Fatores sociodemográficos, pré-natais, perinatais, pós-natais e comportamentais relacionados à saúde bucal no primeiro ano de vida : estudo realizado durante a pandemia de covid-19

Abstract

RESUMO: As doenças bucais estão entre as doenças mais prevalentes em todo o mundo, podendo reduzir a qualidade de vida das pessoas afetadas. A cárie dentária é a doença bucal mais comum na infância, e, quando não tratada, pode levar a consequências muito graves. Pesquisas com intuito de avaliar fatores de risco, prevenção, controle e tratamento dessa doença na infância ainda se fazem necessárias. O objetivo deste estudo foi avaliar se fatores sociodemográficos, pré-natais, perinatais, pós-natais e comportamentais do binômio mãe/bebê influenciam as condições de saúde bucal da criança no primeiro ano de vida. Adicionalmente, procurou-se verificar o impacto de um programa de teleorientação desenvolvido e conduzido junto às gestantes/mães durante a pandemia de COVID-19 . Trata-se de um estudo de coorte, com uma amostra de conveniência, composta por 79 gestantes cadastradas na Secretaria Municipal de Saúde de Maringá - PR. Foram aplicados 3 questionários (sociodemográfico, conhecimento e práticas em saúde bucal), sendo um em cada um dos períodos: pré-, peri- e pós-natal. Após essa etapa, uma consulta inicial foi agendada para realizar a avaliação bucal das crianças, utilizando os índices ceo-d, CAST e IHOS. Compareceram à consulta clínica 44 crianças. O programa de teleorientação envolveu o envio via "WhatsApp" de mensagens e vídeos sobre cuidados em saúde bucal na gestação e no primeiro ano de vida bebê. A prevalência de cárie foi muito baixa, sendo os índices ceo-d e CAST iguais a 0,14 ± 0,91. Não houve associação da cárie com os fatores de risco avaliados. A maioria das crianças apresentou uma boa higiene bucal (81%), sendo o índice de placa de 0,32±0,67. Menor presença de placa nas crianças foi registrada entre mães com companheiros (p= 0,034), e em crianças que escovavam 3 vezes ou mais ao dia (p=0,034). Houve associação entre as práticas alimentares da criança e as características sóciodemográficas das mães. O hábito de comer entre as refeições das mães associou-se ao mesmo hábito das crianças (p=0,042). Orientações prévias sobre dieta recebidas pelas mães associaram-se com o comportamento das crianças não comer entre as refeições (p=0,050). Os achados desse estudo sugerem que o programa desenvolvido via aplicativo de mensagem teve um efeito positivo nos cuidados maternos com a saúde bucal de seus filhos, pois a prevalência de cárie foi muito baixa. Além disso, demonstraram que a presença de placa ou não nas crianças estava associada a fatores sociodemográficos, de conhecimento e comportamento materno.

ABSTRACT: Oral diseases are among the most prevalent diseases worldwide and can reduce the quality of life of those affected. Dental caries is the most common oral disease in childhood and when left untreated it can lead to very serious consequences. Research aimed at assessing risk factors, prevention, control and treatment of this disease in childhood is still necessary. The objective of this study was to evaluate whether sociodemographic, prenatal, perinatal, postnatal and behavioral factors of the mother/baby binomial influence the oral health conditions of children in the first year of life. Additionally, we sought to verify the impact of a teleorientation program developed and conducted with pregnant women/mothers during the COVID-19 pandemic. This is a cohort study with a convenience sample, consisting of 79 pregnant women registered at the Municipal Health Department of Maringá - PR. Three questionnaires were applied (sociodemographic, knowledge and practices in oral health), one in each of the periods: pre-, peri- and postnatal. After this stage, an initial consultation was scheduled to carry out the oral evaluation of the children, using the ceo-d, CAST and OHI indices. 44 children attended the clinical consultation. The teleorientation program involved sending messages and videos via WhatsApp about oral health care during pregnancy and the baby's first year of life. The prevalence of caries was very low, with dmft and CAST índices equal to 0.14 ± 0.91. There was no association between caries and the risk factors evaluated. Most children had good oral hygiene (81%), with a plaque index of 0.32±0.67. Lower presence of plaque in children was registered among mothers with partners (p= 0.034), and in children who brushed 3 times or more a day (p=0.034). There was an association between the child's eating habits and the sociodemographic characteristics of the mothers. The habit of eating between meals of mothers was associated with the same habit of children (p=0.042). Previous dietary guidelines received by mothers were associated with the behavior of children not eating between meals (p=0.050). The findings of this study suggest that the program developed via the messaging application had a positive effect on maternal care for the oral health of their children, as the prevalence of caries was very low. In addition, they demonstrated that the presence or not of plaque in children was associated with sociodemographic factors, knowledge and maternal behavior.