Influência do isolamento social em decorrência da pandemia de COVID-19 na violência contra a mulher segundo dados da polícia científica do Paraná - unidade de execução técnico-científica de Maringá

Abstract

RESUMO: A violência física contra a mulher é caracterizada como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal. Diversos trabalhos reportaram o impacto negativo do isolamento social, na violência contra a mulher. Considerando a importância de pesquisas continuadas sobre o tema, o objetivo geral desta pesquisa foi avaliar o fenômeno da violência contra a mulher segundo dados da Unidade de Execução Técnico-Científica (UETC) de Maringá, registrados antes e durante a pandemia de covid-19. A amostra foi constituída de 3.114 laudos, todos relatando violência física contra mulher no período de 1° de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2021, considerados períodos pré-pandemia e pandemia. Foram estabelecidas como variáveis de perfil a idade, a cor da pele e o estado civil das vítimas. Já as variáveis aplicadas consideraram a forma da lesão, o instrumento ou meio lesivo, o vínculo da vítima com o agressor, o local da agressão e a localização da lesão no corpo. Os dados foram tratados estatisticamente pelos softwares EPI Info 3.5.1 e Bioestat 5.0 e apresentados de forma descritiva e analítica. Os resultados demonstraram que os casos documentados de violência contra a mulher durante o período da pandemia foram menos prevalentes quando comparados a um período equivalente no momento pré-pandemia. A região de cabeça e pescoço foi acometida em mais de 50% dos casos em ambos os períodos. Com relação às variáveis de perfil, houve associação quanto ao momento em todas as variáveis estudadas. No período pré-pandemia, houve maior prevalência de lesões por arma branca em mulheres pardas, na faixa etária de 21-60 anos; maior acometimento de cabeça e pescoço na faixa etária de 11-60 anos; ocorrência de agressão em outros ambientes que não a via pública e a residência na faixa etária de 0-10 anos e mulheres com parceiro agredidas por pessoa desconhecida. No período da pandemia, houve maior prevalência de agressão em outros ambientes e em via pública para crianças e adolescentes e agressor desconhecido para vítimas sem estado civil informado. Foi possível concluir que o isolamento social influenciou na dinâmica de lesões corporais em vítimas do sexo feminino atendidas na UETC de Maringá.

ABSTRACT: Physical violence against women is characterized as any conduct that offends their physical integrity or health. Several researches have reported the negative impact of social isolation on the issue of violence against women. Considering the importance of continued researches in relation to violence against women and the impact of the pandemic, the aim of this research was to evaluate violence against women according to Paraná Scientific Police data, in Maringá, recorded before and during covid-19 pandemic. Sample was consisted by 3.114 reports of physical violence against women issued in the period from January 1st, 2018 to December 31st, 2021, considered pre-pandemic and pandemic periods. Age group, skin color and marital status were established as "profile variables". The "applied variables" considered injuries nature, instrument or injurious means, victim's relatioship with the aggressor, the place where violence happened and injury location in the body. Data were treated statistically using EPI Info 3.5.1 and Bioestat 5.0 softwares and presented in a descriptive and analytical way. The results showed that violence against women documented cases during pandemic were less prevalent when compared to an equivalent period of time in the pre-pandemic moment. Head and neck injuries were found in more than 50% of cases in both periods. In relation to profile variables, there was an association with the moment in all variables. During pre-pandemic period, there was a higher prevalence of cutting wounds in brown women, aged 21-60 years; more head and neck injuries in the 11-60 aged group; occurrence of aggression in other places in 0-10 aged group and women with partners phisically assaulted by unknown person. During the pandemic, there was a higher prevalence of aggression in other places and on public highway for children and teenagers and unknown aggressor for victims without informed marital status. It was possible to conclude that social isolation influenced the dynamics of bodily injuries in females assisted in Maringá.