Impacto farmacoeconômico da paliação de pacientes em unidade de internação clínica : um estudo de custo-benefício

Abstract

RESUMO: A Organização Mundial da Saúde estimou que em 2022 houve 20 milhões de novos casos de câncer e mais de nove milhões de mortes relacionadas. Sendo assim, pacientes oncológicos são fortes candidatos aos cuidados paliativos, abordagem de cuidado focada no paciente como um todo, que visa prover alívio de sintomas físicos, psíquicos e sociais. Para o paciente em cuidados de fim de vida, existe a tendência em manter em prescrição apenas os medicamentos que realmente vão trazer benefícios ao seu quadro clínico atual, e tal ação pode diminuir os custos com medicamentos às instituições de saúde. Objetivo: Avaliar o impacto farmacoeconômico da paliação de pacientes em um hospital oncológico filantrópico. Métodos: Este foi um estudo de coorte observacional, longitudinal, individualizado de caráter retrospectivo, desempenhado em um município de grande porte do Paraná com pacientes advindos exclusivamente da rede pública de saúde, adultos, cuja titularidade médica foi transferida à equipe de cuidados paliativos (ECP) no segundo semestre de 2022. Foram comparados os custos da última prescrição da especialidade médica inicial (EMI) versus os custos da primeira prescrição realizada pela ECP. Resultados: Ao todo, foram analisados 115 pacientes, sendo 56,5% do sexo masculino, com faixa etária predominante até 57 anos (28,7%). Houve diminuição dos custos em 79 casos (68,7%), gerando estimativa de "economia financeira" de R$2.776,27. Em relação aos medicamentos prescritos pelas EMI, foram prescritos 1.449 medicamentos, sendo os mais frequentes a morfina (10,4%; n=150), dipirona (7,9%; n=115) e ondansetrona (7%; n= 102). Os analgésicos (N02) foram os mais prescritos (20,7%), seguidos pelas drogas psicolépticas (N05) em 12,4% e eletrólitos (B05) em 8,3%. Já em relação aos medicamentos prescritos pela ECP, 1.122 medicamentos, sendo novamente o mais frequente a morfina, em 9,6% dos casos, seguida pelo haloperidol (8,3%) e clorpromazina (8,2%). As drogas psicolépticas (N05) foram as mais prescritas (24,8% dos casos), seguidas pelos analgésicos (N02) (21,4%) e por drogas para o trato gastrointestinal (A03) (7,3%). Conclusões: Este estudo demonstrou que a paliação de pacientes pode levar a diminuição de gastos pela instituição, bem como apontou que as drogas psicolépticas são as mais prescritas tanto pela EMI quanto ECP. Entretanto, verificou-se que analgésicos e drogas para o trato gastrointestinal são mais prescritos pela ECP

ABSTRACT: The World Health Organization estimated that there were 20 million new cases of cancer and more than nine million related deaths in 2022. Therefore, cancer patients are strong candidates for palliative care, a care approach focused on the patient as a whole, which aims to provide relief from physical, psychological and social symptoms. For patients undergoing end-of-life care, there is a tendency to maintain the prescription of only those medications that will truly benefit their current clinical condition, and such action can reduce medication costs for healthcare institutions. Objective: To assess the pharmacoeconomic impact of palliative care for patients in a philanthropic oncology hospital. Methods: This was an observational, longitudinal, individualized, retrospective cohort study carried out in a large municipality in Paraná with adult patients coming exclusively from the public health system, whose medical ownership was transferred to the palliative care team (PCT) in the second half of 2022. The costs of the last prescription of the initial medical specialty (IMS) were compared versus the costs of the first prescription made by the PCT. Results: A total of 115 patients were analyzed, 56.5% of whom were male, with a predominant age range of up to 57 years (28.7%). There was a reduction in costs in 79 cases (68.7%), generating an estimated "financial savings" of R$2,776.27. Regarding the medications prescribed by the IMS, 1,449 medications were prescribed, the most frequent being morphine (10.4%; n=150), dipyrone (7.9%; n=115) and ondansetron (7%; n=102). Analgesics (N02) were the most prescribed (20.7%), followed by psycholeptic drugs (N05) in 12.4% and electrolytes (B05) in 8.3%. Regarding the medications prescribed by the PCT, 1,122 medications were used, with the most frequent being morphine, in 9.6% of cases, followed by haloperidol (8.3%) and chlorpromazine (8.2%). Psycholeptic drugs (N05) were the most prescribed (24.8% of cases), followed by analgesics (N02) (21.4%) and drugs for the gastrointestinal tract (A03) (7.3%). Conclusions: This study demonstrated that patient palliation can lead to reduced spending by the institution, and also indicated that psychotropic drugs are the most prescribed by both IMS and PCT. However, it was found that analgesics and drugs for the gastrointestinal tract are more prescribed by PCT