Efeitos da pandemia COVID-19 sobre o consumo de medicamentos para saúde mental em município de pequeno porte

Abstract

RESUMO: Introdução: A pandemia da COVID-19 impactou não apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico da população, elevando a incidência de transtornos mentais e, consequentemente, o consumo de medicamentos psicotrópicos. Situações de isolamento social, perdas econômicas e emocionais favoreceram o aumento da demanda por fármacos voltados à saúde mental, como antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos e antiepiléticos. Nesse cenário, compreender o comportamento do consumo e seus custos se torna essencial para a gestão da Assistência Farmacêutica em municípios de pequeno porte. Objetivo: Analisar os impactos da pandemia da COVID-19 sobre o consumo de medicamentos para saúde mental em pacientes atendidos pelo SUS em um município de pequeno porte. Métodos: trata-se de um estudo longitudinal, agregado e retrospectivo, realizado em Laranjeiras do Sul-PR, entre 01/11/2017 e 31/07/2024, utilizando dados de dispensação das farmácias municipais. Foram analisadas as classes farmacológicas, princípio ativo, número de unidades dispensadas, valor gasto e custo médio unitário, de forma descritiva, comparando-se os períodos pré-pandemia (nov/2017 a jan/2020), durante a pandemia (fev/2020 a abr/2022) e pós-pandemia (mai/2022 a jul/2024). Resultados: Os antidepressivos foram a classe de medicamentos mais consumida no município, Amitriptilina, Fluoxetina e Citalopram foram os medicamentos mais consumidos em unidades absolutas, enquanto Citalopram, Risperidona e Carbamazepina representaram os maiores gastos. Durante a pandemia, os ansiolíticos tiveram aumento de (+21,39%) em consumo, na comparação entre os períodos pré/durante a pandemia, a Clomipramina (+130,5%), Levomepromazina (+94,2%) e a Fenitoina (-16,4%) apresentara as maiores variações em unidades. Neste período, houve aumento no custo médio unitário dos insumos, apresentaram as maiores variações a Amitriptilina (+185%), Lítio (+135,5%) e a Fenitoína (-45,4%). No comparativo durante/após a pandemia as maiores variações em unidades foram para: Imipramina (+18,4%), Lítio (+17,5%) e Tioridazina (-67,7%). Após a pandemia, o consumo retornou a níveis semelhantes ou inferiores ao período prévio, mas os custos permaneceram elevados, sobretudo com antidepressivos e antiepiléticos. Aproximadamente 34,5% dos recursos foram destinados a medicamentos não padronizados pela RENAME. Conclui-se que a pandemia intensificou o consumo de medicamentos para saúde mental e elevou os custos da Assistência Farmacêutica, reforçando a necessidade de gestão eficiente, seleção de fármacos alinhada à RENAME e promoção do uso racional de medicamentos, com protagonismo do farmacêutico no cuidado em saúde mental.

ABSTRACT: Introduction: The COVID-19 pandemic affected not only physical health but also the psychological well-being of the population, increasing the incidence of mental disorders and, consequently, the consumption of psychotropic medications. Situations of social isolation, as well as economic and emotional losses, contributed to the growing demand for drugs aimed at mental health, such as antidepressants, anxiolytics, antipsychotics, and antiepileptics. In this context, understanding consumption behavior and its associated costs becomes essential for the management of Pharmaceutical Assistance in small municipalities. Objective: To analyze the impacts of the COVID-19 pandemic on the consumption of mental health medications among patients treated by the Brazilian Unified Health System (SUS) in a small municipality. Methods: This is a longitudinal, aggregated, and retrospective study conducted in Laranjeiras do Sul, Paraná, between November 1, 2017, and July 31, 2024, using dispensing data from municipal pharmacies. The study analyzed pharmacological classes, active ingredients, number of units dispensed, total expenditure, and average unit cost descriptively, comparing three periods: pre-pandemic (Nov/2017 to Jan/2020), during the pandemic (Feb/2020 to Apr/2022), and post-pandemic (May/2022 to Jul/2024). Results: Antidepressants were the most consumed drug class in the municipality. Amitriptyline, Fluoxetine, and Citalopram were the most dispensed medications in absolute units, while Citalopram, Risperidone, and Carbamazepine represented the highest expenditures. During the pandemic, anxiolytics showed a +21.39% increase in consumption when comparing the pre-pandemic and pandemic periods. The drugs with the greatest variations in units dispensed were Clomipramine (+130.5%), Levomepromazine (+94.2%), and Phenytoin (-16.4%). In the same period, the average unit cost of supplies increased, with the greatest variations observed for Amitriptyline (+185%), Lithium (+135.5%), and Phenytoin (-45.4%). Comparing the pandemic and post-pandemic periods, the largest variations in units were observed for Imipramine (+18.4%), Lithium (+17.5%), and Thioridazine (-67.7%). After the pandemic, consumption returned to levels similar to or lower than those prior to the pandemic, but costs remained high, especially for antidepressants and antiepileptics. Approximately 34.5% of the total resources were allocated to medications not standardized by RENAME. Conclusion: The pandemic intensified the consumption of mental health medications and increased the costs of Pharmaceutical Assistance, reinforcing the need for efficient management, drug selection aligned with RENAME, and the promotion of rational drug use, with pharmacists playing a key role in mental health care