Fatores associados à adesão e não adesão ao tratamento com anlodipino e enalapril

Abstract

RESUMO: A adesão à medicação desempenha um papel central no manejo de doenças crônicas. Entretanto, a complexidade do perfil clínico pode comprometê-la. Compreender essa associação é fundamental para otimizar estratégias para aumentá-la. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a adesão ao anlodipino e ao enalapril, identificando preditores associados à adesão e à não adesão. Trata-se de um estudo transversal de 2021, com a inclusão de 1500 pacientes, de 18 a 100 anos, diagnosticados com hipertensão, em tratamento com o anlodipino ou enalapril. Utilizou-se um software para a coleta de dados dos prontuários eletrônicos e das dispensações desses medicamentos nas farmácias municipais de Arapongas. Foram excluídos deste estudo pacientes que tiveram menos de duas retiradas de medicação no ano ou que permaneceram seis meses ou mais sem retirá-la. A adesão à medicação foi mensurada por meio da Proporção de Dias Cobertos (PDC), considerando-se aderentes os pacientes com PDC ? 80%. Realizou-se uma análise descritiva da população e aplicou-se um modelo de regressão logística binária ajustado para avaliar a relação entre a adesão e os preditores. O estudo demonstrou baixa adesão ao anlodipino (39,3%) e ao enalapril (45,0%) entre pacientes hipertensos. A presença de doenças do sistema respiratório foi associada à menor adesão ao enalapril, enquanto o hipotireoidismo e as doenças neurológicas influenciaram negativamente a adesão ao anlodipino. Por outro lado, pacientes idosos apresentaram maior aderência ao tratamento. Esses achados reforçam a importância de estratégias individualizadas e de políticas públicas voltadas à melhoria da adesão medicamentosa, considerando o perfil clínico dos pacientes.

ABSTRACT: Medication adherence plays a central role in the management of chronic diseases. However, the complexity of a patient's clinical profile may compromise adherence. Understanding this association is essential to optimize strategies aimed at improving adherence. Therefore, the objective of this study was to assess adherence to amlodipine and enalapril, identifying predictors associated with adherence and non-adherence. This was a cross-sectional study conducted in 2021, including 1,500 patients aged 18 to 100 years, diagnosed with hypertension and undergoing treatment with either amlodipine or enalapril. A software program was used to collect data from electronic medical records and medication dispensing records from municipal pharmacies in Arapongas. Patients with fewer than two medication pickups during the year or who went six months or more without obtaining medication were excluded. Medication adherence was measured using the Proportion of Days Covered (PDC), with patients considered adherent if PDC ? 80%. A descriptive analysis of the population was conducted, followed by an adjusted binary logistic regression model to assess the relationship between adherence and its predictors. The study showed low adherence to amlodipine (39.3%) and enalapril (45.0%) among hypertensive patients. The presence of respiratory system diseases was associated with lower adherence to enalapril, while hypothyroidism and neurological diseases negatively influenced adherence to amlodipine. On the other hand, elderly patients showed greater adherence to treatment. These findings reinforce the importance of individualized strategies and public policies aimed at improving medication adherence, taking into account the clinical profile of patients.