Use este identificador para citar ou linkar para este item:
http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/9409| Autor(es): | Fidelis, Thiago |
| Orientador: | Bertonha, João Fábio, 1968- |
| Título: | A crise impressa : o governo João Goulart pelas páginas do jornal última hora (1961-1964) |
| Palavras-chave: | Ultima Hora (Jornal);Cultura política;Goulart, João, 1918-1976;Brasil - História - Golpe civil-militar, 1964 |
| Data do documento: | 2025 |
| Abstract: | RESUMO: Esta tese tem como principal objetivo analisar como o jornal Ultima Hora (UH) retratou e construiu, em suas páginas, fatos e acontecimentos relacionados ao mandato presidencial de João Goulart (1961-1964), popularmente conhecido como Jango e que foi deposto por um golpe de Estado organizado por grupos civis e militares. A justificativa para a pesquisa vem da necessidade de se pensar em um contraponto, uma vez que grande parte das pesquisas sobre a relação entre imprensa e golpe de 1964 é voltada aos jornais de maior circulação do país, que eram abertamente a favor desse ato e, além de apoiarem diretamente as ações dos grupos por detrás desse movimento, participaram diretamente das tramas que culminaram com o fim da democracia no país. O UH, que fazia parte do quadro de periódicos com maior tiragem do Brasil, não seguiu esse roteiro: a publicação, fundada em 1951 por Samuel Wainer, tinha como principal pressuposto político garantir, no campo da imprensa, um espaço favorável para a divulgação e criação de notícias e fatos positivos para Getúlio Vargas, então presidente que contava com a ojeriza da imprensa em geral, sobretudo, por conta de suas ações enquanto ditador durante o Estado Novo (1937-1945). Embora o UH não fosse dedicado somente à política ou à defesa de Vargas, esse aspecto era uma parte fundamental do jornal, que manteve essa perspectiva após o suicídio do mandatário e que é o principal aspecto para compreender seu apoio ao governo Jango, uma vez que esse havia sido apontado, pelo próprio Vargas, como seu "herdeiro político." O principal conceito adotado para a análise desse contexto foi o de cultura política, termo criado pelos cientistas sociais Gabriel Almond e Sidney Verba, sendo ressignificado pela historiografia francesa e muito utilizado nas análises no Brasil, tendo como pauta que não é somente aspectos ligados à política que definem a ideologia ou a atuação de um determinado grupo: perspectivas de outras ordens, campos e estruturas distintas, influenciam e direcionam inúmeros pontos dentro de uma cultura política, trazendo questões hierárquicas e bases de diferenciação em um mesmo lado. Olhando para um aspecto mais longo em perspectiva temporal, partiu-se do princípio, na tese, que o golpe civil- militar de 1964 é o encerramento de um ciclo iniciado em 1930, com mudanças propostas no país a partir da ascensão de grupos da sociedade civil ao poder, tendo como nome de destaque o político gaúcho Getúlio Vargas. Dentro dessa temporalidade, foram pensados cinco tipos de culturas políticas centrais no país: liberal-autoritária, militar, católica, comunista e trabalhista, sendo que o UH estava inserido neste último tipo. Longe de delimitar uma lógica linear e definitiva sobre o tema, a ideia foi direcionar, de maneira mais propositiva, as disputas cadentes no período, concluindo que o golpe foi uma movimentação das culturas políticas liberal-autoritária, militar e católica contra as trabalhista e comunista, ainda que com variáveis e exceções bastante marcantes ao longo desse processo. Por fim, a tese buscou trazer, como principal contribuição, a conclusão de que o UH foi parte atuante de uma estratégia da cultura política trabalhista em fortalecer a imagem do governo Jango, colocando-o como um grande estadista e que todas as suas ações pautavam-se na ideia de tornar o Brasil um país mais desenvolvido economicamente e menos desigual socialmente, o que causava incômodo aos oposicionistas que não vislumbravam (e não queriam) um país diferente. ABSTRACT: The main objective of this thesis is to analyze how the newspaper Ultima Hora (UH) portrayed and constructed, in its pages, facts and events related to the presidential term of João Goulart (1961-1964), popularly known as Jango, who was deposed by a coup d'état organized by civilian and military groups. The justification for the research comes from the need to think of a counterpoint, since much of the research on the relationship between the press and the 1964 coup focuses on the country's largest circulation newspapers, which were openly in favor of this act and, in addition to directly supporting the actions of the groups behind this movement, directly participated in the plots that culminated in the end of democracy in the country. UH, which was one of the newspapers with the largest circulation in Brazil, did not follow this script: the publication, founded in 1951 by Samuel Wainer, had as its main political premise to guarantee, in the press, a favorable space for the dissemination and creation of news and positive facts for Getúlio Vargas, then president who had the dislike of the press in general, especially because of his actions as dictator during the Estado Novo (1937-1945). Although UH was not dedicated solely to politics or to the defense of Vargas, this aspect was a fundamental part of the newspaper, which maintained this perspective after the president's suicide and which is the main aspect for understanding its support for the Jango government, since the latter had been appointed by Vargas himself as his "political heir". The main concept adapted for the analysis of this contexto was that of political culture a term created by social scientists Gabriel Almond and Sidney Verba, which was reinterpreted by French historiography and widely used in analyses in Brazil, with the aim that it is not Only aspects linked to politics that define the ideology or actions of a given group: perspectives from other orders, fields and distinct structures influence and direct numerous points within a political culture, even bringing up hierarchical issues and bases of differentiation on the same side. Looking at a longer aspect in temporal perspective, it was assumed, in the thesis, that the civil-military coup of 1964 is the end of a cycle that began in 1930, with changes proposed in the country from the rise of civil society groups to power, with the prominent name being the politician from Rio Grande do Sul Getúlio Vargas. Within this temporality, there were five types of political cultures were considered as central to the country: liberal-authoritarian, military, Catholic, communist and labor, with UH being included in the latter type. Far from delimiting a linear and definitive logic on the subject, the idea was to direct, in a more proactive manner, the disputes that were falling during the period, concluding that the coup was a movement of the liberal-authoritarian, military and Catholic political cultures Against the labor and communist ones, although with quite notable variables and exceptions throughout this process. Finally, the thesis sought to bring, as its main contribution, the conclusion that UH was an active part of a strategy of the labor political culture to strengthen the image of the Jango government, positioning him as a great statesman and that all his actions were based on the idea of making Brazil a more economically developed and less socially unequal country, which caused discomfort to the oppositionists who did not envision (and did not want) a different country. |
| Descrição: | Orientador: Prof. Dr. João Fábio Bertonha Tese (doutorado em História) - Universidade Estadual de Maringá, 2025. |
| URI: | http://repositorio.uem.br:8080/jspui/handle/1/9409 |
| Aparece nas coleções: | 3.6 Tese - Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) |
Arquivos associados a este item:
| Arquivo | Tamanho | Formato | |
|---|---|---|---|
| Thiago Fidelis_2025.pdf | 19,34 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.
