Efeitos genotóxicos e citotóxicos do bio-óleo de babaçu (Atallea spp) em cultura de linfócitos bovinos para uso como repelente ao carrapato bovino

Abstract

RESUMO: A infestação de bovinos por diferentes espécies de carrapatos ocorre em todo o mundo sendo responsável por grandes prejuízos à produção de leite, carne e couro. Um dos mais importantes ectoparasitas bovinos para a bovinocultura brasileira e outras regiões tropicais e subtropicais é o Rhipicephalus microplus, cujo controle é feito por acaricidas químicos, porém alternativas sustentáveis têm sido propostas. Nesse sentido a utilização de bio-óleos extraídos de vegetais com ação repelente consiste numa alternativa promissora para controle biológico dos carrapatos. Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a genocitotoxicidade do bio-óleo de babaçu (Attalea spp) em cultura de linfócitos bovinos. Para tanto, foram utilizados os testes de aberrações cromossômicas e análise de Espécies Reativas de Oxigênio (ERO's) com o intuito de determinar parâmetros de segurança para a utilização do bioproduto como um repelente para carrapatos bovinos sem causar possíveis danos ao ambiente. Na cultura de linfócitos, para cada animal, foram realizados tratamentos em duplicata, sendo: uma cultura controle (livre de exposição), uma cultura com o tween 80 a 8% que é o diluente do bio-óleo, e 3 concentrações de bio-óleo (0,75%, 1% e 1,5%, todas com + 8% de Tween 80). Como resultados, o número diploide da espécie analisada (Bos taurus taurus), sexo feminino, é de 60 cromossomos, sendo 58 classificados como do tipo acrocêntricos e 2 cromossomos sexuais. Em relação às aberrações cromossômicas estruturais, foram observadas metáfases com translocações Robertsonianas, associações teloméricas, aneuploidias, quebras cromatídicas e cromossômicas, gap's, fragmentos acêntricos, cromossomos em formato de anel e cromossomos dicêntricos. Não houve diferença significativa entre os índices mitóticos dos grupos de cultura de linfócitos controle, com tween 80 e tratamento com bio-óleo a 0,75%. A análise das ERO's revelou que não houve diferença significativa entre os grupos controle e tratamentos com o bio-óleo sugerindo que este composto não resulta em alto nível de estresse oxidativo para os animais. Dessa forma, os dados obtidos permitem-nos concluir que a utilização do bio-óleo de babaçu como repelente deve ser avaliada quanto às concentrações de toxicidade testadas, 0,75%, 1% e 1,57%, devido a redução de células em divisão nas concentrações maiores e grande número de aberrações cromossômicas identificadas na concentração de bio-óleo a 0,75%.

ABSTRACT: Cattle infestation by different species of ticks occurs worldwide and is responsible for major losses in milk, meat and leather production. One of the most important bovine ectoparasites for Brazilian cattle farming and other tropical and subtropical regions is Rhipicephalus microplus, which is controlled by chemical acaricides, but sustainable alternatives have been proposed. In this sense, the use of bio-oils extracted from plants with repellent action is a promising alternative for biological control of ticks. Thus, the present study aimed to evaluate the genocytotoxicity of babassu bio-oil (Attalea spp) in bovine lymphocyte culture. For this purpose, chromosomal aberration tests and analyses of Reactive Oxygen Species (ROS) were used in order to determine safety parameters for the use of the bioproduct as a repellent for bovine ticks without causing possible damage to the environment. In the lymphocyte culture, treatments were performed in duplicate for each animal, as follows: a control culture (free from exposure), a culture with 8% Tween 80, which is the diluent for the bio-oil, and 3 concentrations of bio-oil (0.75%, 1% and 1.5%, all with + 8% Tween 80). As a result, the diploid number of the proven species (Bos taurus taurus), female, is 60 chromosomes, 58 of which are classified as acrocentric and 2 are sex chromosomes. Regarding structural chromosomal aberrations, metaphases with Robertsonian translocations, telomeric associations, aneuploidies, chromatid and chromosome breaks, gaps, acentric fragments, ring-shaped chromosomes and dicentric chromosomes were observed. There was no significant difference between the mitotic indices of the control lymphocyte culture groups, those treated with tween 80 and those treated with 0.75% bio-oil. An analysis of the EROs revealed that there was no significant difference between the control and bio-oil treatment groups, demonstrating that this compound does not result in high levels of oxidative stress for the animals. Thus, the data obtained allow us to conclude that the use of babassu bio-oil as a repellent should be evaluated in terms of the toxicity concentrations tested, 0.75%, 1% and 1.57%, due to the reduction in dividing cells in the higher concentrations and the large number of chromosomal aberrations identified in the 0.75% bio-oil concentration.