Avaliação comparativa dos efeitos de clareadores com ph ácido e básico sobre o esmalte e a dentina e sua ação clareadora nas técnicas interna e externa

Abstract

RESUMO: Objetivo: Avaliar comparativamente a ação clareadora entre géis contendo o peróxido de hidrogênio com pH ácido e com pH básico, aplicados nas técnicas interna e externa, e os efeitos sobre o esmalte e a dentina in vitro. Material e métodos: Para a avaliação do efeito clareador (CIELab), 40 incisivos bovinos escurecidos artificialmente foram divididos aleatoriamente em 4 grupos (n=10): aplicação do clareador na superfície vestibular, HPE - HP Blue 35% (FGM), pH básico; PBE - Potenza Bianco 38% (PHS), pH ácido; aplicação do clareador na câmara pulpar, HPI - clareador com pH básico e PBI - clareador com pH ácido. A microdureza (n=20), rugosidade (n=20), desmineralização do esmalte (FT Raman, n=15) e a topografia da superfície (MEV, n=1) foram avaliadas em blocos de esmalte/dentina de dentes bovinos antes, imediatamente após o clareamento (T0) e sete dias após imersão em saliva (T7). O perfil de difusão dos clareadores (escaneamento transversal Raman, n=2) foi avaliado imediatamente após a aplicação dos agentes clareadores por até 30 minutos. A curva de decaimento do pH (n=10) foi mensurada a cada 30 segundos até o término do tempo de aplicação de cada produto. Para os dados de desmineralização utilizou-se a análise de Componentes Principais (PCA). Os dados de colorimetria, microdureza, rugosidade e pH foram submetidos à análise de variância a dois critérios para medidas repetidas. Para a comparação entre as curvas de decaimento do pH dos géis clareadores foi utilizado o teste de Wilcoxon pareado. Foi considerado um nível de significância de 5%. Foi realizada uma análise descritiva a partir das imagens obtidas pelo MEV. Resultados: Não houve diferença significativa (p=0,999) na variação de cor ?Eab (NBS 5 e NBS 6) após o clareamento interno (PBI e HPI) e externo (PBE e HPE). A análise físico-química mostrou uma redução significativa em função do tempo na taxa de matriz mineral nos dois grupos (PBE e HPE) imediatamente após o clareamento (p<0,001) e após 7 dias (p=0,001) em comparação ao grupo controle, embora não tenha sido observada diferença significativa entre os géis clareadores (p=0,071). Quanto à microdureza, não houve diferença significativa entre os grupos PBE e HPE (p=0,955), nos tempos T0 e T7 (p=0,322) e nas interações (p=0,550). Houve um aumento significativo da rugosidade nos grupos PBE e HPE (p<0,001) em função dos tempos de análise comparados aos valores iniciais (p<0,001). A análise microscópica demonstrou um aumento de porosidade após o clareamento em ambos os grupos, com sinais de redução da porosidade após 7 dias de imersão em saliva. Houve diferença significativa (p<0,01) entre os géis clareadores quando comparados entre si para cada intervalo de tempo (T0 e T7), sendo o gel com pH ácido o que promoveu maior rugosidade do esmalte. Houve diminuição significativa no pH em relação ao tempo nos dois grupos (PBE, p=0,005 e HPE, p=0,002), sendo a taxa de decaimento maior para o HPE. A varredura transversal Raman demonstrou que os clareadores atravessaram a camada de esmalte, apresentaram uma concentração aumentada na junção amelo-dentinária, e evidenciaram perfil de difusão decrescente ao longo da dentina. O clareador com pH básico mostrou maior capacidade de difusão na dentina. Conclusão: Não houve diferença entre os géis clareadores com pH ácido e básico quanto a ação clareadora, a capacidade de promover desmineralização superficial e a microdureza do esmalte. Entretanto, o gel com pH ácido promoveu um maior aumento da rugosidade do esmalte comparado ao gel com pH básico e o tempo de 7 dias de imersão em saliva não foi suficiente para restabelecer os valores de rugosidade inicial nos dois géis estudados. O gel com pH básico apresentou maior taxa de decaimento no pH em relação ao tempo e maior capacidade de difusão na dentina.