertion of Psychology professionals in Higher Education institutions (HE) working with the target audience of Special Education, considering the context of structural reproduction of inequality and its impact on the educational/training work. For its development, attention was paid to this structural aspect of public policies to discuss the role of psychologists in ES, within the scope of inclusive Special Education. Methodologically, it had bibliographic research on Psychology in ES, inequality and the development of people with disabilities and inclusion policies in ES. It made use of primary sources (legal documents and publications by classical authors of Soviet psychology and education and related fields) and secondary sources (law commentators and publications by interpreters and continuators of classical authors). It also had field research, involving psychologists who work in ES to know the needs they identify and the propositions they make in their actions. An internet survey was carried out on public Higher Education Institutions (HEIs) that have student support policies and accessibility programs. An invitation was sent, with clarifications about the purposes of the research by e-mail, to the institutions selected by these criteria to participate in the inter-institutional research and authorize the field investigation, it was also disseminated by social network groups of contacts to locate these professionals. Seven forms and an interview with professionals were collected. As a result, one can have an understanding of the origins and social reproduction of inequalities, as well as the knowledge that psychologists have about inclusion policies in education and how they act in relation to them, before and after the beginning of the aforementioned pandemic. The work developed by the professionals, as reported, points to the need for more investments in these researches and in quality education that can lead to Higher Education. It is concluded that the results achieved point to the need to invest in the training of psychologists with a view to inclusion, with technical knowledge about the deficiencies and the specific conditions of development on public policies and the capitalist society, which generates structural inequality. The professionals revealed that they seek to have a professional commitment towards inclusion in the HE, but without HEIs' own policies that actually put all people to understand and fight for this purpose, Psychology is limited. However, it is evident that they understand that ES should aim at the integral development of subjects. In this sense, school/educational psychology assumes an ethical-political role by going beyond the appearance of school success/failure, which results in a practice of meritocracy whose inequality, compounded and exacerbated by the pandemic, requires even more attention to the socio-historical production of the school failure.