O metaverso pela perspectiva do existencialismo de Jean-Paul Sartre

Abstract

RESUMO: A presente dissertação buscou compreender o Metaverso pela ótica do existencialismo de Jean-Paul Sartre e analisar a relação dialética entre liberdade e facticidade no ambiente virtual. A pesquisa é de cunho teórico-conceitual e investigativa, fundamentada em produções científicas e outras que abordam a temática. O método é inspirado no pensamento dialético proposto por Sartre, que compreende a relação dialética entre subjetividade e objetividade, singular e universal. A pesquisa apresentou na primeira parte o resultado da investigação sobre como ocorreu a evolução tecnológica do ciberespaço, portanto, este espaço como base estrutural para o Metaverso. Na segunda parte, buscou-se entender as tecnologias que viabilizam novos modos de interação e de experiências imersivas que poderão constituir o Metaverso. O terceiro capítulo utilizou a narrativa ficcional para expor o caráter ambíguo do Metaverso, o que revelou como a promessa de liberdade plena oculta limitações impostas pelo campo material e por interesses econômicos e políticos. No quarto capítulo, também por meio da narrativa ficcional, propôs-se uma análise dialética entre os conceitos de liberdade e a facticidade, para explorar como as experiências humanas no Metaverso poderão ser condicionadas por estruturas sociais e materiais, e sobre a importância de práxis grupais para a superação dessas determinações. O Metaverso se apresenta como um projeto ainda em construção, cuja materialização futura, mesmo que virtual, carregará as contradições humanas, visto que, enquanto humano, toda tentativa de superar seus limites, recriará suas próprias amarras. Nesse espaço digital, sob a promessa de liberdade de expressão dissimula-se os agentes de controle. O que se revela, portanto, é um mecanismo sutil de dominação que sob o discurso libertário, perpetuam-se interesses corporativos e fomenta-se o individualismo. As tecnologias que sustentam o Metaverso expõem assim um dilema: a busca por emancipação absoluta esbarra nas restrições impostas pelas próprias condições históricas e materiais que condicionam a humanidade. Eis o paradoxo humano: ser simultaneamente arquiteto e refém da história que ele mesmo constrói.

ABSTRACT: The present dissertation set out to understand the Metaverse through the lens of Jean-Paul Sartre’s existentialism and analyze the dialectical relationship between freedom and facticity in the virtual realm. This study is both theoretical-conceptual and investigative, grounded in scholarly and other relevant works on the subject. Its methodology draws inspiration from Sartre’s dialectical approach, which examines the interrelationship between subjectivity and objectivity, the singular and the universal. The first part presents the findings of the investigation into the technological evolution of cyberspace, which forms the structural foundation of the Metaverse. The second part seeks to understand the Metaverse and technologies such as extended reality, avatars and artificial intelligence, which enable new modes of interaction and immersive experiences. The third chapter employs fictional narrative to highlight the ambiguous nature of the Metaverse, revealing how the promise of complete freedom conceals limitation imposed by the material field and by economic and political interests. In the fourth chapter, also utilizing fictional narrative, a dialectical analysis between the concepts of freedom and facticity was proposed. This analysis explored how human experiences within the Metaverse might be conditioned by social and material structures, and it underlined the importance of collective praxis to overcome these determinations. The Metaverse presents itself as a project still under construction, whose eventual materialization, even if virtual, will carry human contradictions, since every attempt by humans to overcome their limits will invariably recreate their own bonds. Within this digital space, under the promise of freedom of expression, the controllers are subtly concealed. What emerges, therefore, is a subtle mechanism of domination that, under the guise of libertarian discourse, perpetuates corporate interests and fosters individualism. The very technologies underpinning the Metaverse thus expose a dilemma: the pursuit of absolute emancipation collides with the restrictions imposed by the historical and material conditions that shape humanity. This is the human paradox: to be simultaneously the architect and the captive of the history one builds.