Percepção de acadêmicos de odontologia e cirurgiões-dentistas sobre a violência contra a mulher : uma análise piloto para um modelo de notificação informatizada

Abstract

RESUMO: Introdução: A violência de gênero é um grande problema de saúde pública e de violação dos direitos humanos, acomete em maior número as mulheres, que sentem vergonha, medo e outros sentimentos que limitam a sua identificação. Elas estão presentes nos sistemas de saúde e em sua maioria não são identificadas e notificadas pelos profissionais. Justificativa:O atendimento clínico odontológico devido ao caráter individual permite ao odontólogo observar o comportamento e sinais físicos, ou não, decorrentes da violência e assim notificar esses casos. Objetivo: Avaliar o conhecimento e percepções dos profissionais e estudantes da odontologia sobre a violência física contra mulheres, e testar modelo eletrônico de notificação. Metodologia: Foram incluídos cirurgiões-dentistas que atuavam no atendimento clínico e alunos de 4o. e 5o. anos de odontologia de uma IES pública e uma privada; sem distinção de sexo ou idade. Para avaliar o conhecimento sobre violência contra mulher o estudo foi conduzido de acordo com as diretrizes STROBE com três grupos: CD (Dentistas, n=33); IPU (Estudantes de Odontologia IES pública, n=36) e IPR (Estudantes de Odontologia IES privada, n=27). A avaliação e testagem se deu por meio de questionário estruturado, utilizando a plataforma do Google Formulário. Foram considerados critérios de exclusão alunos que não são regularmente matriculados nas IES convidadas, menores de 18 anos e profissionais que atuem fora do Brasil. Os dados foram coletados de 24 e 25 de julho de 2024 e avaliados por meio de TesteExato de Fischer e com nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%. Resultados: Os dentistas e acadêmicos de odontologia demonstraram percepção e conhecimento sobre VCM abaixo de 50%, as questões com maior número de acertos global e nos grupos IPU, IPR e CD avaliaram os conhecimentos sobre a notificação compulsória.a questão com os menoresacertos de forma global e intragrupos avaliou os sinais e sintomas de lesão física na face.A avaliação entre os sexos, demonstrou que as mulheres(acadêmicas), os homens(dentistas) demonstraram maior conhecimento e percepção sobre VCM do que os homens (acadêmicos) e as mulheres(dentistas) e 83,5% dos cirurgiões dentistas e acadêmicos tem dúvida ou se declarou incapaz de preencher a ficha de notificação.Conclusão: Dentistas e acadêmicos de odontologia demonstraram percepção e conhecimento sobre VCM abaixo de 50%, com maior conhecimento sobre notificação e menor reconhecimento de sinais e sintomas da VCM.As mulheres(acadêmicas) e os homens(dentistas) demonstraram maior conhecimento e percepção do que os homens (acadêmicos) e as mulheres(dentistas) e, 83,5% dos cirurgiões dentistas e acadêmicos tem dúvida ou se declarou incapaz de preencher a ficha de notificação.Sugestão: O baixo reconhecimento e percepção deste fenômeno pelo acadêmico de odontologia e cirurgião-dentista requer das universidades e outros setores de educação a melhoria das medidas educativas que provoquem desconstrução dos estereótipos de gênero tradicionais, treinamento para identificação e encaminhamento e implementar um modelo de notificação complementar ou substituição do modelo vigente.

ABSTRACT: Introduction: Gender violence is a major public health problem and human rights violation, affecting women in greater numbers, who feel shame, fear and other feelings that limit their identification. They are present in health systems, and most are not identified and notified by professionals.Justification: Clinical dental care, due to its individual character, allows the dentist to observe the behavior and physical signs, or not, resulting from violence and thus notify these cases.Objective: To evaluate the knowledge and perceptions of dental professionals and students about physical violence against women.Methodology: Dental surgeons who worked in clinical care and 4th grade students were included. and 5th. years of dentistry from a public and a private HEI; without distinction of sex or age. To assess knowledge about violence Against women, the study was conducted according to STROBE guidelines with three groups: CD (Dentists, n=33); IPU (Public IES Dentistry Students, n=36) and IPR (Private IES Dentistry Students, n=27). The evaluation and testing took place through a structured questionnaire, using the Google Form platform. Exclusion criteria were considered for students who are not regularly enrolled in the invited HEIs, under 18 years of age, and professionals who work outside Brazil. Data were collected from July 24 to 25, 2024 and evaluated using Fischer's Exact Test and with a significance level of 5% and a confidence interval of 95%.Results: Dentists and dental students demonstrated perception and knowledge about VAW below 50%, the questions with the highest number of correct answers overall and in the IPU, IPR and CD groups they evaluated their knowledge about compulsory notification. The question with the lowest correct answers globally and within groups evaluated the signs and symptoms of physical injury to the face. The evaluation between the sexes showed that women (academics), men (dentists) demonstrated greater knowledge and perception about VAW than men (academics) and women (dentists) and 83.5% of dental surgeons and academics have doubts or declared themselves unable to fill out the notification form.Conclusion: Dentists and dental students demonstrated perception and knowledge about MCV below 50%, with greater knowledge about notification and less recognition of signs and symptoms of MCV. Women (students) and men (dentists) demonstrated greater knowledge and perception than men (students) and women (dentists), and 83.5% of dental surgeons and students have doubts or declared themselves unable to fill out the notification form. Suggestion: The low recognition and perception of this phenomenon by dental students and dental surgeons requires universities and other education sectors to improve educational measures that deconstruct traditional gender stereotypes, training for identification and referral, and implement a complementary notification model or replacement of the current model.