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Autor(es): Abreu, Adriane Erbs de
Orientador: Zaniani, Ednéia José Martins
Título: A produção sócio-histórica do sofrimento psíquico : reflexões sobre infância e adolescência no capitalismo tardio
Banca: Tuleski, Silvana Calvo, 1967-
Banca: Bellenzani, Renata
Palavras-chave: Saúde mental - Infância;Saúde mental - Adolescência;Sofrimento psíquico;Capitalismo;Psicologia sócio-histórica
Data do documento: 2025
Editor: Universidade Estadual de Maringá
Citação: ABREU, Adriane Erbs de. A produção sócio-histórica do sofrimento psíquico: reflexões sobre infância e adolescência no capitalismo tardio. 2025. 118 f. Dissertação (mestrado em Psicologia) - Universidade Estadual de Maringá, 2025, Maringá, PR.
Abstract: RESUMO: A existência do sofrimento psíquico nem sempre foi reconhecida nos momentos mais precoces do desenvolvimento humano. Crianças e adolescentes são pouco citados nos processos de institucionalização da "loucura", sendo também tardia sua inclusão na agenda das políticas públicas em saúde mental. A historicidade revela que a saúde mental, enquanto campo de interesse e estudo, tem se modificado no compasso dos modos de estruturação e reestruturação das relações de produção societárias. Por outro lado, a qualidade das expressões de sofrimento tem sido convencionada sob os moldes descritivos e nosológicos, com diagnósticos sintomatológicos e comportamentais, que ofuscam os processos que o determinam. Esta dissertação objetiva avançar na compreensão da gênese social do sofrimento psíquico na infância e adolescência, ante um cenário que privilegia as explicações médico-psiquiátricas e biologistas, que reduzem o adoecer/sofrer ao âmbito individual, produzido em si mesmo, enquanto "distúrbios" ou "anormalidades". Sob os constructos da Psicologia Sócio-Histórica, do Materialismo Histórico Dialético e traçando interlocuções com a Teoria da Determinação Social do Processo Saúde-Doença, pretende desvelar contradições presentes no capitalismo tardio e como este modo de produção/reprodução da vida social se expressa na construção do sofrimento psíquico vivido ou imputado à crianças e adolescentes na contemporaneidade. Nessa toada, esta pesquisa, qualitativa e exploratória, entrevistou 04 trabalhadores da Psicologia e 04 da Medicina que atuam ou atuaram em serviços públicos e particulares, lidando com queixas e demandas de Saúde Mental que envolvem a população infantojuvenil. A metodologia dos Núcleos de Significação compôs a análise dos materiais produzidos. Para compreender a realidade objetiva de cada profissional da saúde e suas impressões sobre a atuação com o público infantojuvenil, temos como Núcleo 1: Dimensão subjetiva-objetiva do campo da Saúde Mental Infantojuvenil; e para desvelar a gênese da produção do sofrimento psíquico infantojuvenil, temos o Núcleo 2: A concepção de sofrimento psíquico e o manejo de suas expressões. Por fim, realizamos uma síntese desses núcleos, acrescentando possibilidades de enfrentamento. A análise permitiu a articulação entre as expressões de sofrimento, sob a realidade subjetiva-objetiva da saúde pública e particular brasileira, elucidando as contradições do modo de produção capitalista que determinam seu desenvolvimento e o curso dos tratamentos. Concluímos que para apreender o que está para além da aparência do fenômeno nomeado como sofrimento psíquico, é necessário retornar às raízes da questão social e reconhecer suas múltiplas sequelas. Sua gênese não é individual, nem natural, mas emerge de um sistema que eleva sua riqueza sem diminuir sua miséria, expressando a precariedade das condições de trabalho pela via da degradação física e mental, corroendo as relações afetivas e comunitárias, fragilizando a capacidade protetiva sociofamiliar, desumanizando e alimentando formas de sofrer com qualidades e intensidades distintas. Esperamos com esse trabalho contribuir para a ampliação da consciência coletiva sobre as determinações que nos condicionam, na produção da vida e do adoecimento/sofrimento - que não poupam, sequer, a infância e a adolescência
ABSTRACT: The existence of psychic suffering has not always been recognized in the earliest moments of human development. Children and adolescents are scarcely cited in the processes of institutionalization of 'madness' and are also late to be included in the agenda of public mental health policies. Historicity reveals that mental health, as a field of interest and study, has been modified by the rhythm of the types of structure and restructure of societal production relations. On the other hand, the quality of the expressions of suffering has been conventionalized under descriptive and nosological models, with symptomatic and behavioral diagnoses that obscure the processes that determine it. This dissertation aims to advance the comprehension of the social genesis of psychic suffering in childhood and adolescence in the face of a scene that privileges medical-psychiatric and biologicist explanations, reducing sickness/suffering to an individual ambit, produced in itself, as 'disorders' or 'abnormalities'. Under the constructs of Social-Historical Psychology, Dialectical-Historical Materialism, and tracing interlocutions with the Theory of Social Determination of the Health-Sickness Process, this work intends to unveil the contradictions present in late capitalism and how this mode of production/reproduction of social life expresses itself in the construction of psychic suffering experienced or attributed to children and adolescents in contemporaneity. Along these lines, this qualitative and exploratory research interviewed four workers of Psychology and four workers of Medicine who have acted in public and private services dealing with Mental Health complaints and demands involving child and youth populations. The Meaning Core methodology formed the analysis of the produced materials. To comprehend each mental health professional's objective reality and their impressions about practice with children and youth, we have Core 1: The Objective-Subjective Dimension of the Field of Children and Youth Mental Health; and to unveil the genesis of the production of psychic suffering in children and adolescents, we have Core 2: Between the Psychic Suffering Mental Health Conception and the Management of Its Expressions. Finally, we performed a synthesis of these cores, adding possibilities of confrontation. The analysis made it possible to articulate the expressions of suffering, under Brazil's objective-subjective reality of public and private health, and the contradictions of the capitalist mode of production that determine its development and the course of the treatments. We conclude that, to understand what lies beyond the appearance of the phenomenon called psychic suffering, it is necessary to return to the roots of the social question and recognize its multiple consequences. Its genesis is neither individual nor natural but emerges from a system that elevates its wealth without reducing its misery, expressing the precarity of work conditions through physical and mental degradation, eroding affective and communal relations, weakening the socio-familial protective capacity, dehumanizing and feeding modes of suffering with distinctive qualities and intensities. We hope that this work contributes to the expansion of collective consciousness about the determinations that condition us in the production of life and sickness/suffering-which spare not even childhood and adolescence
Descrição: Orientador: Prof.ª Dr.ª Ednéia José Martins Zaniani
Dissertação (mestrado em Psicologia) - Universidade Estadual de Maringá, 2025
URI: http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/9210
Aparece nas coleções:2.6 Dissertação - Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH)

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