Traumatismos dentários na primeira infância e suas consequências em dentes decíduos e permanentes

Abstract

Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os traumatismos dentários na infância e associá-los com as complicações clínicas e radiográficas nos dentes decíduos e permanentes. Trata-se de um estudo clínico longitudinal prospectivo, com pacientes atendidos no setor de urgência odontológica da UEM, com histórico de traumatismo dentário em dentes decíduos (n=507 dentes). Destes, 379 passaram por uma avaliação clínica e radiográfica (t1); 199 por pelo menos duas avaliações (t2), e 127 fizeram todo o acompanhamento e receberam alta. O gênero masculino foi o mais afetado pelos traumatismos dentários, na idade menor ou igual a 3 anos, sendo a queda da própria altura o principal fator etiológico, a luxação lateral o tipo de injúria mais prevalente ao tecido de suporte e a fratura de esmalte ao tecido dentário. Decorridos uma média de 12 meses foi realizado a primeira avaliação, a qual mostrou associação significante entre complicações em dentes decíduos (sinais clínicos) com tipo de injúrias aos tecidos dentários (0,03) e idade no momento do traumatismo dentário (0,00); a segunda avaliação foi realizada em uma média de 39 meses e não apontou associações significantes pela queda expressiva do número da amostra inicial. Dos pacientes que realizaram todo protocolo de avaliação até a erupção do dente permanente foi obtido associação significante entre necessidade de intervenção clínica e tipo de injúria (0,01) e entre complicações em dentes permanentes (sinais clínicos) com necessidade de intervenção clínica no momento do traumatismo dentário (0,05) e tratamento conduzido no momento do traumatismo dentário (0,03). Conclui-se que todo tipo de traumatismo possui potencial de desenvolver complicações, sendo que, quando há a necessidade de intervenção clínica no momento de traumatismo há associação com a complicação clínica no dente permanente e a idade no momento do traumatismo pode interferir no desenvolvimento de complicações nos dentes decíduos.

Objectives: The aim of this study was to evaluate dental traumatisms in first infancy childhood and to associate them with clinical and radiographic complications in primary and permanent teeth. This is a prospective longitudinal clinical study, with patients seen in the emergency department of UEM, with a history of dental trauma in primary teeth (n=507 teeth). Of these, 379 underwent a clinical and radiographic evaluation (t1); 199 for at least two assessments (t2), and 127 underwent all follow-up and were discharged. The male gender was the most affected by dental trauma, aged less than or equal to 3 years, with falls from height being the main etiological factor, lateral dislocation the most prevalent type of injury to the supporting tissue and fracture of enamel to the dental tissue. After an average of 12 months, the first evaluation was carried out, which showed a significant association between complications in primary teeth (clinical signs) with injuries to dental tissues (0.03) and age at the time of dental trauma (0.00); the second evaluation was carried out in an average of 39 months and did not show significant associations due to the significant drop in the number of the initial sample. From the patients who performed the entire evaluation protocol until the eruption of the permanent tooth, a significant association was obtained between the need for clinical intervention and type of injury (0.01) and between complications in permanent teeth (clinical signs) with the need for clinical intervention at the time of dental trauma (0.05) and treatment conducted at the time of dental trauma (0.03). It is concluded that all types of trauma have the potential to develop complications, and when there is a need for clinical intervention at the time of trauma, there is an association with the clinical complication in the permanent tooth and age at the time of the trauma can interfere with the development of complications in primary teeth.